O ministro das Infraestruturas e da Habitação mostrou-se esta segunda-feira satisfeito com os resultados da cimeira ibérica de 4 de novembro em matéria de ferrovia.
“Estamos satisfeitos com os resultados da cimeira porque conseguimos um compromisso com o governo espanhol para as ligações previstas”, afirmou Pedro Nuno Santos durante a audição parlamentar no âmbito da apresentação do Orçamento do Estado para 2023.
“Trabalharemos para chegar a 2030 à fronteira na ligação do Porto a Vigo e estamos a trabalhar com Espanha para que eles cheguem à fronteira também nessa altura”, destacou o ministro. Mas, acrescentou Pedro Nuno Santos, o principal destaque em matéria de ferrovia que saiu da cimeira centra-se no sul do país e aí regista a “abertura do governo espanhol para trabalhar a ligação entre Faro, Huelva e Sevilha”. Lembrando que entre Vila Real de Santo António e Huelva não há ligação ferroviária e que essencialmente é Espanha que terá de fazer a obra, o ministro afirmou que do lado português será necessário fazer uma ponte entre Vila Real de Santo António e Espanha: “É uma ponte, pouco mais teremos de fazer”.
Adiantou também que o programa Ferrovia2020 estará praticamente concluído no final de 2023. “Vamos concluir o Ferrovia2020 com sucesso. Pouco ficará para depois de 2023. E é normal que o último ano seja o de mais obra”, acrescentou, garantindo que “nenhuma das obras da Ferrovia2020 ficará por fazer”. Isto porque se faltar dinheiro para concluir as obras o Governo fará a necessária compensação orçamental. Uma questão que ficou salvaguardada por causa das atuais condições do mercado da construção, em especial devido ao aumento dos custos.
“Revolução” em curso na ferrovia, diz ministro
O ministro garantiu ainda que o saneamento financeiro da CP, com a eliminação de 1860 milhões de dívida histórica, vai mesmo acontecer, será no próximo ano (a expectativa era que ocorresse em 2022) e permitirá à empresa ferroviária avançar para a compra de um lote de comboios para as linhas da alta velocidade. “Trata-se de uma operação contabilística que retira um peso enorme do balanço da CP e permite fazer a compra de comboios de alta velocidade”. Isto porque, lembrou, a compra destas unidades não poderá ser financiada nem por fundos europeus nem pelo Orçamento do Estado e terá de ser a CP a arranjar o dinheiro.
Pedro Nuno Santos voltou a falar de uma “revolução” em curso na ferrovia. “Temos a rede ferroviária nacional praticamente toda em obra. Não estamos a falar em projetos que estão no papel, estamos a falar em renovação e eletrificação de linhas e em linha nova. Está em obra, não são anúncios nem intenções”.
No próximo ano o governo estima investir 781 milhões de euros na ferrovia. Será também em 2023 que será adjudicada a compra de 117 novos comboios e continuará ser recuperado material circulante para colocar em operação.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL