Um herdeiro da Hermès avançou com um processo civil contra a LVMH e o presidente executivo do grupo, Bernard Arnault, exigindo cerca de 14 mil milhões de euros. No centro do litígio está a alegação de que foi privado de milhões de ações durante a tentativa de aquisição da Hermès em 2010, episódio que marcou um dos confrontos empresariais mais intensos do setor do luxo.
De acordo com o site Executive Digest, especializado em negócios e atualidade, Nicolas Puech, hoje com 82 anos, garante que nunca autorizou a transferência do seu pacote de seis milhões de títulos e que as ações foram desviadas sem o seu conhecimento.
O herdeiro, membro da família fundadora e um dos grandes acionistas históricos da marca, acusa o consultor financeiro que durante duas décadas geriu o seu património de ter orquestrado a transferência secreta para a LVMH.
O caso regressou agora à esfera pública porque a ação judicial deu entrada no Tribunal Judicial de Paris e teve uma primeira audiência a 20 de novembro.
Segundo a mesma fonte, o processo remete para a operação conduzida pela LVMH em 2010, quando o grupo de Arnault acumulou discretamente uma posição de 23 por cento na Hermès através de instrumentos financeiros complexos.
A iniciativa acabou por falhar e levou a uma multa de oito milhões de euros aplicada pela Autoridade dos Mercados Financeiros francesa, que concluiu que o conglomerado ocultara informação relevante ao mercado.
A alegada transferência e a morte do consultor
Nicolas Puech afirma que confiou durante cerca de vinte anos a gestão das suas ações ao consultor suíço Eric Freymond, que morreu em julho deste ano.
Em dezembro de 2023, o herdeiro apresentou uma queixa por abuso de confiança contra o gestor, alegando que Freymond teria procedido à transferência dos títulos para a LVMH sem qualquer autorização e sem lhe comunicar o destino das ações.
De acordo com a investigação descrita pela Executive Digest, Puech sustenta que esses seis milhões de títulos, avaliados atualmente em aproximadamente 14 mil milhões de euros, tinham permanecido sob a sua posse até ao momento em que foram desviados. A morte do consultor impossibilita o esclarecimento direto dos factos, mas não travou o avanço da ação.
A LVMH e Bernard Arnault rejeitam qualquer envolvimento na alegada apropriação indevida das ações. Segundo a mesma fonte, o líder do grupo afirmou que nunca teve conhecimento de que os títulos em causa não pertenciam legitimamente à entidade que os transmitiu.
A disputa volta a expor um dos episódios mais tensos na história das grandes casas de luxo francesas e reabre questões sobre a forma como algumas operações financeiras foram conduzidas na altura.
O processo segue agora no tribunal parisiense, onde será avaliada a extensão das responsabilidades e a eventual indemnização reclamada pelo herdeiro.
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