Estamos a entrar num novo ano, no ano de 2023. Temos diversos assuntos em aberto para a nossa região. A construção do Hospital Central do Algarve a implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) no distrito de Faro e a revisão do plano regional de ordenamento do território do Algarve (PROTAL) são as questões fundamentais que estão em cima da mesa. Na prática é dizer que precisamos de, por um lado, de mais e melhores cuidados de saúde, depois, precisamos que o PRR e o PROTAL possam, de algum modo, revitalizar e tornar mais resiliente a nossa economia.
O Algarve precisa de diversificar a sua base económica, temos uma excessiva concentração da atividade económica no setor do turismo, mais de 60%, que expõe a região a qualquer crise nesse setor. Depois porque precisamos de atrair empresas de referência, na área da inovação tecnológica, de indústrias exportadoras, empresas que por um lado marquem a região no contexto económico e empresarial, mas também, tenham a capacidade de fixar mão-de-obra qualificada na região.
“O grande instrumento estratégico do Algarve já data de há quase 20 anos. A questão que se coloca é a de saber o que andam determinados responsáveis políticos a fazer!”
Os jovens recém-licenciados e aqueles algarvios que vão para fora estudar, têm dificuldades em regressar porque a região não tem uma estrutura empresarial suficientemente atrativa para fixar estes jovens e lhes dar um futuro promissor. Por outro lado, o PRR, tal como foi indicado pelo plano estratégico realizado pela AMAL, constitui, talvez, o último instrumento nas próximas décadas para se concretizarem investimentos estratégicos na região. Falamos de investimentos relacionados com parques tecnológicos, para apostar na eficiência energética e hídrica, e fundamentalmente no apoio a projetos inovadores com efeitos multiplicadores na economia. Depois, uma questão que sistematicamente tem sido adiada: saber o que fazer com a serra algarvia. Estamos a falar de uma área que representa mais de 60% da superfície do Algarve. Estamos a falar de um território onde estão sediadas as nossas reservas hídricas, onde podem ser implementados projetos de produção de energia para a região e que encerra um vastíssimo património cultural.
Algumas áreas deste território podem oferecer soluções de habitação interessantes e podem alojar projetos florestais importantes e alguns segmentos agroindustriais que se podem promover. Há, no entanto, uma questão de fundo que está por resolver e não vemos, ainda, qualquer iniciativa para a solucionar: a digitalização do interior do Algarve. Sem uma rede de comunicações digitais é impossível realizar qualquer projeto que tenha em vista a dinamização da economia do interior do Algarve.
Por fim, nenhuma destas intenções pode ser realizável sem a revisão do PROTAL. É uma profunda irresponsabilidade não se ter ainda revisto este instrumento. Quem está por dentro deste tema, sabe que a maioria dos objetivos do PROTAL, publicado em 2007, foram alcançados. Não obstante ter sido publicado em 2007, os estudos datam de 2004. Isto significa que o grande instrumento estratégico do Algarve já data de há quase 20 anos. A questão que se coloca é a de saber o que andam determinados responsáveis políticos a fazer!