Ir ao Multibanco é uma rotina banal para milhões de portugueses. Inserir o cartão, digitar o PIN e levantar dinheiro parece simples. Mas nos últimos meses, têm-se multiplicado os alertas sobre um novo golpe que apanha até os mais atentos. Chamado de “cartão preso” ou “Lebanese Loop” pelo Leak, este esquema consegue ficar com o cartão físico e o código secreto da vítima, permitindo aos burlões levantar dinheiro de imediato.
De acordo com o site de tecnologia Leak, este truque tem vindo a preocupar as autoridades porque não depende de clonagem sofisticada ou de operações feitas no estrangeiro, como acontecia com o skimming. Aqui, os criminosos atuam no momento, aproveitando um detalhe quase impercetível.
Como funciona o golpe do cartão preso
O método começa com a colocação de uma pequena peça de plástico ou metal na ranhura da máquina. Este objeto é tão discreto que a maioria das pessoas não repara. O resultado é simples: o cartão fica preso.
A vítima, nervosa, tende a repetir o PIN várias vezes na tentativa de recuperar o cartão. É nesse momento que, normalmente, surge alguém que aparenta querer ajudar. Explica o Leak que esse “bom samaritano” pode sugerir combinações para libertar o cartão ou até partilhar experiências semelhantes, enquanto observa os movimentos e decora o código.
Quando a vítima desiste e se afasta, os burlões retiram a peça, ficam com o cartão e já sabem o PIN.
Porque não é skimming
Ao contrário do skimming tradicional, em que são copiados os dados magnéticos para depois criar cópias de cartões usados no estrangeiro, este esquema dá acesso imediato ao cartão original e ao código secreto. Isso permite levantar dinheiro no momento, sem levantar suspeitas.
Segundo a mesma fonte, esta é uma das razões pelas quais o golpe tem feito tantas vítimas: a rapidez com que os criminosos conseguem usar o cartão antes de ser cancelado.
A nova variação: o truque da nota
Nos últimos tempos surgiu ainda outra versão. Em vez de prender o cartão, os burlões deixam uma nota de euro presa na saída da máquina. Muitos utilizadores, ao verem dinheiro “esquecido”, tentam puxá-lo. Enquanto isso, ficam distraídos e expostos.
Escreve o Leak que esta técnica tem sido usada para observar discretamente o PIN ou até para abordar diretamente a vítima com falsas ofertas de ajuda.
Como se proteger
As autoridades aconselham a nunca voltar a introduzir o PIN se o cartão ficar preso. Deve-se ligar de imediato para o número de emergência do banco, presente no verso do cartão, e nunca aceitar ajuda de desconhecidos.
Outro cuidado passa por observar a ranhura da máquina antes de iniciar qualquer operação. Se a entrada do cartão parecer solta, desalinhada ou com aspeto suspeito, o melhor é procurar outro Multibanco.
Proteger o teclado com a mão sempre que se introduz o PIN é outra recomendação básica, já que evita a leitura do código por terceiros.
Um golpe simples, mas eficaz
O chamado “cartão preso” pelo Leak não exige tecnologia avançada, mas é precisamente essa simplicidade que o torna eficaz. Os burlões não querem copiar dados: querem ficar com o cartão original e com o PIN memorizado.
Basta um momento de distração para que a vítima perca o acesso à conta e ao saldo. Estar atento e desconfiar de situações fora do normal é a melhor forma de evitar cair neste esquema.
Leia também: Parece dinheiro esquecido, mas é burla: saiba como funciona o truque da nota no Multibanco e proteja a ‘carteira’