O diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) saudou esta sexta-feira o fim da proibição dos saldos a partir de segunda-feira, mas considerou “incompreensível” a manutenção do limite de um cliente por cinco metros quadrados nos espaços comerciais.
“Temos de saudar o anúncio do fim da proibição de saldos e promoções que estava anunciada até dia 9 e que tivemos a confirmação de que vai de facto acabar”, começou por sublinhar Gonçalo Lobo Xavier, em declarações à Lusa.
Segundo o diretor-geral da APED, o período de saldos a seguir ao Natal e Ano Novo é “particularmente importante” para as empresas conseguirem escoar produtos, sobretudo no segmento do vestuário e calçado, “uma área muito fustigada” durante a pandemia de covid-19.
Já quanto à manutenção da restrição de um cliente por cada cinco metros quadrados nos estabelecimentos comerciais, Lobo Xavier considerou que a medida é “incompreensível” e que “não tem razão de ser”.
“É uma teimosia para manter algo em nome de uma suposta proteção, quando já se provou que não é nos espaços comerciais que o vírus se transmite”, disse, acrescentando que “as filas” que se formam à porta das lojas em dias de maior pressão é que podem ser “complicadas em termos de saúde pública”.
Gonçalo Lobo Xavier defendeu ainda a necessidade de se reduzir “de forma célere” o período de isolamento profilático de sete para cinco dias, no caso de pessoas infetadas com covid-19 que estejam assintomáticas.
Segundo o responsável, nas últimas semanas registou-se um “aumento do absentismo” no sector da distribuição, assim como noutros sectores, devido ao período de isolamento, que, entretanto, passou de dez para sete dias, conjugado com o apoio à família para os pais que tiveram de ficar em casa devido ao encerramento das escolas.
“O absentismo estava a tomar proporções relativamente preocupantes, com consequências nas nossas operações, quer nas ligadas à atividade comercial pura nas lojas, quer nos entrepostos e logística, que foram pressionados nos últimos dias”, contou o líder da APED.
A falta de pessoal não implicou falhas no abastecimento, mas “houve uma pressão muito grande” que obrigou a uma “reorganização do trabalho e operações de logística muito complicadas”, acrescentou.
Quanto ao teletrabalho obrigatório, que foi estendido até dia 14, Gonçalo Lobo Xavier indicou que tem pouca expressão no sector, onde o trabalho é maioritariamente presencial.
“A manutenção por mais uma semana do teletrabalho obrigatório, não é muito significativo” para o setor, disse, admitindo, no entanto, que, do ponto de vista do consumo, pode ter algum impacto.
O Conselho de Ministros aprovou na quinta-feira medidas relacionadas com a pandemia, entre as quais o fim da proibição de saldos e promoções a partir do dia 10 de janeiro.
Por outro lado, o Governo decidiu manter a limitação de uma pessoa por cada cinco metros quadrados nos espaços comerciais.
Já o regime de teletrabalho obrigatório foi mantido em todo o território nacional continental até ao dia 14 de janeiro, passando a ser recomendado a partir dessa data.