Uma manifestação de estudantes universitários de Timor-Leste foi esta segunda-feira dispersa com gás lacrimogéneo pela polícia, depois de os estudantes começarem a atirar pedras contra o Parlamento.
Os estudantes manifestavam-se contra as regalias dos deputados do Parlamento nacional, incluindo contra a aprovação da compra de novas viaturas, num valor superior a três milhões de dólares.
O protesto ocorreu ao mesmo tempo que decorre no hemiciclo, a abertura da terceira sessão legislativa da sexta legislatura.
Presente no hemiciclo está o Presidente timorense, José Ramos Horta, bem como um grupo de eurodeputados que iniciou hoje uma visita ao país.
Os estudantes de várias universidades timorenses juntaram-se na Universidade Nacional Timor Lorosae, em frente ao parlamento nacional, às primeiras horas de manhã, em Dili, depois de a polícia timorense ter pedido para que o protesto fosse realizado em Tais Tolu, a cerca de seis quilómetros da capital timorense.
Os estudantes recusaram realizar o protesto nesse local.
“Não há solução. A manifestação vai continuar durante três dias”, gritava um estudante, acrescentando que não vão desmobilizar, mesmo que atirem gás lacrimogéneo.
Depois de afastado da frente do Parlamento, o grupo de estudantes em protesto voltou a juntar-se em frente ao estabelecimento de ensino universitário, onde o protesto continua.
Fretilin agradece a estudantes por protesto que cancelou compra de viaturas
O líder da bancada da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), Aniceto Guterres, agradeceu esta segunda-feira aos estudantes pelo protesto dirigido contra os deputados dos partidos do Governo, que levou ao cancelamento da compra de viaturas.
“Hoje, ainda sem ter passado um dia inteiro ou uma noite, a bancada do Governo já começou a mudar a sua posição. Isso é positivo, era o que a Fretilin esperava desde o início”, afirmou aos jornalistas o deputado da Fretilin, líder da oposição timorense.
Aniceto Guterres recordou que durante a discussão do Orçamento Geral do Estado para 2025, em novembro passado, a Fretilin apresentou uma proposta para retirar a verba destinada à compra de viaturas para os deputados, mas a bancada do Governo aprovou a medida.
“A posição da Fretilin sempre foi clara. Queríamos eliminar essa verba porque existem outras prioridades: o país tem outras necessidades e o povo enfrenta muitas carências que precisam de ser atendidas”, disse Aniceto Guterres.
O deputado reconheceu também que muitos parlamentares já usufruem de diversos privilégios e, por isso, não é necessário adquirir novas viaturas.
Aniceto Guterres lamentou também o incidente registado junto ao parlamento.
Os protestos dos estudantes timorenses que decorreram esta segunda-feira em frente ao parlamento, enquanto decorria a cerimónia solene de abertura da terceira sessão legislativa da sexta legislatura, foram dispersos pela polícia com gás lacrimogéneo e balas de borracha, após os manifestantes começarem a atirar pedras e outros objetos contra o edifício.
Os estudantes protestavam contra as regalias dos 65 deputados que compõem o hemiciclo, incluindo a aquisição de novas viaturas.
Às 16:00 de Timor-Leste (08:00 horas de Lisboa), os jovens continuavam o protesto.
Em conferência de imprensa, a líder da bancada parlamentar do Partido de Libertação Popular (PLP), na oposição, lamentou que os partidos que apoiam o Governo, Congresso da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT, liderado por Xanana Gusmão) e Partido Democrático (PD), só tenham decido cancelar a compra de viaturas depois da manifestação dos estudantes.
“A nossa posição, desde logo nas discussões do Orçamento Geral do Estado, foi a de cancelar a compra de viaturas para os deputados”, afirmou Angelina Sarmento.
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