Um país europeu onde viviam mais de 8 mil cidadãos portugueses em 2022, segundo os censos nacionais, lançou um programa que prevê pagar até 84.000 euros a quem aceitar mudar-se para uma das suas ilhas.
A medida, anunciada pela Irlanda como parte da iniciativa governamental “Our Living Islands”, tem como objetivo revitalizar o quotidiano das 23 ilhas selecionadas, que enfrentam perda populacional e abandono habitacional.
Não é um subsídio direto para viver nas ilhas
Apesar de muitos meios de comunicação internacionais terem noticiado que o país ia pagar diretamente para que pessoas se instalem nas ilhas, o programa não prevê um pagamento livre de obrigações. A verba atribuída é exclusiva para reabilitar casas abandonadas ao abrigo do esquema “Croí Cónaithe”, explica o jornal The Irish Times.
Para se candidatar, o imóvel em questão tem de ter sido construído antes de 1993 e estar desocupado há pelo menos dois anos. Os valores variam entre 60.000 euros para casas devolutas e 84.000 euros para imóveis considerados em estado de ruína.
Residência obrigatória e limitações ao uso
O imóvel reabilitado tem de ser utilizado como residência principal do candidato, não sendo permitida a utilização para arrendamento turístico. Além disso, o programa não é um canal de imigração: apenas pessoas com residência legal na Irlanda podem candidatar-se.
A residência pode ser obtida, por exemplo, através do visto “Stamp 0”, direcionado a reformados com rendimento anual superior a 50.000 dólares, ou por descendência, no caso de filhos ou netos de cidadãos irlandeses.
Objetivo é preservar comunidades e património
Segundo o governo do país, as ilhas abrangidas são locais com população residente todo o ano, que não têm ligação por ponte ou caminho direto ao continente e que não se encontram em propriedade privada, refere o blog Travel + Leisure. Entre as ilhas incluídas estão Arranmore, Clare Island, Bere Island e Inis Mór.
O programa, com duração prevista de dez anos, inclui ainda medidas complementares para melhorar o acesso a serviços de saúde, educação, rede viária, ligação à internet de alta velocidade e promoção do teletrabalho.
Outros países também incentivam migrações internas
Além da Irlanda, outras regiões da Europa adotaram políticas semelhantes. Na Grécia, a ilha de Antikythera oferece 500 euros mensais durante três anos, além de casa e terreno para cultivo. Em Itália, vilas em regiões como a Sardenha e a Sicília disponibilizam casas por apenas 1 euro, exigindo que os novos proprietários suportem os custos de renovação num prazo de três anos.
Apesar da limitação do apoio a obras, a divulgação internacional gerou interesse. Segundo uma porta-voz do Ministério do Desenvolvimento Rural e Comunitário da Irlanda, houve uma “significativa procura internacional” desde o lançamento do programa em julho de 2023.
A campanha pretende fixar jovens e famílias nas ilhas, garantindo comunidades sustentáveis no longo prazo. Segundo as autoridades, 80 ações concretas integram esta política pública.
As críticas centraram-se principalmente na perceção errada de que se trata de um pagamento para simplesmente viver numa ilha. A revista Forbes chegou a emitir uma correção depois de ter publicado que o país estava a “oferecer” dinheiro a novos habitantes.
Ainda assim, para quem já tem residência na Irlanda, esta pode ser uma oportunidade concreta para viver num ambiente remoto, com apoio do Estado à recuperação habitacional e melhoria das condições de vida.
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