O ministro do Ambiente português, Duarte Cordeiro, anunciou esta terça-feira em conjunto com a homóloga espanhola, Teresa Ribera, um acordo com a Comissão Europeia no sentido de os dois países fixarem os preços do gás natural nos 40 megawatts por hora (MWh), de forma a aliviar a pressão que estes têm imposto nos preços da eletricidade.
A proposta ibérica pretende fixar um preço médio de 50 euros por MWh para o gás natural, ao longo de 12 meses, sendo que no início o limite previsto são os 40 MWh. “O preço que temos hoje no mercado é 90 euros por MWh”, aponta o ministro do Ambiente português.
“O ganho médio durante este período, se o preço do gás continuar muito alto, vai ser muito significativo”, defende Duarte Cordeiro. Nos últimos dias, ressalva, não se tem assistido a “preços tão altos” no mercado da eletricidade, porque não tem sido o gás a marcar o preço. Mas a partir do momento que o seja, “voltaremos a ter preços elevadíssimos”, uma situação que esta proposta pretende prevenir.
No mercado ibérico, os preços são definidos pela última tecnologia que é “chamada” a dar resposta às necessidades. Começa por se responder à procura com as energias mais baratas, geralmente as renováveis e, à medida que estas vã escasseando, recorre-se a energias sucessivamente mais caras. Ultimamente, o gás tem puxado para cima os preços da eletricidade no mercado grossista – onde produtores vendem a sua eletricidade a comercializadores e grandes consumidores – já que os preços do gás têm vindo a galopar devido (também) às pressões impostas pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia, depois de a pandemia já ter vindo complicar os preços desde o ano passado.
Neste sentido, Portugal e Espanha, cujo mercado da eletricidade é partilhado, decidiram unir-se para apresentar uma proposta de tectos nos preços do gás. No entanto, esta solução não é consensual. Este anúncio é feito dias depois de o jornal Observador ter noticiado que as grandes elétricas se mostravam céticas sobre a proposta ibérica para baixar os preços da eletricidade no mercado grossista, que está a ser negociada com a Comissão Europeia: afirmaram, em carta, que esta é mais favorável para os consumidores espanhóis do que para os portugueses, que até poderão acabar a pagar mais. Uma opinião que consta de uma carta enviada a três comissários europeus no passado dia 8 de abril, onde afirmam que os custos podem ser superiores às poupanças estimadas.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL