As vezes em que se discute a União Europeia fala-se dos aspetos positivos mas isso não é mais do que nos é devido; mostrar gratidão não se o faz com submissão nem com silêncio. Que este artigo, portanto, seja interpretado como agradecimento pelo lado bom do trabalho que foi e está a ser feito, tal como uma tentativa esperançosa de agitar e dinamizar as discussões. Destarte celebro estes 40 anos.
A derradeira prova de amor não é ter uma reação de indiferença aceitando algo, por consequência, tal e qual como está, nem em mostrar carinho ou exclusivamente bendizer, vem em criticando e questionando. Acredito, pois, que artigos ou críticas em geral positivas, caso tenham caráter subjetivo, servem apenas para criar entendimento entre dois partidos, este artigo serve de rotura para estender o panorama do debate.
Na verdade, na política o importante é discutir os factos independentemente do contexto e denunciar abruptamente o errado; debates e discursos exclusivamente positivos ou então discussões cujo conteúdo são rodeios são o impedimento do esclarecimento, entendimento e objetivo final: decisividade.
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Vários são os desafios aos quais a União Europeia e a Europa fizeram frente, nomeadamente a pandemia COVID-19, guerra na Ucrânia e a questão imigracionista. 3 dos acontecimentos que põem em mais em causa as políticas internas, que abordarei mais à frente.
São nestes acontecimentos que revelam a competência e altruísmo dos nossos governantes.
Guerra na Ucrânia
Antes de mais quero deixar uma nota relativamente a uma discussão semântica a respeito do termo “guerra”. A realidade é a seguinte: Nas zonas de combate, a crueldade e morte é o quotidiano; nas zonas bombardeadas civis morrem e sofrem.
Independentemente da classificação legal, discutir termos e terminologias, face à tragicidade que está a acontecer, é inútil e desrespeitoso às vítimas da Guerra.
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Vamos explorar possíveis causas desta guerra.
Após a SGM, em 1951, a União Soviética e o Oeste (Os Aliados), estabeleceram uma «Cortina de Ferro» que continha, do lado comunista, Albânia, Bulgária, com alguma autonomia, Jugoslávia, Roménia, Hungria, Checoslováquia, Polónia, os Estados Bálticos, República Democrática Alemã (e o lado este de Berlim).
Passados 39 anos, em 1990, na discussão da questão da unificação da Alemanha, o Secretário de Estado Estado-unidense James Baker prometeu em nome da NATO ao Líder Soviético Mikhail Gorbachev que caso a Alemanha, já unificada, aderisse à NATO, a NATO não estenderia a leste jamais; a extensão a leste inclui os países do lado comunista da «Cortina de Ferro». Como indica a história, a NATO não cumpriu, e estendeu-se. Para a nossa palavra ter valor é necessário cumpri-la.
Ora, após décadas de incumprimento, chegámos à última palhinha – candidatura da Ucrânia para aderir à UE. Mesmo que a tentativa de adesão não tenha sido à NATO em si, a interpretação Russa face a esta tentativa será a seguinte: é que esta adesão é uma afronta. Dum ponto de vista teórico poderá haver argumentos que afirmem que não há ameaça; na prática, se a Ucrânia entrasse na UE, a Rússia teria um vizinho protegido por 75% da NATO, como um todo, e, no grupo europeu seria 85,7% da NATO (países simultaneamente na UE e na NATO); sendo a Rússia marginalizada pelo resto da Europa, isto significa que estamos a isolar e sufocar a Rússia ainda mais. Logo, isolá-la significa encurralar e sabemos que, como princípio bélico,um «inimigo» encurralado pode ser destrutivo àqueles que o rodeiam.
A paz, não nos podemos esquecer, baseia-se no benefício mútuo, dissuasão e entendimento. Aconteceu que os avisos da Rússia não nos dissuadiram nos últimos anos (a invasão da Crimeia consiste num dos avisos) nem procurámos construir estabilidade política internacional a longo prazo. Agora, quem paga a ganância da expansão da NATO e da UE, até agora, são os Ucranianos, os Russos, e sobretudo os jovens recrutados e condenados à morte de ambas as partes.
Os líderes da União Europeia procuram ainda a continuidade da Guerra fornecendo armas e forças voluntárias, como também o presidente Zelensky mobilizando jovens entre os 14 e 18 anos. Abre até, a presidente da Comissão Europeia Ursula Von Der Leyen, a possibilidade da União Europeia se juntar à Ucrânia contra a Rússia. A consequência disto é, inevitavelmente, o recrutamento das faixas etárias mais jovens, sendo estas já reduzidas, dada a realidade europeia de pirâmide etária bastante envelhecida. Quero com isto dizer que é da responsabilidade daqueles que provocaram e/ou instigaram esta consequência bélica finalmente dar fim à morte dos cidadãos da Europa, com ou sem auxílio de Trump.
Cultura
A Europa é e sempre foi uma região do mundo bastante diversa culturalmente. Todos os países com diferentes modos de estar; cada povo com qualidade diferentes. A preferência das atividades económicas também variam.
Com a União Europeia poderá vir a mudar essa realidade, pois já em 2025 os mais jovens olham para alguns elementos culturais ou tipicidade cultural como se fossem artefactos de museu. Aconteceu, por exemplo, no século XVII quando a Prussia atingiu a unificação total e homogeneização cultural através do Sistema Educativo Prussiano (convido o leitor a estudá-la), que foi propagando e adotado mundialmente, onde cada país ensinava a sua doutrina, quer seja nacionalista, comunista, socialista, monárquica. Cada país tinha diferentes matrizes mas acontece que com a União Europeia a matriz educativa é maioritariamente homogénea e essa diversidade está a desaparecer e em breve tal como aconteceu na Prussia, na Europa os países passarão a ser províncias, onde as diferenças culturais serão reduzidas, como região para região – Algarve e Norte.
Educação e política Europeia
Está a acontecer um fenómeno de apaziguamento em que uma sociedade inteira assobia para o lado face a um caso de corrupção grave; um fenómeno em que se deixa em liberdade criminosos, onde não há foro nem honra e não acontece nada. Utilizando um exemplo recente o ex-primeiro-ministro António Costa. Um caso particular que se repete, quer para figuras públicas quer para pessoas que cometem ofensas inter-pessoais graves.
Uma instituição como a União Europeia perde a sua dignidade e prestígio quando se senta ao lado de políticos com histórico imoral e de incompetência.
Em Portugal, celebra-se veemente, devido ao acontecimento inédito de 25 de Abril, a liberdade de expressão, a pluralidade ideológica e a democracia (reina a decisão do povo eleitor); a União Europeia igualmente, sendo estes mesmos valores valores de bandeira. Um sistema democrático já é bastante sensível porque depende da honestidade do ser humano; educação, consciência e idealismo do eleitor, corrupção, falhas ou desonestidade na contagem do voto são factores que podem, por bem ou por mal, um binário altamente subjetivo, influenciar os resultados eleitorais.
Pelo bem de uma democracia mais transparente e eficiente, acredito ser legítimo levantar as seguintes questões — deixo à reflexão do leitor:
Estaremos a deixar condições aos trabalhadores sobrecarregados, decidirem o destino do seu voto?
A educação corrente ensina a escolher líderes políticos?
Estaremos a forçar ideologias nas escolas?
Os programas educativos serão flexíveis e compatíveis com a natureza de uma criança/jovem?
No nosso paradigma intelectual e moral que dogmas poderemos estar a aceitar?
Haverá casos de censura na UE?, como aconteceu com Simion na Roménia e Marine Le Pen em França?
Porque razão, numa sociedade plural, um plano de ação serve para todos os países da União Europeia?
Estará a criatividade e pensamento independente sob-ataque?
E, finalmente, a derradeira questão: haverá realmente liberdade de expressão?…
Conclusão
No que toca à Guerra considero que a Rússia, por bem ou por mal, não tenho autoridade para deixar juízos de valor, esteja a agir defensivamente ao invadir a Ucrânia; no entanto a União Europeia, pelo incumprimento da não-expansão para leste, não tem legitimidade nem em deixar continuar a guerra nem em juntar esforços com a Ucrânia contra a Rússia, está nas mãos da União Europeia chegar a um acordo para voltar à paz. A Ucrânia precisa de apoio diplomático, não bélico, porque são crianças que vão pegar nas armas.
A União Europeia, aquando na sua versão fecunda (CECA), destacou-se na recuperação pós-guerra, economicamente e comercialmente; atingiu um grau de coordenação impressionante mas está a agir mal no que toca à política interna e nomeação de cargos; e em termos de relações internacionais, falha em manter a paz, apesar de o ter consigo internamente.
O poder, outrora exclusivo ao planeamento da economia e crescimento económico, tornou-se ferramenta de homogeneização da cultura e intelecto e deu espaço à apatia judicial.
Para que, apesar de tudo, a UE seja um bastião da cooperação, paz, unicidade e orgulho europeu.
Sobre o autor do artigo: Guilherme Duarte de Figueiredo Pinho tem 17 anos e frequenta o 12º Ano na área de Ciências-Socioeconómicas na Escola Secundária de Silves. Atualmente filiado ao partido CHEGA e membro fundador da Associação Lusíada.

“40 Visões da Europa”
A 12 de junho de 1985, Espanha e Portugal assinaram o Tratado de Adesão às então Comunidades Europeias (Comunidade Económica Europeia, Comunidade Europeia da Energia Atómica e Comunidade Europeia do Carvão e do Aço). Este foi o terceiro alargamento.
O Europe Direct Algarve, a CCDR Algarve, a Eurocidade do Guadiana e outros parceiros transfronteiriços associaram-se para assinalar a data. A rubrica «40 Visões da Europa» vai dar voz a 40 pessoas (líderes políticos e associativos, jovens, cidadãos ,..)
Entre 4 de maio e 12 de junho (data da assinatura dos 40 anos do Tratado de Adesão) todos os dias um artigo . Mais informação sobre a campanha na página conjunta (4) Facebook
Leia também: 40 visões da Europa: A entrada de Portugal no cenário europeu – O salto português | Por Ana Catarina Serra

O Europe Direct Algarve faz parte da Rede de Centros Europe Direct da Comissão Europeia. No Algarve está hospedado na CCDR Algarve – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve.
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