No Ano Europeu do Património Cultural, a Direção Regional de Cultura do Algarve (DRCAlg) tem mantido o seu mote, entre outros, na valorização, salvaguarda e inventariação do Património Cultural Imaterial (PCI) da região. Esta temática já deu origem, no início deste mesmo ano, à organização de um Curso Breve, assim como ao lançamento, em março último, da página Algarve Imaterial (https://algarveimaterial. wordpress.com/), um projeto desenvolvido pela Rede de Museus do Algarve, do qual esta DRCALg faz também parte.
A adesão e o interesse demonstrados por estas iniciativas geraram a necessidade de se promoverem mais ações que despertem a participação de todos de uma forma alargada, para que em conjunto com a comunidade possamos ser efetivos promotores desta consciência cultural de valorização e salvaguarda da memória e da identidade, e a temática do Património Cultural Imaterial possa adquirir novas dinâmicas.
Neste sentido, vai esta DRCAlg desenvolver no mês de Julho uma ação de sensibilização para dar a conhecer o modelo de gestão da informação que está em desenvolvimento no Museu do Traje de São Brás de Alportel e aprofundar o conhecimento do projeto “FMId – Fotografia, Memória e Identidade”, que ocorre naquele lugar todas as quintas-feiras, e que conta com a participação da comunidade local.
O Museu do Traje de São Brás de Alportel organizará esta sessão em partilha com a Direção Regional de Cultura do Algarve. Caso deseje informação adicional contacte- nos pelo: [email protected].
SOBRE O PROJETO: Projeto “Fotografia, Memória e Identidade” (FMId)
Excerto de: Sujeitos do Património: Os Novos Horizontes da Museologia Social em São Brás de Alportel (Sancho Querol, 2014).
Informação adicional: http://www. museu-sbras.com/docs.html
Criado em 2009 como um exercício de arqueologia memorial em torno do território do concelho de São Brás, o projeto FMId permite descodificar outros segmentos do DNA patrimonial local, entre os quais se encontram: saberes tradicionais, história e memória local, usos equilibrados dos recursos locais, formas de economia alternativas, de organização comunitária, etc. Neste processo, o Museu assume o papel de mediador junto da população local.
Objetivo(s): Trabalhar as memórias visuais do território a partir dos arquivos de fotografias das famílias do concelho, visando a construção de um imenso álbum da comunidade capaz de descodificar cartografias culturais, sociais, rurais e urbanas, há muito tempo esquecidas e fundamentais para a compreensão/construção de um presente com vista para o futuro.
Simultaneamente, foi criada uma base de dados que contém hoje cerca de 50 mil imagens representativas de 400 famílias do concelho e zonas limítrofes. É por isso que Museu e comunidade confluem na ideia de terem conseguido criar, com o tempo, uma “conta corrente da memória” para cada uma das famílias locais. Na verdade, a tipologia da documentação integrada nos processos familiares tem vindo a diversificar-se, passando atualmente a integrar também correspondências, documentos legais, registos vídeo e áudio, etc., num processo muito dinâmico a que não são alheias as alterações familiares, por exemplo os nascimentos, casamentos e óbitos (cf.: www.museu-sbras. com/grupo-fotos.html).
(Artigo publicado no Caderno Cultura.Sul de Julho)