Cynthia Wilson, uma americana natural de Seattle, e o marido, Craig Bjork, reformaram-se antecipadamente para concretizar um sonho: viver em Portugal. Em janeiro de 2022, o casal mudou-se para a Marinha Grande, na Costa da Prata, depois de planear cuidadosamente a mudança durante anos. Para Wilson, a decisão foi definitiva. “Só volto para os EUA numa urna”, afirmou em entrevista à CNN Travel.
O casal, casado desde 2009, escolheu Portugal após descobrir, numa pesquisa online, que o país estava entre os melhores destinos para americanos se reformarem. Apesar de Wilson nunca ter visitado Portugal, o marido, ex-marine dos EUA, tinha vivido em Lisboa nos anos 1970 e partilhou histórias que a convenceram. A escolha final recaiu sobre a Marinha Grande, uma cidade tranquila e menos turística, onde o casal se integra plenamente na comunidade local.
“Queríamos ser imigrantes e fazer parte da cultura e da comunidade portuguesa”, explicou a americana Wilson, distanciando-se da abordagem de outros estrangeiros que preferem formar grupos de expatriados.
“É barato viver aqui, desde que não vivas em Lisboa, no Porto ou no Algarve”
Quando questionada sobre se considera Portugal mais acessível, Cynthia Wilson destaca que a perceção de custo depende da experiência de cada um, sublinhando que os seus amigos portugueses “reagem um pouco” quando ela e o marido comentam que as coisas são mais baratas. “Cometemos esse erro”, admite. “Quando cá chegámos pela primeira vez, dizíamos: ‘Oh, isto é praticamente de graça.’ E tivemos de parar de dizer isso, porque percebemos que estávamos a ofendê-los.”
Wilson explica que aquilo que pode parecer acessível para eles, como americanos, pode não ser o mesmo para um trabalhador português que aufere o salário mínimo. “Muitas pessoas ganham o salário mínimo”, realça. “Portanto, sim, para os americanos, é barato viver aqui, desde que não vivas em Lisboa, no Porto ou no Algarve.”
Ela compara essas cidades a locais como São Francisco ou Manhattan nos Estados Unidos, observando que são zonas com custos de vida significativamente mais elevados. “Esses sítios são caros. Se o desejo for viver num desses lugares, é provável que se pague três vezes mais do que aquilo que pagamos, seja em renda, comida ou outras despesas.”
Adaptação à vida portuguesa
A americana Wilson admite que a mudança trouxe desafios, como aprender português, que descreve como uma língua difícil. Ainda assim, considera que o estilo de vida português, focado na família e nas relações interpessoais, foi uma lufada de ar fresco. “A ética aqui é a família e o lazer, e não o emprego ou o dinheiro”, destacou.
Além disso, o casal tem participado ativamente na comunidade, organizando jantares, aulas de culinária e eventos de angariação de fundos para causas locais. Para eles, o sentido de pertença e acolhimento foi imediato. “Temos muitos amigos portugueses que nos ajudaram a cada passo e nos abriram as portas das suas casas e dos seus corações.”
Uma mudança sem arrependimentos
A insatisfação com o clima político e a violência nos EUA foi determinante para a decisão de deixar o país. Desde que se mudaram, Wilson e Bjork afirmam ter encontrado a paz e a felicidade que procuravam. “As pessoas dizem que vejo tudo com um filtro cor-de-rosa, mas a nossa experiência tem sido perfeita”, concluiu Wilson, sublinhando que não poderia estar mais satisfeita com a vida que encontrou em Portugal.
Leia também: Carros vão precisar de passaporte brevemente. Saiba do que se trata