O Governo apresentou esta sexta-feira uma nova proposta salarial aos sindicatos da função pública, mantendo os aumentos em 52,11 euros, mas com um mínimo de 3%, face aos anteriores 2%, disse a Frente Comum, considerando o valor “miserabilista”.
“Aproposta com que o Governo esta sexta-feira chega à mesa continua a ser absolutamente miserabilista, do ponto de vista da Frente Comum”, começou por dizer o líder da estrutura sindical, Sebastião Santana, à saída de uma reunião com a ministra da Presidência, Mariana Veira da Silva, e com a secretária de EStado da Administração Pública, Inês Ramires.
Segundo indicou o sindicalista, o Governo para a função pública “mantém a proposta para a base, portanto, a alteração de um nível remuneratório, são 52,11 euros e evoluiu dos 2% para os 3% daí para a frente”.
“O que nos separa são 12% de proposta e a diferença grande é que a nossa permite inverter o caminho do empobrecimento e a do Governo não e, perante isto, é natural que os trabalhadores reflitam sobre que desevolvimentos é que vão ter daqui para a frente nas negociações”, avisou Sebastião Santana.
A proposta de aumentos salariais da Frente Comum é de 15%, com a garantia de um mínimo de 150 euros por trabalhador.
Sebastião Santana disse que a Frente Comum pediu negociação suplementar ao Governo e espera que a proposta do executivo seja ainda melhorada, nomeadamente quanto à base remuneratória da administração pública, que atualmente é de 769,20 euros.
“Este assunto para nós não está encerrado, há condições para o Governo ir muito mais longe”, sublinhou o líder sindical.
Sebastião Santana disse acreditar que o Governo manteve esta sexta-feira a proposta de atualização da base em 52,11 euros por estar à espera da negociação sobre o salário mínimo nacional para 2024, que acontece na Concertação Social.
O salário mínimo nacional é de 760 euros e no acordo e rendimentos assinado há um ano na Concertação Social ficou prevista uma subida para 810 euros em 2024, mas o primeiro-ministro, António Costa, já admitiu que o valor poderá ser superior.
O Governo e três estruturas sindicais da administração pública voltam esta sexta-feira a negociar a atualização salarial para o próximo ano e outras medidas a integrar na proposta de Orçamento do Estado para 2024 (OE2024).
Nas duas reuniões anteriores, a secretária de Estado da Administração Pública, Inês Ramires, manteve a proposta de atualização salarial que estava prevista no acordo assinado há um ano entre o Governo e as estruturas da UGT, propondo aumentos equivalentes a uma subida de nível remuneratório (cerca de 52 euros).
Em termos percentuais, este aumento de cerca de 52 euros na base remuneratória traduz-se numa atualização de 6,8%.
Além dos aumentos salariais anuais, a proposta do Governo prevê medidas a integrar no OE2024, que será entregue na próxima terça-feira na Assembleia da República, como o fim dos cortes nas ajudas de custo e no subsídio de transporte que estão em vigor desde a crise financeira (dezembro de 2010), uma medida que terá um custo de 21 milhões de euros no próximo ano.
O Governo também propõe repor o valor a pagar pelas horas extraordinárias a partir das 100 horas anuais, como previsto na Agenda do Trabalho Digno, medida cujo custo estimado é de 25 milhões de euros em 2024.
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