Quem vem a Portugal ouve falar dos Pastéis de Belém, do bacalhau à brás, do marisco e do cozido à portuguesa, e deixa passar ‘despercebidos’ uns pequenos rebuçados que, apesar de terem nome estrangeiro, são produzidos no nosso país. Embora não tenham a popularidade de há alguns anos, nunca deixaram de ser vendidos por cá, tanto nos supermercados como nos cafés e nas bombas de gasolina, e continuam a aliviar a tosse dos portugueses.
A história da Dr. Bayard remonta à II Guerra Mundial, quando um merceeiro português e um médico francês que fugiu da guerra começaram uma amizade improvável. O merceeiro servia de guia turístico para o médico e a sua esposa, enquanto este último, por sua vez, dava aulas de francês ao merceeiro, Álvaro Matias.
Passou dificuldades financeiras e o amigo ajudou-o
Com a II Guerra Mundial ‘sem fim à vista’, o médico francês começou a passar algumas dificuldades financeiras e foi o merceeiro quem lhe começou a facilitar o acesso a bens de primeira necessidade, já que trabalhava num estabelecimento comercial.
Médico recompensou Álvaro Matias
Assim que o conflito armado terminou e a paz foi restabelecida, o médico francês não regressou a casa sem antes recompensar o seu amigo com uma lata com a receita dos “rebuçados peitorais” Dr. Bayard. Ao jornal Observador, o neto do merceeiro, Daniel Matias, sublinha que “a receita que estava na lata tinha os ingredientes mas não as quantidades, por isso foi preciso fazer várias experiências”.
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Receita nunca foi alterada
Sabe-se ainda que a receita “nunca foi alterada” até aos dias de hoje e que ao longo do tempo já tentaram localizar o Dr. Bayard e a família, embora sem sucesso. Em vez de serem embrulhados à mão como nos primeiros tempos, atualmente os rebuçados passaram a ser embrulhados por uma máquina a toda a velocidade e quase todo o processo se tornou mecanizado.
A produção chega a mais países
Com o tempo, a Dr. Bayard evoluiu, mas manteve sempre a essência dos seus fundadores. Hoje, a marca tem a garantia de continuidade na sua terceira geração, com a família Matias a manter viva a receita que atravessa gerações. Com uma produção que agora chega a todo o país e até ao estrangeiro, a empresa também se adapta às novas exigências, incluindo a criação de uma loja online.
Família continua a ‘cuidar’ da marca
Daniel Matias é o mais jovem da família a dirigir a comunicação da marca, juntamente com seu irmão André e o pai José António.
A dinâmica familiar continua a ser um pilar fundamental no funcionamento da empresa, que mantém as suas raízes e valores, mas com uma abordagem moderna. Eles são os ‘guardiões’ da tradição que Álvaro Matias iniciou em 1949.
Já há uma loja online
Para além de poder continuar a comprar os famosos “rebuçados peitorais” que prometem aliviar a tosse nas grandes superfícies, cafés e bombas de gasolina, pode também comprá-los online. Uma lata vintage ao estilo daquela que Álvaro Matias recebeu em 1949 custa 7,95 euros.
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