Dezenas de enfermeiros algarvios concentraram-se, na passada sexta-feira, em Portimão para acusar o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) de mentir sobre a contagem do tempo de serviço. Dizem que a administração está a roubar-lhes quase 20 anos de experiência nos cálculos dos salários.
Concentrados junto à porta principal da unidade hospitalar de Portimão, os enfermeiros entoaram palavras de ordem como “enfermeiros a cumprir, queremos progredir” e “queremos justiça”, enquanto seguravam cartazes onde se lia “ARS e CHUA – paguem o que prometeram aos enfermeiros” e “CHUA rouba anos de serviço e nega progressão aos enfermeiros”.
Na concentração de protesto, promovida pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), os profissionais de saúde exigiram que a Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve o Centro Hospitalar Universitário do Algarve – que integra os hospitais de Faro, Portimão e Lagos – cumpram o compromisso assinado em 2019 “para a progressão dos enfermeiros”.
Nuno Manjua, da direção regional de Faro do SEP, notou que, “para além de não terem progredido nas carreiras, os enfermeiros receberam recentemente com grande surpresa que apenas vai contar o seu tempo de serviço de 2018 para a frente”.
O dirigente sindical assegurou que os enfermeiros vão continuar em luta até que sejam satisfeitas as suas reivindicações, adiantando que até ao dia 12 de maio – Dia Internacional do Enfermeiro -, os profissionais de saúde vão manifestar “a sua indignação”, com concentrações alternadas em Faro, Portimão e Lisboa.
Provedor de Justiça dá razão
O sindicato garantiu anda que até o Provedor de Justiça dá razão aos enfermeiros e que, por isso, decidiram avançar com ações de protesto semanais, deixando, para já, de parte a paralisação, numa altura em que a afluência às urgências é maior.
A administração do centro hospitalar reconhece a justiça da reivindicação, mas diz que, para ser justa, terá de rever o acordo coletivo celebrado em 2018.
O sindicato não compreende esta posição, afirmando que há outros hospitais do país onde o acordo em vigor bastou para garantir a justiça salarial.
Surto fechou novos internamentos na ala de cirurgia do Hospital
A ala poente do serviço de cirurgia do Hospital de Faro teve que ser encerrada na passada semana “a novos internamentos” devido a um surto de covid-19, mas a assistência foi garantida noutras áreas da unidade, garantiu fonte hospitalar.
O diretor clínico do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA – que gere os hospitais de Faro, Portimão e Lagos), Horário Guerreiro, assegurou que, com alguma “ginástica na gestão de camas”, o hospital concentrou as pessoas infetadas e contactos próximos na ala poente do serviço de cirurgia, encerrando-o a novos internamentos e redirecionando a assistência habitualmente aí prestada para outras áreas da unidade. O representante adiantou que a ala poente da cirurgia, “com uma lotação de 28 camas”, estava ocupada com 25 doentes, 12 dos quais com infeção de covid”, enquanto os “restantes [13] estiveram em contacto com infetados de covid, mas sem casos positivos”.
“As coisas estão a funcionar normalmente, não tivemos de cancelar nenhuma atividade particular. Obviamente produz consequências a nível da gestão das camas, temos de fazer alguma ginástica para encaixar os doentes, mas por enquanto temos mantido a atividade”, garantiu na altura o médico do Centro Hospitalar.