Os municípios algarvios de Vila Real de Santo António e Albufeira e o Gabinete de Apoio à Inclusão dos Cabo-verdianos vão criar, no Algarve, um Balcão do Migrante da Lusofonia para fomentar a inclusão de trabalhadores.
O Balcão do Migrante da Lusofonia foi apresentado em Vila Real de Santo António, mas o espaço físico só começará a trabalhar em março ou abril e “vai ficar sediado em Albufeira”, permitindo “servir toda a população de Cabo Verde que está a trabalhar e a viver no Algarve”, afirmou o presidente da Câmara vila-realense, Álvaro Araújo, no salão nobre do município.
“É um grande objetivo dos nossos municípios e dos vários municípios do Algarve, e de outros do país, que consigamos trazer pessoas de Cabo Verde para trabalhar nos nossos hotéis, restaurantes e empresas. Como se sabe temos falta de mão-de-obra, fundamentalmente na época alta, e, por coincidência, a nossa época alta coincide com a época baixa em Cabo Verde e a intenção é que haja mobilidade de trabalhadores”, justificou Álvaro Araújo.
Vila Real de Santo António e Albufeira são municípios que têm geminações com a Câmara do Sal, em Cabo Verde, e o presidente da Câmara do barlavento algarvio, José Carlos Rolo, destacou a importância deste novo passo para permitir que as empresas contem com mão-de-obra formada e preparada para a hotelaria do Algarve, à semelhança do que já acontece na Grande Lisboa, nos transportes, com contratações de motoristas cabo-verdianos por empresas portuguesas.
“Esse gabinete a instalar em Albufeira acho que é extraordinariamente importante para servir a comunidade cabo-verdiana, não só na troca de trabalhadores, mas também para as pessoas que vivem cá permanentemente”, afirmou, classificando o novo balcão como “importantíssimo” para quem chega ter uma “ligação” no destino e para evitar o recrutamento por parte de “intermediários que não são bem aquilo que se pretende”.
José Carlos Rolo assegurou que o objetivo é também “integrar e incluir as pessoas que vêm trabalhar” para o Algarve “de uma forma correta e que seja digna de um ser humano”, no que se refere a direitos laborais, a habitação, mas também, no caso de famílias, à integração de crianças em escolas.
“O balcão irá atuar desde o início do processo, digamos assim. Quando o migrante quer vir, ou quando uma empresa de cá quer contratar um determinado trabalhador para vir de Cabo Verde, nós iremos atuar desde este início da instrução do processo”, afirmou Dirce Évora, empreendedora social cabo-verdiana e uma das promotoras desta resposta social.
A mesma fonte esclareceu que, uma vez o migrante esteja em Portugal, o balcão irá “prestar todo o tipo de apoio” e orientar e ajudar da melhor forma para a integração do trabalhador nos vários âmbitos”, com base no Acordo de Mobilidade assinado no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), mas também no acordo de mobilidade laboral estabelecido entre Cabo Verde e Portugal.
Dirce Évora considerou que este trabalho vai permitir “uma maior dinâmica de circulação de pessoas dentro dessa comunidade” e uma melhor integração dos migrantes em Portugal.
Ildo Fortes, promotor do balcão e empreendedor social de Cabo Verde, anunciou que, “na primavera, em março ou abril, será feita a inauguração do balcão em Albufeira”.
A estrutura vai fazer “a mediação institucional, por um lado, entre instituições portuguesas e cabo-verdianas, e por outro lado, mediação com empresas portuguesas, não só no quadro bilateral entre Cabo Verde e Portugal, mas também no quadro multilateral, ao nível da Comunidade de Países de Língua Portuguesa”, frisou.