Em Portugal, o mercado de trabalho enfrenta um paradoxo: apesar da existência de milhares de ofertas de emprego, muitas permanecem por preencher. No final do terceiro trimestre de 2022, registaram-se 61.626 vagas sem candidatos, representando um aumento de 43,9% face ao mesmo período de 2021, são os dados mais atualizados avançados pelo Jornal de Notícias.
Setores com maior escassez de candidatos
Já as profissões com maior dificuldade de recrutamento incluem vendedores, especialistas em tecnologias de informação e comunicação (TIC) e profissionais de apoio direto a clientes, como técnicos de call center. No caso dos vendedores, 11.742 ofertas ficaram por preencher, correspondendo a cerca de um sexto do total de empregos vagos. Os especialistas em TIC registaram 5.264 vagas sem candidatos, enquanto os profissionais de apoio a clientes contabilizaram 4.978 ofertas não ocupadas.
Distribuição geográfica das vagas
A Área Metropolitana de Lisboa concentra a maior parte das ofertas de emprego não preenchidas, com 27.377 vagas, seguida pelo Norte, com 18.117, e o Centro, com 9.844. Estas três regiões representam a maioria das oportunidades de trabalho disponíveis no país.
Fatores que contribuem para a falta de candidatos
Vários fatores explicam a dificuldade em preencher estas vagas. Em algumas profissões, como as de vendedores e técnicos de call center, as condições de trabalho podem ser pouco atrativas, devido a salários baixos, horários irregulares e elevada pressão para cumprir metas. No caso dos especialistas em TIC, a escassez de profissionais qualificados e a concorrência internacional por talento dificultam o recrutamento.
Impacto nas empresas e na economia
A persistência de vagas por preencher afeta a produtividade das empresas e limita o crescimento económico. Setores como a construção civil têm recorrido à mão de obra estrangeira para colmatar a falta de trabalhadores disponíveis. Nas grandes empresas, a taxa de empregos vagos é de 2,9%, superior às microempresas (1,7%) e às pequenas e médias empresas (2,1%).
Soluções para mitigar o problema
Para enfrentar este desafio, é fundamental melhorar as condições de trabalho nas profissões menos atrativas, oferecendo salários competitivos e oportunidades de progressão na carreira. Investir na formação e requalificação profissional pode aumentar a disponibilidade de candidatos qualificados, especialmente nas áreas de TIC. Além disso, políticas de imigração que facilitem a entrada de trabalhadores estrangeiros podem ajudar a suprir a escassez de mão de obra em setores específicos.
Em suma, apesar do elevado número de ofertas de emprego em Portugal, a falta de candidatos para determinadas profissões representa um desafio significativo para o mercado de trabalho e para a economia nacional. Abordar as causas subjacentes a esta discrepância é essencial para promover um crescimento económico sustentável e inclusivo.
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