Uma das primeiras impressões com que o visitante se depara é a da tranquilidade que lhe é conferida pelo serpentear do Rio Guadiana, que aqui serve de fronteira natural com Espanha. Na outra margem, avistamos a vila espanhola de Sanlúcar de Guadiana.
Uma visita a Alcoutim pode passar também por uma refrescante ida à praia, pois nesta vila bem no interior da região do Algarve o visitante pode encontrar uma aprazível praia fluvial – a do Pego Fundo.
Esta praia fluvial é atualmente um dos locais de recreio e lazer de excelência em Alcoutim, muito procurada pelos habitantes locais e turistas, devido à beleza envolvente. Com excelentes condições para a prática balnear, a praia está localizada na margem esquerda da Ribeira de Cadavais, a 500 metros do centro da vila de Alcoutim. Tem vários serviços de apoio, como um bar, um parque de merendas e um circuito de manutenção, posto de primeiros socorros e vigilância de nadador salvador durante toda a época balnear, com o galardão “Praia Acessível – Praia para Todos”. A área envolvente encontra-se ajardinada, sobressaindo os choupos, os loendros, as alfazemas e roseiras. As margens do pego estão revestidas por canavial e, aqui e ali, por árvores de fruto.
Visitando a vila, a paisagem imponente do Rio convida-o a passear pelas ruas da vila, descobrindo em cada recanto a riqueza histórica e cultural herdada de povos e civilizações que passaram por esta região e nos deixaram marcas e influências ainda hoje visíveis no nosso património.
São séculos de história para contar, confirmados pela navegabilidade do Guadiana, a riqueza arqueo-metalúrgica da região e as lutas da reconquista cristã e de defesa da fronteira.
Esta vila do Nordeste algarvio com tanto por explorar… Junto ao Posto de Turismo poderá começar por desfrutar da zona ribeirinha, composta pelos cais novo e cais velho e zonas ajardinadas, não perca a possibilidade de ver as estátuas do pescador, junto à Capela de Santo António, do Contrabandista, no cais velho, e a do Guarda Fiscal, na esplanada do quiosque, que oferece vistas sobre o Guadiana, junto ao antigo posto da Guarda Fiscal, agora repartição das finanças.
Ao desfrutar desta vista não lhe irá passar despercebido a obra de arte, da coleção Big Trash Animals, do artista português Bordalo II, um animal colorido no cais sul da vila. É a Lontra, que habita na margem portuguesa do Guadiana desde novembro de 2020, quando da primeira edição do evento Tráfico de Artes no Guadiana, uma extensão no território do Festival do Contrabando e que permite trazer obras de arte ao concelho que ficam patentes para visita. A lontra é uma alegoria à atividade do contrabando, este animal tal como os antigos contrabandistas, esconde-se nas águas e margens dos rios, submerge-se debaixo de água e é pouco social.
Para aqueles que mais gostam de história e anseiam por conhecer mais a fundo esta vila no final da serra do Caldeirão, podem acompanhar a exposição “Alcoutim, Terra de Fronteira” que conta com painéis interpretativos, localizados ao ar livre pelas suas ruas e monumentos. Não deixe o centro da vila sem observar e visitar a Casa dos Condes de Alcoutim, casa nobre dos séculos XVII e XVIII, convertida em biblioteca municipal e onde poderá encontrar exposições de artes e a Igreja Matriz de São Salvador.
Continue a visita dirigindo-se ao Castelo da Vila, monumento ex-libris de Alcoutim, e dê um passeio pelos seus jardins e muralhas. Imagine aqui as lutas e batalhas da reconquista cristã ou a defesa da fronteira contra Castela e mais tarde Espanha, como por exemplo na restauração de Portugal. Para além das fabulosas vistas de que poderá desfrutar, tem o Núcleo Museológico de Arqueologia para visitar, com as suas duas exposições “Jogos Intemporais. Tabuleiros e Pedras de Jogos do Castelo Velho de Alcoutim” e “O Património Arqueológico de Alcoutim”.
No jardim do castelo poderá observar outra obra do evento Tráfico de Artes no Guadiana de 2020, trata-se do “Túnel do Contrabando”, instalação artística criada pela Cooperativa de Arquitectura VOLTES, de Espanha, e que foi resultado de um workshop de trabalho à volta da cana.
Aproveite agora para subir um pouco a vila, em direção à Ermida da Nossa Senhora da Conceição e observe com atenção os dois pontos essenciais do património no seu exterior, a escadaria barroca virada para a vila e a porta manuelina. Como curiosidade, fique a saber que no dia 7 de dezembro de 1876, com as grandes inundações do rio Guadiana, a população veio refugiar-se e passar a noite em vigília nesta ermida. Curiosamente também era a véspera do dia de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Alcoutim, rainha de Portugal e à qual a ermita é consagrada.
Desça agora pela rua da escola primária em direção à estrada 122-1, onde vai poder ver um conjunto de 31 murais de azulejos do artista Carlos Luz, com episódios da história de Alcoutim e também dos modos de vida das gentes alcoutenejas.
Depois, siga o seu caminho em direção à Pousada da Juventude e quando por ali passar siga em frente pelo caminho que sobe pela sua esquerda. No alto da subida, depois de uma curva suave vai encontrar um trilho que o leva ao Castelo Velho de Alcoutim, estrutura que testemunha a presença islâmica junto ao Grande Rio do Sul. Uma vez mais poderá contemplar vistas sobre o rio e sobre Espanha, aproveite para desfrutar de um entardecer neste local e pergunte-se se não existirá alguma lenda de uma moura encantada.
Regresse ao centro da Vila e termine este roteiro na Praça da República, não deixe de observar a Igreja da Misericórdia e verifique a gravação na sua fachada que indica a altura onde chegaram as águas da grande inundação de 1876.
Quem visita Alcoutim quer passar o Rio e visitar também Sanlúcar de Guadiana, caminhar pelas suas ruas e desfrutar do branco casario tipicamente andaluz, da igreja de Nossa Senhora das Flores e das vistas desde os moinhos de vento ou do Castelo de San Marcos.
É possível também, passar no primeiro slide transfronteiriço do mundo, deslizar num cabo de 720 metros desde Sanlúcar de Guadiana até Alcoutim, com uma média de 25 metros de altura e alcançando uma velocidade entre os 70 e 80 quilómetros por hora. Uma atividade única para quem procura experiências diferentes. Uma forma diferente de ver as povoações locais e o Rio Guadiana e uma sensação de “ir numa máquina do tempo”, em que em menos de um minuto se ganha uma hora (diferença horária entre os dois países).
O visitante poderá também encontrar atividades como o aluguer de canoas ou passeios de barco para partir à descoberta do Rio Guadiana.