Num momento em que vários países europeus investem em grandes obras de engenharia para melhorar ligações internas e reduzir dependência de transportes marítimos, a Noruega avança com aquele que muitos consideram o projeto rodoviário mais complexo alguma vez construído, segundo o jornal digital Noticias Trabajo. Trata-se do Rogfast, um túnel submarino que terá quase 30 quilómetros de extensão e quase 400 metros de profundidade, segundo adianta a imprensa norueguesa especializada em infraestruturas.
O Rogfast integra a futura autoestrada E39, um corredor estratégico pensado para ligar o norte e o sul do país sem recurso a ferries, reduzindo tempos de viagem e garantindo uma ligação contínua através de zonas marcadas há décadas por fiordes e barreiras naturais.
Uma obra que redefine a engenharia europeia
O túnel submarino terá 26,7 quilómetros de extensão e atingirá uma profundidade máxima de 392 metros abaixo do nível do mar. A construção está a ser realizada no fiorde de Boknafjord, com o objetivo de unir Randaberg e Bokn por via rodoviária. Quando estiver concluído, eliminará a necessidade de ferries nesta travessia e permitirá uma ligação mais rápida entre o continente europeu e várias ilhas norueguesas.
A importância do projeto torna-se evidente quando se observa o plano global da E39. De toda a infraestrutura, o Rogfast é considerado a peça mais desafiante. Contará com dois túneis paralelos de circulação unidirecional que encurtarão a viagem atual para cerca de 35 minutos, refere a mesma fonte.
Custos elevados e um calendário ajustado
O investimento total ultrapassa os 20,6 mil milhões de coroas norueguesas, o equivalente a cerca de 1,75 mil milhões de euros. A obra enfrentou vários atrasos devido à necessidade de rever cálculos estruturais, o que obrigou o Parlamento norueguês a aprovar um orçamento revisto. Com o calendário estabilizado, a previsão aponta para abertura ao tráfego em 2031.
De acordo com a mesma fonte, esta revisão foi considerada importante para garantir que a estrutura pode suportar as pressões exercidas a profundidades que ultrapassam os 250 metros, onde a margem de erro é praticamente inexistente.
Um intercambiador submerso sem precedentes
O elemento mais surpreendente do Rogfast ficará situado a meio do trajeto. A essa profundidade, os engenheiros estão a construir um intercambiador subterrâneo, algo sem precedentes num ambiente tão hostil. Essa estrutura permitirá a ligação à pequena ilha de Kvitsøy através de rampas helicoidais que descem e sobem numa espécie de espiral escavada na rocha.
A descrição feita por técnicos noruegueses compara esta área a uma “catedral subterrânea”, pela dimensão e complexidade. Não se trata do típico túnel linear, mas de um ponto intermédio com entradas, saídas e múltiplos acessos construídos a grande profundidade.
Tecnologia digital para escavar no limite
A construção deste túnel submarino exige métodos totalmente controlados por sistemas digitais de modelação tridimensional. A dinamitação da rocha é feita metro a metro, com ajuda de tecnologia que permite prever fissuras, infiltrações e zonas instáveis.
De acordo com engenheiros envolvidos no projeto, o processo é comparável a montar um puzzle invisível no interior da rocha, antecipando a forma exata de cada segmento antes de o escavar.
Uma mudança profunda na geografia norueguesa
Segundo o Noticias Trabajo, no final da obra, está previsto que tenham sido removidos cerca de dez milhões de metros cúbicos de rocha. Esse material está a ser reutilizado para ganhar terreno ao mar, reforçando zonas costeiras próximas.
Quando o túnel estiver totalmente operacional, previsão apontada para 2031 no tráfego e 2033 para todas as funcionalidades, será mais do que uma infraestrutura rodoviária. Para a Noruega, o Rogfast representa a capacidade da engenharia moderna de transformar barreiras naturais em ligações rápidas e seguras, encurtando distâncias num território marcado pela geografia exigente.
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