A produção e o comércio de conservas da Júdice Fialho, eram quase exclusivamente para exportação e, nos primeiros anos, era o próprio industrial a realizar a sua atividade e viagens pelo estrangeiro para estabelecer contactos e vender os seus produtos.1
A empresa trabalhou com pelo menos 23 marcas de conservas, das quais se destaca a “Marie Elisabeth Brand” (marca registada em 1907 ou 31-1-1908, até aos anos 70), sendo o seu nome de origem familiar e considerada por muitos especialistas como a “rainha” das conservas portuguesas e galardoada pelo Monde Selection. Segundo tradição de família, o empresário João António Júdice Fialho, adotou para sua designação, o primeiro nome próprio das duas filhas Maria Justina e Isabel, quer em francês e inglês, dado serem os principais destinos de exportação das latas de conserva e as línguas mais faladas no Mundo. Salientam-se ainda outras marcas famosas como: Aiglon, Breton, Cassin, Comique, D. Carlos, Desirées, Dupont, Encore, Falstaff, Fishermaid, Galléon, Granadaisa, J.A.J.F., Luzel, Marceau, M.E, Maria, Mulher e Sardinha, Rabére, Vasco. O nome dado a uma marca de conservas, era o elemento mais relevante da mesma e não deveria ser alterado ao longo do seu percurso. Os restantes elementos, poderiam ser modificados ou redesenhados por questões de estética, moda e comerciais, onde constava a temática marítima: cenas do quotidiano dos pescadores, faina, barcos que partiam em busca do pescado, peixe como ícone (como ilustração principal ou elemento decorativo), figura feminina (face, perfil), etc., etc.2
Os principais mercados exportadores, onde tinha agentes representados eram a Inglaterra, o principal comprador (principalmente de conservas de sardinha com espinha em azeite ou tomate), Suíça desde 1904 (conservas de chicharro e conservas em salmoura), EUA (principal consumidor de fabricos sem peles e espinha de sardinha e filetes de anchova), França, Alemanha, etc.3
A exportação das conservas era realizada diretamente de transporte de barco a vapor dos portos de Portimão e do Algarve e a descarga nos portos de Londres, Liverpool, Southampton, Anvers, Nantes, Hamburgo, Bordéus, Lourenço Marques até 27-11-1939 e por caminho-de-ferro partir de 10-6-1941, seguindo para os diferentes destinos, espalhados na Europa, América e África.4
Foi também ele num período que se dava pouca importância à publicidade, a divulgar e a dar a conhecer a sua principal marca – “Marie Elisabeth Brand” nas revistas femininas de prestígio (Woman’s Sphere, Scotish Trader, etc.), anuários e ainda nos autocarros londrinos em 1922.5
Conservas Marie Elisabeth
Conservas Falstaff
Conservas Galleon
Conservas Desirées
Conservas J. A. Júdice Fialho
1cf. Para o capítulo das conservas Júdice Fialho, consulte-se a monografia de Luís Miguel Pulido Garcia Cardoso de Menezes – João António Júdice Fialho (1859-1934) e o Império Fialho (1892-1981), Lisboa: Academia dos Ignotos, 2022, pp. 78-84. 2cf. Ana Lúcia Gomes de Jesus – «A linguagem visual da Indústria Conserveira do Algarve: o caso da Marie Elisabeth Brand», in Promontoria Monográfica Apontamentos para a História do Algarve, Faro, 2016, pp. 216 e 221; o Instituto Internacional para a Selecção da Qualidade na Bélgica, foi fundado em 1961, com o objectivo de certificar a qualidade dos produtos de consumo. 3cf. Ana Rita Silva de Serra Faria – A organização contabilística numa empresa da indústria de conservas de peixe entre o final do século XIX e a primeira metade do séc. XX: o caso Júdice Fialho”, Tese de Mestrado, Universidade do Algarve / Universidade Técnica de Lisboa, Faro, 2001, p. 69. 4cf. Ana Rita Silva de Serra Faria, op. cit., p. 69. 5cf. Ana Rita Silva de Serra Faria, op. cit., p. 64. 6cf. As conservas de sardinha em molho de tomate, destinavam-se ao peixe de menor qualidade, peixe mais magro ou esfacelado com a manipulação na fábrica, e portanto o molho de tomate para além de lhe dar sabor, permitia esconder a sua aparência dos olhos mais exigentes.