Em plena época alta do golfe, que vai de março a maio, os 40 campos do Algarve “têm superado as melhores expectativas, tanto em reservas como em voltas jogadas”, sem sofrerem quaisquer cancelamentos devido à situação de guerra na Ucrânia, segundo adianta Luis Correia da Silva, presidente da Confederação Nacional da Indústria de Golfe (CNIG).
“Este mês de março estamos com resultados espantosos, por também termos a sorte de estar um tempo fantástico no Algarve”, refere o presidente da confederação de golfe, também CEO da Dom Pedro Golf, que detém os campos de Vilamoura.
“Para abril, maio e junho temos os campos completamente cheios, e a expetactiva para este semestre, que é a primeira ‘peack season’ do golfe, é estarmos muito próximos de alcançar os números de 2019, em voltas jogadas e receitas, e em alguns campos pode haver até aumentos de 2% a 5% em relação ao pré-pandemia”, adianta.
Jogadores do Reino Unido e Irlanda são os que mais se destacam nos campos de golfe do Algarve, a par de outros mercados em crescimento, designadamente escandinavos, alemães, belgas ou franceses.
“Há muitas reservas a chegar ao Algarve de todos os mercados, e não tem havido cancelamentos devido à situação de guerra”, constata Luis Correia da Silva.
“A única – e grande – preocupação que temos é o crescimento dos custos do transporte aéreo com o aumento do combustível. Estamos a trabalhar hoje com reservas sem incorporar ainda estes aumentos, e isto é que é o problema que pode surgir nos próximos tempos”, adverte o presidente da CNIG.
Com o regresso em força dos estrangeiros, os campos do Algarve estão a ultrapassar “as melhores expectativas” para a operação em 2022
“O sector está com o coração nas mãos face ao problema do aumento do combustível, que impactará nas viagens de avião, e pode criar uma situação complicada do ponto de vista da decisão de viagem para milhares de pessoas”, salienta.
“Imagine-se que as viagens aéreas passam para o dobro ou o triplo, e não tenho a certeza se as pessoas não vão cancelar os vôos para virem passar as férias. Resta saber até que ponto os turistas estão dispostos a pagar mais pelo transporte aéreo”.
JOGADORES DIZEM NÃO QUERER IR PARA A TURQUIA
Mas de momento, e para a segunda época alta do golfe, de setembro a novembro, “as expectativas também são “muito positivas”. “Para setembro e outubro está tudo a ‘top’, e muitos campos do Algarve já não têm capacidade de acomodar mais reservas”, garante Luis Correia da Silva, referindo que “estamos a receber muitos grupos, por exemplo de alemães, que dizem que já não vão para a Turquia”, num efeito de contágio com a zona geográfica onde decorre o conflito.
Apesar do mês de janeiro ter ficado ligeiramente abaixo, em cerca de 5%, dos valores pré-pandemia para o golfe do Algarve, “em fevereiro e março já deveremos atingir os valores de 2019”, antecipa o presidente da CNIG, frisando que “o mesmo não se passa nos campos de Lisboa ou na região oeste”.
Nesta fase, a pandemia deixou de ser um problema para o sector. “As pessoas já incorporaram os riscos de covid dentro das suas decisões de viagens, e não estão a alterar os seus comportamentos”, nota Luis Correia da Silva.
Aos campos do Algarve, estão a chegar turistas de várias nacionalidades, como é o caso dos finlandeses Raimo e Maria Sinivaara, e o casal amigo Timo e Leena Raunio, que vieram de Helsínquia à região por duas semanas, jogando golfe todos os dias.
“Aqui é muito seguro, não há problemas, o tempo é bom, e os campos são de qualidade. Já cá estivemos em novembro, e esperamos voltar no próximo outono”, garante Raino Sinivaara, enquanto joga no campo Alto Golfe, entre o Alvor e a Praia da Rocha.
O destaque vai para sobretudo para os britânicos, que já podem viajar sem as restrições associadas à covid, como a necessidade de apresentar uma série de testes, e estão a regressar aos campos de golfe algarvios em volumes idênticos ou mesmo superiores a 2019.
“É a primeira vez que volto a este campo em dois anos, porque não podíamos saír. A última vez que cá estive foi em fevereiro de 2020, antes da pandemia”, nota David McFadden, reformado inglês, que está no Alvor por um período de quatro semanas, e tenciona voltar este ano pelo menos mais duas vezes, igualmente por tempo prolongado. “Há 25 anos que venho a Portugal, e fico no Algarve a maioria do tempo. Pelo sol que brilha, para provar vinho – e, claro, para jogar golfe”.
Também o reformado britânico Stewart Ross está no Algarve até final de abril, “sempre a jogar golfe”, e planeia voltar em outubro, prefazendo ao todo mais de dois meses na região. “É muito bom estar de volta, depois de tanto tempo. O céu é azul, aqui é tudo muito relaxante. Que mais se pode pedir?”, conclui.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL