Maio sempre me pareceu um mês especial. Talvez por causa da luz, da promessa de verão, das festas populares que começam a despontar nos bairros e aldeias. Mas também porque Maio é, oficialmente, o mês da Europa. E este ano, mais do que nunca, senti vontade de parar e pensar no que isso quer dizer — para mim, para o Algarve, para todos nós.
Passaram 40 anos desde que Portugal assinou o tratado de adesão à então Comunidade Económica Europeia. Eu lembro-me, vagamente, da televisão a preto e branco, dos discursos solenes, da palavra “Europa” dita com esperança. Era uma promessa de modernidade, de futuro, de pertença.
E, de facto, muita coisa mudou. Crescemos com estradas que antes não existiam, escolas mais bem equipadas, jovens a estudar e trabalhar lá fora como se fosse ali ao lado. O Algarve também se transformou — e muito. O turismo trouxe oportunidades, a região ganhou visibilidade, mas nem tudo foram rosas: também sentimos as dores do crescimento, as desigualdades que persistem, a sensação, às vezes, de que as decisões importantes se tomam longe demais.
Em Olhão, por exemplo, vejo uma cidade que preserva o seu carácter único — os mercados junto à ria, o casario branco, os barcos a sair cedo para a faina. Mas também vejo os desafios: o equilíbrio entre desenvolvimento e identidade, entre quem chega e quem cá vive há gerações. Ser europeu é também isto — viver com contrastes e procurar harmonia.
Ainda assim, há algo que nunca mudou: a ideia de que fazer parte da Europa nos deu voz. A Europa somos nós também. Nos momentos bons e nos mais difíceis. E é esse sentimento que, para mim, vale a pena celebrar este Maio.
Quarenta anos depois, talvez a pergunta não seja “o que a Europa fez por nós?”, mas sim: “o que queremos fazer, juntos, com esta Europa que ajudámos a construir?”. Porque o projeto europeu não está acabado — está vivo, em construção, como uma casa onde todos os dias se bate um prego ou se abre uma janela.
E sim, podemos discordar, criticar, exigir mais, e esse o sinal de que pertencemos. E de que nos importamos.
Sobre o autor do artigo: Bruno Alves, 38 anos, natural de Olhão. Licenciado em Gestão, com pós-graduações em Gestão da Manutenção e em Gestão, Empreendedorismo e Inovação. Atualmente é presidente da Junta de Freguesia de Quelfes. Membro da rede Local Councillors

“40 Visões da Europa”
A 12 de junho de 1985, Espanha e Portugal assinaram o Tratado de Adesão às então Comunidades Europeias (Comunidade Económica Europeia, Comunidade Europeia da Energia Atómica e Comunidade Europeia do Carvão e do Aço). Este foi o terceiro alargamento.
O Europe Direct Algarve, a CCDR Algarve, a Eurocidade do Guadiana e outros parceiros transfronteiriços associaram-se para assinalar a data. A rubrica «40 Visões da Europa» vai dar voz a 40 pessoas (líderes políticos e associativos, jovens, cidadãos ,..)
Entre 4 de maio e 12 de junho (data da assinatura dos 40 anos do Tratado de Adesão) todos os dias um artigo . Mais informação sobre a campanha na página conjunta (4) Facebook

O Europe Direct Algarve faz parte da Rede de Centros Europe Direct da Comissão Europeia. No Algarve está hospedado na CCDR Algarve – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve.
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