Os números não enganam. Nos últimos anos, o Algarve tem perdido população. São mais os que morrem, do que os que nascem. E só o número crescendo de estrangeiros que têm optado por viver na região algarvia vai equilibrando os pratos da balança.
Em 2022 nasceram de mães com residência no Algarve um total de 4.064 bebés, o número mais baixo dos últimos sete anos, com um grande equilíbrio no que diz respeito ao género dos bebés: 2038 do sexo masculino e 2026 do sexo feminino.
Mas há um número de 2022 que sobressai do site Pordata – Base de Dados de Portugal Contemporâneo. É que em Alcoutim nasceram apenas 9 bebés, 7 dos quais do sexo masculino. O número mais baixo de natalidade entre os 16 concelhos que compõem o Algarve. Um número que contrasta com os 87 óbitos (56 homens e 31 mulheres) no concelho que se posiciona entre a serra do Caldeirão e o Rio Guadiana, e ‘colado’ à fronteira de Espanha. Um saldo claramente negativo, num dos maiores concelhos no que diz respeito a área (575 km2), mas com pouco mais de 2.500 pessoas, tendo em conta os censos de 2021.
Longe do rebuliço das zonas mais turísticas do Algarve, Alcoutim é assim o ‘espelho’ da perda de população na região. Em 2014, mais de 60% da população naquele concelho tinha mais de 65 anos. E, quatro anos depois, tinha 95 idosos por cada 100 habitantes em idade ativa. E a tendência dos últimos mantém-se.
Morre-se mais do que se nasce
Há muito que se sabe que o país está cada vez mais envelhecido. Muitos dos jovens acabam por emigrar, outros vão para as grandes urbes à procura de oportunidades de emprego, deixando as regiões mais interiores cada vez mais desertificadas. E a taxa de mortalidade acaba por se sobrepor à da natalidade, uma vez que morrem mais pessoas do que nascem.
Uma realidade que não é nada estranha ao Algarve, pois em 2022 morreram 5.836 pessoas (3.179 homens e 2.657 mulheres), o que dá uma média de quase 16 óbitos a cada dia. No mesmo período há a registar 4.064 nascimentos, número que tem vindo a diminuir. Basta dizer que em 2010 nasceram 4.862 bebés.
Portimão lidera nascimentos e Loulé os óbitos
Mas se Alcoutim está na cauda da tabela dos nascimentos, cabe aos concelhos mais populosos encabeçar os ‘rankings’ daqueles que nascem, mas também dos que morrem. E nestes dois capítulos destacam-se os concelhos de Portimão e Loulé. Foi no primeiro que nasceram mais bebés no ano passado: 634 (301 masculinos e 33 femininos).
Uma liderança pendurada por apenas mais 10 nascimentos do que os verificados em Loulé. Segue-se Faro, a capital de distrito, com 592 nascimentos, e ainda Albufeira (434)
Mas se nos debruçarmos sobre a mortalidade, então Portimão e Loulé trocam de posições. E há um dado que se destaca, pois em Loulé o número de óbitos (909) é bem superior ao valor já referido da natalidade (624). Bem mais equilibrados são os números de Portimão: 673 óbitos para 624 nascimentos.
- Por João Tavares
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