Projetos na Fuseta e em Moncarapacho contribuem para melhor transição do pré-escolar para 1.º ciclo
A transição da educação pré-escolar para o 1.º ciclo do ensino básico é um marco significativo na jornada educacional de uma criança.
No Agrupamento de Escolas Dr. Francisco Fernandes Lopes, a Escola Básica do 1º Ciclo e Jardim de Infância (EB1/JI) de Moncarapacho, concelho de Olhão, tem dois projetos inspiradores que, no conjunto, visam melhorar as aprendizagens, promover o sucesso escolar e reduzir o abandono escolar precoce: o projeto Turma Amiga, que proporciona uma articulação e um intercâmbio social, de saberes e de aprendizagens entre a Educação Pré-Escolar e o 1.º Ciclo, e o projeto PPRH – Poemas, Palavras, Rimas e Histórias na Casa da Fifi, que procura intervir o mais precocemente possível, com vista à aquisição de competências ao nível da leitura e escrita.
Ambos os projetos têm o apoio do Fundo Social Europeu, solicitado ao Programa Algarve 2030, no valor de 103.626 euros, e enquadram-se na tipologia de operação “Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP)”.
O projeto “PPRH – Poemas, Palavras, Rimas e Histórias na Casa da Fifi”, da autoria da educadora Isilda Pereira, iniciou-se no ano letivo 2011/2012, e tem já um vasto caminho feito, sempre com o objetivo de procurar intervir o mais precocemente possível, com vista à aquisição de competências ao nível da leitura e escrita.

Diretor do Agrupamento de Escolas Dr. Francisco Fernandes Lopes
O PPRH privilegia a Educação Artística aliada à Cidadania e Desenvolvimento, permitindo incrementar, através do conto, o trabalho colaborativo entre pares e valorizar as vivências das crianças/alunos, traduzindo-se no desenvolvimento de competências essenciais
“Fifi” é o nome dado a uma boneca que se tornou como que a mascote deste projeto e que alegra o imaginário das crianças envolvidas nas diversas atividades do PPHR.
No presente ano letivo 2023-2024, abrange um total de 515 crianças e alunos, dos quais 204 em educação pré-escolar e 311 no 1.º Ciclo.

As atividades decorrem tanto em sala de aula como na “Casa da Fifi” e são dirigidas a toda a turma ou a grupos indicados pelo titular de turma. São fruto de uma planificação conjunta entre o docente titular de turma e as docentes dinamizadoras do projeto. No 1.º ano de escolaridade, as atividades são orientadas para o desenvolvimento da consciência fonológica, reconhecimento e escrita de palavras; conhecimento de convenções gramaticais; compreensão de discursos orais e interação verbal.

Ao nível dos restantes anos de escolaridade, 2.º, 3.º e 4.º ano, as atividades são sobretudo orientadas para a realização de ateliers de escrita criativa, promovendo-se o desenvolvimento do léxico e a aquisição de vocabulário.
Segundo a educadora Isilda Pereira, coordenadora da Escola Básica do 1º Ciclo e Jardim de Infância (EB1/JI) de Moncarapacho e do projeto, o foco do PPRH está na sua intervenção “o mais precocemente possível ao nível das estratégias a implementar no ensino básico, com vista à aquisição de competências ao nível da leitura e escrita”.

Um dos objetivos é “sinalizar” desde cedo as principais dificuldades das crianças que irão ingressar no 1.º ano de escolaridade. Além das normais dificuldades por parte das crianças, em idade pré-escolar, em envolverem-se em situações de leitura e escrita, grande parte dessa população escolar utiliza um vocabulário reduzido, com acentuadas incorreções estruturais e erros ortográficos, que condicionam e obstaculizam a aquisição e compreensão da maioria dos conteúdos programáticos. Ora, este é o foco deste projeto inspirador: o apoio individualizado a um significativo número de alunos, de forma a permitir-lhes a concretização das tarefas que requerem maior compreensão e apelo ao raciocínio.

“O PPRH facilita a emergência da linguagem escrita e não a introdução formal da leitura e escrita, destacando-se o apoio educativo prestado às crianças, num contexto mais lúdico e menos formal do que a sala de atividades ou de aula, valorizando-se o intercâmbio de saberes e de experiências, no que se refere às aprendizagens onde as crianças apresentam maiores fragilidades”, salienta Isilda Pereira. Aqui, o especial relevo centra-se na criação de ateliers de trabalho na área da Educação Artística para os alunos nas vertentes das artes visuais, expressão dramática e teatral, quer ainda nas ciências experimentais.

A equipa do projeto, constituída por educadores de infância e professores do 1.º Ciclo, através da criação e aplicação de recursos pedagógicos criados pelos próprios, “trabalha a partir das histórias nas suas mais variadas vertentes, selecionadas em conjunto com os docentes titulares de grupo ou turma, tendo em conta os temas a abordar no âmbito da componente do Currículo de Cidadania e Desenvolvimento”.
O resultado torna-se assim mais promissor “no desenvolvimento de aprendizagens no domínio da compreensão e da comunicação oral e na consciência das diferentes funções da escrita e da correspondência entre o código oral e escrito. Privilegia-se ainda o envolvimento da família e restante comunidade educativa na concretização das atividades”, salienta Isilda Pereira.

Casa da Fifi: Atividades variadas de forma lúdica e interativa
P – Como é que a comunidade escolar avalia o projeto?
R – A grande maioria das crianças participa nas atividades propostas com manifesto agrado e entusiasmo, verificando-se na generalidade uma evolução bastante positiva ao nível da linguagem oral, da criatividade, da imaginação e do grafismo. Os docentes envolvidos consideram que este projeto tem um carácter predominantemente preventivo junto das crianças e que a nível docente fomenta o trabalho colaborativo entre pares. Os pais e encarregados de educação destacam que se verifica a preocupação de apresentar atividades variadas que, de forma lúdica e interativa, levam as crianças a adquirir conhecimentos na área da linguagem oral e abordagem à escrita.

P – Qual o impacto do projeto no sucesso educativo?
R – Considerando-se que a transição da educação pré-escolar para o 1.º ciclo do ensino básico exige a participação e o diálogo entre educadores e professores do 1.º ciclo, o PPRH permite e contribui para uma preparação conjunta da transição das crianças, definindo-se estratégias de articulação que passam pela valorização das aquisições efetuadas no jardim de infância e pela familiarização com as aprendizagens escolares formais. Devido à crescente motivação, eficácia e aceitação por parte de alunos e docentes, considera-se que o mesmo assume um caráter estruturador e globalizante das áreas de conteúdo previstas nas Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar e de algumas aprendizagens essenciais consignadas no Perfil do Aluno.

P – Quais têm sido os resultados conseguidos?
R – O diagnóstico inicial revelou uma percentagem significativa de crianças que apresentavam: problemas ao nível da concentração e da atenção; vocabulário reduzido, com acentuadas incorreções estruturais e erros ortográficos (condicionantes da aquisição e compreensão de muitos conteúdos programáticos); necessidade de apoio individualizado, de forma a permitir a concretização de tarefas que requerem maior compreensão e apelo ao raciocínio.
As reflexões e avaliações que, com alguma regularidade, têm vindo a ser realizadas, permitem-nos perceber que alguns destes aspetos atrás mencionados têm sido colmatados (resposta ao nível do

P – A continuidade do projeto para anos letivos seguintes justifica-se?
R – Dado os resultados obtidos, considera-se que seria benéfico dar continuidade a este projeto. Anualmente, realiza-se a avaliação do projeto visando-se a identificação dos aspetos menos e mais favoráveis, o que conduz, sempre que necessário, à reformulação e adequação do projeto e à diversificação das metodologias, individualizando-se cada vez mais as estratégias.
Na senda do sucesso escolar na região
A partir desta edição, o Postal do Algarve passa a divugar projetos inspiradores que visam melhorar o sucesso escolar no Algarve, numa iniciativa em parceria com o Programa Regional Algarve 2030, para quem o investimento na Educação constituiu, desde a primeira hora, uma prioridade. O Algarve 2030 apoia as intervenções diretas das Escolas, no âmbito dos Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP), que visam melhorar as aprendizagens, promover o sucesso escolar e reduzir o abandono escolar precoce.
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