Se há algo que faz parte do dia a dia dos portugueses, além do gosto pelo pastel de nata e pelo fado, é a tendência para a reclamação. Seja pelo trânsito caótico, pelo preço das rendas ou pelas filas intermináveis nos supermercados, ninguém escapa a um bom desabafo. Mas será que há cidades onde se reclama mais do que outras?
Um estudo recente da Preply, uma plataforma online de aprendizagem de idiomas, veio dar resposta a esta questão, identificando as localidades onde os habitantes mais manifestam insatisfação. Os resultados foram surpreendentes.
As cidades onde se reclama mais
De acordo com este levantamento, Almada, Queluz e Vila Nova de Gaia lideram a lista das cidades portuguesas onde se regista o maior número de reclamações. Os moradores destas zonas parecem dominar a arte de transformar qualquer situação num motivo de protesto.
Logo a seguir na classificação surgem Sintra e Braga, onde também há um elevado número de queixas. Mas o que estará na origem desta tendência? Para alguns, trata-se de uma característica cultural, enquanto outros acreditam que está relacionada com a qualidade de vida e o ritmo acelerado do quotidiano.
Por outro lado, e segundo o Tempo, nem todas as cidades apresentam o mesmo nível de lamúria. No final da tabela aparecem Barreiro, Agualva-Cacém e Coimbra, onde os habitantes parecem encarar os desafios diários com maior tranquilidade, ou talvez apenas prefiram guardar as suas queixas para conversas privadas.
Quais os temas que geram mais reclamações?
Os temas que mais geram reclamações em Portugal não são difíceis de adivinhar. O custo de vida, nomeadamente os preços elevados da habitação, está no topo das preocupações da população, especialmente entre os jovens que procuram um lar.
Além da habitação, os transportes públicos são outro motivo recorrente de reclamação. Atrasos, autocarros sobrelotados e serviços pouco eficientes são apontados como problemas frequentes, levando 32,5% dos inquiridos a manifestarem o seu desagrado.
As infraestruturas rodoviárias também não escapam à crítica. A falta de estacionamento, os buracos nas estradas e o trânsito intenso representam 30,4% das reclamações registadas no estudo. A experiência de conduzir em algumas cidades portuguesas pode ser frustrante para muitos condutores.
A saúde pública é mais uma área que gera grande descontentamento e uma das que traz consigo maior reclamação. Longas listas de espera para consultas e a falta de médicos de família são apontadas como grandes falhas do sistema, sendo este um problema sentido de norte a sul do país.
Curiosamente, nem todas as queixas dizem respeito a serviços ou infraestruturas. O estudo revelou que mais de 60% dos portugueses colocam os políticos no topo da lista de razões para desabafos frequentes, refletindo a insatisfação com a governação e a gestão do país.
As reclamações, no entanto, não se limitam à esfera pública. Familiares, amigos e até parceiros românticos também são alvo de frustrações, com muitas pessoas a admitir que as relações interpessoais podem ser desgastadas por desabafos excessivos.
Reclamar é prejudicial à saúde?
Há quem defenda que reclamar em demasia pode ter consequências negativas. Segundo o estudo, algumas pessoas chegaram mesmo a afastar-se de amigos por considerarem que estavam constantemente a ouvir lamentos e queixas.
Porém, é inegável que expressar descontentamento faz parte da natureza humana. Reclamar pode ser um mecanismo para aliviar o stress, encontrar soluções para problemas e exigir mudanças necessárias na sociedade.
O desafio está em encontrar um equilíbrio. Se, por um lado, é importante denunciar situações injustas, por outro, é essencial não deixar que a negatividade tome conta do estado de espírito. Afinal, nem tudo na vida merece uma reclamação. Em alguns casos, talvez valha mais a pena respirar fundo e seguir em frente, guardando a energia para aquilo que realmente importa.
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