A União Europeia (UE) vai criar reservas estratégicas para evitar ruturas no abastecimento de matérias-primas fundamentais para a indústria, como terras-raras e lítio, cuja oferta é controlada pela China, anunciou esta quarta-feira a Presidente da Comissão Europeia.
“Hoje, anuncio o ato legislativo sobre as matérias-primas essenciais“, disse Ursula von der Leyen, no seu terceiro discurso sobre o Estado da União Europeia, proferido na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo.
“Num futuro próximo, o lítio e as terras-raras tornar-se-ão mais importantes do que o petróleo e o gás”, considerou a líder do executivo comunitário, acrescentando que, “até 2030, a nossa procura de terras raras irá quintuplicar” e que a procura de lítio aumentará à medida que a economia da UE se eletrificar, havendo a necessidade de os Estados-membros assegurarem o aprovisionamento de modo a “evitar um regresso à dependência, como no caso do petróleo e do gás”.
Ursula von der Leyen acrescentou, no âmbito da nova legislação sobre matérias-primas essenciais, que Bruxelas vai identificar “projetos estratégicos ao longo de toda a cadeia de abastecimento, da extração à refinação, da transformação à reciclagem”, e criar reservas estratégicas, no caso de haver riscos no abastecimento. Neste sentido, foi anunciada para os próximos meses a construção da primeira “mega-fábrica” de chips na UE.
“Atualmente, a China controla a indústria transformadora mundial, quase 90% das terras-raras e 60% do lítio são transformados na China“, referiu ainda.
As terras-raras são um grupo de 17 elementos químicos que podem ser utilizados em ecrãs de televisão e computadores, baterias de telemóveis e carros elétricos e turbinas eólicas. Em Portugal, uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), promovida pela Direção-Geral de Energia e Geologia, reduziu, em fevereiro, de oito para seis as áreas com potencial de existência de lítio, havendo contestação popular à exploração do minério.