As profissões na restauração e hotelaria “não são percecionadas como atrativas para a maioria das pessoas, e estão classificadas nos últimos lugares”, alertou Luísa Pinho, ‘senior account’ da Randstad Portugal, na conferência sobre mercado de trabalho que decorre no Porto, promovida pela Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), onde se procurou reunir o sector para encontrar formas de “atrair e cativar talento” face ao problema de escassez de mão-de-obra num momento de recuperação.
A “importância de dar outro nome, mais sexy, como por exemplo aos empregados de mesa” foi enfatizada pela responsável da empresa de recrutamento. “É possível tornar estas funções um pouco mais atrativas, também pelo nome que lhes damos”.
Um exemplo emblemático de uma das profissões no sector que se tornou das mais valorizadas é a dos cozinheiros, que passaram a ser designados de ‘chefs’.
Mas o nome está longe de resolver tudo. “Podemos até mudar o nome e a nomenclatura de certas profissões, mas isto não muda as tarefas e o esforço que as pessoas têm de fazer e o seu nível de remuneração. Vamos ter um ‘designer de quartos’ e depois pagamos o mesmo?”, questionou Luis Araújo, presidente do Turismo de Portugal, enfatizando que “as pessoas têm de ser um investimento” e temos de começar a distribuir melhor a riqueza”.
Mas o tema da ‘riqueza’ também é critico num momento em que as empresas enfrentam aumento generalizado de custos com um conflito armado em plena Europa.
“Hoje vivemos uma segunda pandemia”, com a guerra na Ucrânia, “quando esperávamos que o turismo recuperasse”, lembrou Carlos Moura, vice-presidente da AHRESP. “Vamos recuperar, mas para isso teremos de saber fidelizar os clientes, e com bons serviços”.
Devido aos efeitos da guerra, “temos um problema grande com as matérias-primas, e não é só a subida de preços”, frisou ainda o responsável da AHRESP, referindo que “a inflação a nível das matérias-primas já ultrapassou 20%”, acrescendo-se o agravamento dos combustíveis que atinge todos os serviços das empresas de restauração e alojamento, onde “alguém tem de transferir as mercadorias”.
“O Orçamento do Estado prevê 200 milhões de euros de apoios às empresas e às famílias, mas não sabemos se é suficiente”, advertiu o responsável da associação de hotéis e restaurantes. “A AHRESP já fez oito propostas ao Governo, houve umas que foram ouvidas, e outras não – como a importância de reduzir temporariamente o IVA de forma a melhorar a tesouraria das empresas”.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL