Os apicultores afetados pelo incêndio de há um ano em Odemira já receberam as ajudas do Estado para manutenção das colmeias que ‘escaparam’ às chamas, revelou a Associação de Apicultores do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (AASACV).
“Pela primeira vez, houve uma ajuda significativa por parte do Estado aos apicultores para as colmeias que não arderam, mas que foram afetadas pelo incêndio”, explicou à agência Lusa o presidente da associação, Fernando Duarte.
De acordo com o responsável, as chamas que lavraram durante seis dias no concelho de Odemira, no distrito de Beja, e que atingiram igualmente o concelho de Aljezur, no distrito de Faro, destruíram mais de 200 e afetaram mais de 1.000 colmeias.
“Arderam pouco mais de 200 colmeias, mas poucos apicultores recorreram a uma candidatura para reposição do potencial produtivo”, indicou o dirigente da associação, que tem sede no concelho de Odemira.
Em setembro de 2023, o Governo criou um apoio extraordinário, com uma dotação de 25 mil euros, destinado aos apicultores afetados pelos incêndios ocorridos em maio e agosto desse ano nos concelhos algarvios de Aljezur e Monchique e alentejano de Odemira.
O fogo, precisou, afetou “545 [colmeias] no Algarve e 537 no Alentejo”, tendo os apicultores recebido, “pela primeira vez, uma ajuda monetária de 6,80 euros” do Estado. Esta ajuda serviu para “poderem comprar alimento e manterem as colmeias que tinham acabado de perder toda a sua ‘pastagem’”, disse.
Esta “ajuda única” permitiu “ajudar os apicultores a comprarem alimento para as abelhas, no início de inverno que se seguiu” ao incêndio, numa altura em que a paisagem “não tinha rigorosamente nada à sua volta”, reconheceu Fernando Duarte.
Com início no dia 05 de agosto de 2023, na zona de Baiona, na freguesia de São Teotónio (Odemira), o incêndio alastrou-se aos concelhos algarvios de Monchique e Aljezur e só foi dado como dominado seis dias depois de ter deflagrado. Segundo o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), este fogo foi o maior registado em 2023 e consumiu, pelo menos, 7.530 hectares.
À Lusa, o presidente da associação, que abrange apicultores do litoral alentejano, costa vicentina e barlavento algarvio, vincou que o Estado “nunca tinha dado uma ajuda tão significativa, como deu para este incêndio”.
“Foi exemplarmente rápido, coisa que não é muito vulgar em Portugal, mas foram eficientes e rápidos na atribuição [das ajudas] e o processo foi muito simples, sem complicações burocráticas”, sublinhou.
Ainda assim, acrescentou, esta ajuda “nunca é suficiente”, uma vez que “os prejuízos nunca se conseguem contabilizar”.
“Foi uma ajuda importante e significativa que permitiu os apicultores manterem e, de alguma forma, recuperarem um pouco” a atividade, pois, “os prejuízos foram muito superiores” aos montantes pagos, frisou.
A produção de mel “foi afetada” na área que ardeu, mas, segundo o dirigente, com a chuva “superior ao normal”, no último inverno, os “apicultores recuperaram algumas perdas”.
Nos primeiros tempos “as abelhas tiveram de ser alimentadas para não morrerem”, mas com o nascimento da vegetação e a regeneração de algumas espécies, “como o rosmaninho e o medronheiro”, será possível garantir a produção, afiançou.
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