O Projeto “Porta Amiga”, do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira, em Olhão, teve início no ano letivo 2018/2019, inspirado num projeto destinado ao pré-escolar e 1º ciclo, designado por “Dá-me Colo”.
O “Porta Amiga” tem, por um lado, ajudado os alunos na organização das tarefas escolares, apoiando-os na procura de métodos de estudo adequados ao seu perfil e, por outro, dar suporte emocional e ajudá-los na gestão emocional e comportamental.
Segundo a coordenadora do Serviço de Apoio ao Aluno e à Família (SAAF), do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira, no presente ano letivo, “este projeto apoia 63 alunos, até ao momento, do 2.º e 3.º ciclos do Agrupamento”.
As boas práticas deste projeto relacionam-se com diferentes fatores, explica ao POSTAL a psicóloga e coordenadora do SAAF, Juliana Martins, que salienta a importância da multidisciplinaridade dos professores responsáveis por este apoio, “os quais são previamente selecionados de acordo com o perfil definido, nomeadamente reconhecerem e valorizarem a importância da relação e das emoções, aceitarem e respeitarem as diferenças, serem empáticos, estarem disponíveis e recetivos para escutar e encontrarem-se emocionalmente organizados”.
“Através deste apoio, os alunos podem beneficiar de ajuda na organização das tarefas escolares de uma forma diferenciada, sendo apoiados na procura de métodos de estudo adequados às suas características e, por outro, beneficiar de suporte emocional”, refere Juliana Martins.
O Projeto “Porta Amiga” é uma voz, um ombro, um olhar e uma atenção extra que muitos alunos necessitam para que sejam felizes numa escola humanista, inclusiva e com qualidade.
Porta Amiga: Estar disponível para os escutar
Este projeto proporciona aos alunos a possibilidade de terem um professor que os pode ajudar a nível escolar e, simultaneamente, “estar disponível para os escutar, sem juízos de valor ou críticas associadas, sugerindo condutas e soluções alternativas adequadas”.
É realizado um trabalho de consultoria com estes professores pela psicóloga e técnica social do SAAF, capacitando-os para a intervenção em diferentes situações. “Estas intervêm, quando necessário, diretamente com o aluno e/ou família. Este trabalho permite identificar precocemente os alunos que necessitam cumulativamente da intervenção da psicóloga e/ou técnica social ou de algum encaminhamento para entidades externas”.
O Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira enquadra-se na tipologia de operação Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP), tendo o apoio do Programa Regional do Algarve Algarve 2030.
Melhorias na relação interpessoal dos alunos e nos resultados escolares
P – Como é que a comunidade escolar avalia o projeto?
R – Tendo em conta a natureza deste apoio, o qual baseia-se na relação entre professor-aluno, não é possível realizar uma avaliação métrica do mesmo. Por este motivo, no final de cada ano letivo convidamos os alunos a avaliarem qualitativamente este apoio através de uma reflexão e da partilha do seu testemunho.
Em geral, os alunos que participaram nesta avaliação têm considerado este apoio como uma mais-valia, destacando o facto de terem uma pessoa na escola que funciona como referência e suporte.
A título exemplificativo, uma aluna referiu que “este apoio foi importante porque posso falar sobre as coisas que stressam em casa e na escola”. Outro aluno mencionou que “com a ‘Porta Amiga’ podemos soltar certos sentimentos maus que nos estiveram a magoar ou mesmo algo bom, mas que nos preocupe”. Um outro aluno no seu testemunho dizia que a “Porta Amiga” o tinha ajudado a subir as notas.
P – Qual o impacto do projeto no sucesso educativo?
R – De um modo geral, este projeto tem demonstrado um impacto positivo na melhoria da relação intra e interpessoal dos alunos, assim como nos resultados escolares, sendo este último o único indicador quantitativo que conseguimos apurar.
Importa mencionar que a duração deste apoio é variável, em função das características do aluno, da sua necessidade e respetivas potencialidades. Em algumas situações tem uma durabilidade mais reduzida, havendo outras situações em que o mesmo pode prolongar-se por mais tempo.
O facto deste apoio ser universal, destinando-se a qualquer aluno que necessite das especificidades do mesmo e não se sobrepondo com outros apoios, tem revelado ter um impacto positivo ao nível micro e macro, contribuindo deste modo para a promoção do sucesso escolar e de uma escola inclusiva.
P – Os resultados justificam a continuidade do projeto?
R – Atendendo aos resultados positivos deste projeto, o mesmo continua a ser uma necessidade e uma mais-valia no Agrupamento. Como este apoio se destina a crianças e jovens em desenvolvimento, é crucial que seja um processo dinâmico e flexível, de acordo com as especificidades do aluno, assim como dos contextos escolar e familiar. Por este motivo é um projeto que está em contínuo processo de melhoria e aperfeiçoamento.
A implementação deste projeto requer um cuidado acrescido pela psicóloga e técnica do SAAF, devido à complexidade crescente das histórias de vida e vulnerabilidade dos alunos. Sendo, por isso, necessário facultar um maior suporte aos professores, capacitando-os para lidarem adequadamente com as situações e com o impacto emocional das mesmas.
Acresce, ainda, a preocupação associada aos limites de atuação dos professores e do próprio projeto, de forma a não se extrapolar para áreas que exigem outras competências técnicas.
NA SENDA DO SUCESSO ESCOLAR
Na edição papel de 15 de dezembro, o Postal do Algarve divulgou dois projetos inspiradores que visam melhorar o sucesso escolar no Algarve, numa iniciativa em parceria com o Programa Regional Algarve 2030, para quem o investimento na Educação constituiu, desde a primeira hora, uma prioridade.
Leia sobre o segundo projeto em:
Projeto de integração e aprendizagem facilita domínio da língua portuguesa na Tecnopolis em Lagos