O Projeto “Viajar”, de intervenção social sobre multiculturalidade, do Agrupamento de Escolas Prof.ª Piedade Matoso, em Aljezur, resultou da necessidade em dar uma resposta à elevada incidência de fluxos migratórios e consequente representação de línguas maternas diversas no Agrupamento.
O “Viajar” teve início neste ano letivo de 2023/2024, mais precisamente em meados de fevereiro. O projeto é promovido pelo Gabinete de Apoio ao Aluno e à Família e visa envolver toda a comunidade educativa em torno de uma realidade presente no agrupamento: a representatividade de alunos com diferentes nacionalidades.
Quando se acumulam sinais (e, no Algarve, isso começa a ser muito evidente) que apontam para uma adesão expressiva a visões tribalistas e xenófobas das identidades, a escola tem de trabalhar para ajudar a construir alternativas mais empáticas e de maior partilha. Que procurem criar novos laços, em vez de se limitar a reproduzir e a fortalecer os de partida. A sua implementação justifica-se assim devido à diversidade cultural presente neste contexto educativo que conta com 39 nacionalidades distintas.
Para este projeto foram delineadas várias atividades ao longo do ano letivo, como o “Dia da Nacionalidade”, a realização de vídeo pelos alunos com o objetivo de apresentar todas as nacionalidades existentes no agrupamento e uma Feira Multicultural.
O objetivo é o de contribuir, de forma efetiva, para que surjam novas práticas de cidadania democrática e de inclusão, escolar e social.
Segundo a assistente social e coordenadora do Gabinete de Apoio ao Aluno e à Família, do Agrupamento de Escolas Prof.ª Piedade Matoso, no presente ano letivo, “o projeto envolve toda a comunidade educativa, nomeadamente 735 alunos”.
As boas práticas deste projeto visam sobretudo promover “a criatividade dos alunos, a inclusão social e o respeito pelo outro”, explica ao POSTAL a coordenadora Liliana Magalhães.
O projeto “Viajar” integra-se na tipologia de operação Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP), tendo o apoio do Programa Regional ALGARVE 2030.
O respeito pela individualidade de cada um
P – Como é que a comunidade escolar avalia o projeto?
R – A comunidade educativa considera o projeto uma mais-valia, pois a sociedade está em mudança e apresenta-se cada vez mais diversificada em todos os sentidos. Torna-se, assim, fundamental promover as competências sociais, nomeadamente a empatia, o respeito pelo outro, pela diferença.
O envolvimento de professores, alunos e encarregados de educação em prol de um objetivo, o bem-estar comum, torna a escola mais unida e consequentemente num espaço seguro, onde todos e cada um assumem um papel único e crucial.
P – Qual o impacto do projeto no sucesso educativo?
R – Sendo um agrupamento multicultural, tem um impacto positivo na promoção da inclusão de todos os alunos, promovendo a igualdade e não discriminação, visando um ambiente de respeito pela individualidade de cada um.
P – Quais têm sido os resultados conseguidos?
R – Conhecimento de outras culturas; respeito pela diferença; desenvolvimento da empatia, do espírito de equipa e criatividade; envolvimento entre toda a comunidade educativa (alunos, professores, encarregados de educação).
P – Os resultados justificam a continuidade do projeto?
R – Este não é um projeto em que que os resultados sejam mensuráveis em termos quantitativos. É um projeto que visa a promoção de valores, o que requer tempo e persistência. A multiculturalidade e a interculturalidade assumem elevada importância no contexto educativo.
Este projeto é uma forma de intervirmos nesse contexto, desenhando práticas inclusivas e garantindo o acesso a uma educação e formação que respeite a identidade cultural de cada um. Por isso, sim, é justificável a continuidade do projeto. As atividades é que poderão vir a ser ajustadas, em função da avaliação que viermos a fazer.
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