A Biblioteca Digital Mundial é o resultado de uma iniciativa da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que reúne um importante acervo com obras dos mais conceituados autores. Tudo em parceria com dezenas de instituições de vários países.
Esta Biblioteca pretende disponibilizar na Internet, gratuitamente e em formato multilingue, para além de grandes obras da literatura universal, materiais primários de culturas de todo o mundo, mas com importante significado, tais como manuscritos, mapas, livros raros, partituras musicais, gravações, filmes, gravuras, fotografias, desenhos arquitectónicos e outros materiais culturais significativos. É importante o objectivo de expandir conteúdo não-inglês e não-ocidental na Internet, e contribuir para a pesquisa académica.
A Biblioteca Digital Mundial abriu em 2009 com 1.236 itens. No final de 2015, já tinha mais de 12.000 itens de quase 200 países. Um dos itens está datado de 8.000 anos a.C.
Mais de 100 línguas estão representadas, incluindo algumas menos conhecidas e ameaçadas. Os documentos estão traduzidos em sete línguas: português, inglês, francês, castelhano, russo, mandarim e árabe.
O projecto surgiu com o objectivo de fornecer recursos para a pesquisa de académicos, bibliotecários e educadores, por meio do acesso ao acervo de grandes bibliotecas e instituições culturais de muitos países. Visa também promover a divulgação e compreensão intercultural, para além da consulta de conteúdo relevante na Internet.
Entre os documentos digitalizados disponíveis no acervo da Biblioteca Digital Mundial estão verdadeiros tesouros culturais como:
– Os primeiros mapas da América, desenhados por Diego Gutiérrez para o rei da Espanha em 1562;
– Manuscritos científicos árabes da Biblioteca de Alexandria, no Egipto;
– Hyakumanto Darani: um documento japonês publicado em 764, literalmente significa “Um Milhão de Pagodes e Orações Dharani” considerado o primeiro texto impresso da história;
– A Bíblia de Gutenberg;
– Declaração de Independência dos Estados Unidos;
– Constituições de inúmeros países;
– Pinturas rupestres africanas que datam de 8.000 anos a.C;
– O Conde de Genji: obra da literatura japonesa, considerado um dos romances mais antigos do mundo;
– Fotografias antigas da América Latina, que integram o acervo da Biblioteca Nacional do Brasil;
– O Codex Gigas, também conhecido como a Bíblia do Diabo: o maior manuscrito medieval do mundo, que pertence à Biblioteca Real de Estocolmo, na Suécia.
A origem da Biblioteca Digital Mundial
Em 2006, a UNESCO e a Biblioteca do Congresso dos EUA convocaram uma Reunião de Especialistas na sede da UNESCO em Paris para discutir o projecto. Especialistas de todo o mundo identificaram vários desafios que o projecto teria de superar para ser bem-sucedido.
A Biblioteca Digital Mundial foi lançada em 2009, como sendo um projecto da Biblioteca do Congresso dos EUA, com o apoio da UNESCO, e com contribuições de bibliotecas, arquivos, museus e instituições educacionais de todo o mundo.
Todos os documentos disponíveis na Biblioteca Digital Mundial possuem uma breve descrição do seu conteúdo e significado. O website é bastante intuitivo, sendo possível realizar pesquisas por períodos históricos, locais, tipos de documento e instituições.
O website da Biblioteca do Congresso Americano apresenta uma breve resenha da história do projecto Biblioteca Digital Mundial e a Biblioteca propriamente dita, está alojada no website da Biblioteca do Congresso: www.loc.gov/item/lcwaN0018836/
Em 2010, instituições e organizações que contribuíram para a Biblioteca Digital Mundial adoptaram a Carta da Biblioteca Digital Mundial.
Só em 2020 esta Carta foi concluída. Em 2021, a Biblioteca tornou todo um conjunto de tesouros interculturais, de grande valor, acessível de forma permanente. Pois toda esta colecção é um recurso valioso que mostra a diversidade das culturas do mundo através de contribuições de centenas de instituições que formam uma base sólida de conhecimento.
Dia Mundial do Livro
Em Abril celebra-se o Dia Mundial do Livro. O dia 23 foi o dia escolhido, porque consta que nessa data, em 1616, morreram dois dos maiores autores de todos os tempos: o dramaturgo inglês William Shakespeare e o romancista espanhol Miguel de Cervantes.
Em 23 de Abril de 1926 a Espanha resolveu comemorar o Dia do Livro não só para relembrar o grande escritor espanhol, mas também por se comemorar o Dia de São Jorge, padroeiro da Catalunha. Nesse mesmo ano, o Rei Afonso XIII de Espanha assinou um decreto com o qual criou oficialmente o “Festival do Livro Espanhol”.
Na Catalunha há o costume de nesse dia se presentear aqueles de quem se gosta com flores e livros. Mais concretamente, a tradição consiste no gesto de os homens oferecerem rosas às mulheres e as mulheres oferecerem livros aos homens. Por vezes, esta festividade aparece com a designação de “Festival da Rosa e do Livro”.
A UNESCO promove, internacionalmente, a leitura, a publicação de livros e a protecção da propriedade intelectual através dos direitos autorais. E considera “que historicamente, o livro é o instrumento mais importante na difusão dos conhecimentos”. Assim, em 1995, a Conferência-Geral da UNESCO reuniu-se em Paris e decidiu que uma das formas mais eficazes de promoção do livro é organizar todos os anos o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor.
Este é o dia em que muitas bibliotecas foram inauguradas.
Esteja atento às várias programações, pois todas as bibliotecas têm iniciativas comemorativas do Dia Mundial do Livro.
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*A autora escreve de acordo com a antiga ortografia
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