As unidades de alojamento estão há vários anos a implementar medidas para reduzir consumos de água e a adaptar atividades de limpeza à situação de seca que afeta o país, assegurou fonte da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).
A vice-presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, disse à agência Lusa que a preocupação com a poupança de água e a sustentabilidade ambiental tem sido uma constante desde 2017 para os 800 associados da hotelaria e das unidades de alojamento local coletivo e as medidas que estão a ser adotadas têm sido acompanhadas por uma sensibilização cada vez maior dos hóspedes para a necessidade de alterar comportamentos relativos ao consumo de água e aos hábitos de limpeza nos quartos.
“Esta situação de stresse hídrico ou de défice de água já não é a primeira vez que nos atinge e, portanto, a associação tem, desde 2017, uma série de boas práticas e de informação que é prestada quer aos nossos hóspedes, quer a todos os colaboradores, no sentido de haver uma monitorização constante dos consumos de água”, afirmou Cristina Siza Vieira.
A vice-presidente executiva da AHP precisou que em causa não está a quantidade que os hóspedes bebem ou os banhos que tomam, mas sim a “mudança do paradigma” no que se refere às “mudanças das roupas de cama e de casa de banho” e às “limpezas intensivas que são feitas nos quartos”.
“Há uma série de medidas que já vinham a ser tomadas, como as torneiras com sensores, os redutores de caudal, agora os autoclismos de dupla descarga e os sistemas de dosagem de detergente, mesmo os que são utilizados para a limpeza”, assinalou, acrescentando que, por outro lado, trabalha-se também na sensibilização do cliente no sentido de “a mudança da roupa de cama e de casa de banho não ser diária”.
Neste âmbito, esclareceu, “o hóspede tem agora de sinalizar se pretender que a roupa seja mudada”, porque o paradigma se alterou e as mudanças de roupa de cama e casa de banho só são feitas a pedido” dos mesmos.
“Já não é como até aqui, se não colocar [as toalhas, por exemplo] em cima da cama, nós mudamos. Agora é ao contrário, se quiser que nós mudemos, tem de colocar a roupa em cima da cama ou inclusivamente sinalizar na receção que pretende a mudança”, acrescentou.
Por outro lado, foram também introduzidas alterações no que se refere à limpeza diária da unidade de alojamento, referiu, justificando estas medidas “não apenas por questões exclusivamente ambientais e de consumo de água, mas também porque há poucas pessoas neste momento” para trabalhar e, “no verão, há necessidade de ser mais económicos na distribuição destas limpezas”.
Cristina Siza Vieira considerou que “os próprios hóspedes já estão muito sensíveis” a estas temática ambientais e de poupança de água, mas realçou que há também da parte das unidades de alojamento a preocupação de aprofundar “a reutilização de águas residuais” tratadas para gastos não potáveis.
“Em casa não mudam todos os dias a roupa de cama, não faz sentido mudar a roupa de cama todos os dias no hotel”, argumentou, frisando que este trabalho é transversal a todas as unidades do país, porque embora a seca se “registe mais na região sul, também afeta o Vale do Tejo e o interior Norte” e “não é nada que se possa circunscrever ao Algarve”.