Terá tudo isto marcado o fim da logística tradicional? Tudo indica que sim.
De modo a lidarem com um crescimento de 80% no comércio online em pouco mais de um ano e um aumento de 25% na taxa de recorrência das compras online feitas pelos consumidores portugueses que, segundo os números apresentados pelo Barómetro CTT E-commerce, passaram a fazer 20 compras online por ano, as empresas de logística tiveram a necessidade de implementar estratégias de gestão de dados, stocks, pedidos e processos de distribuição de encomendas mais rápidos e eficazes.
Esta necessidade acabou por ter resposta na digitalização do setor ou, como muitos lhe chamam, a entrada em cena da Logística 4.0.
Acelerada, como vimos, pelos desafios trazidos pela pandemia, a reinvenção da logística através da digitalização dos processos de gestão dos seus serviços focou-se e, de acordo com os principais atores deste mercado, vai continuar a focar-se na automatização das operações e na procura de novas soluções, mais responsáveis do ponto de vista ecológico, mais seguras e personalizadas.
Investimento tecnológico na gestão de processos
Em termos mais práticos, os tradicionais modelos de gestão de armazém, que já davam sinais de ineficiência antes da pandemia, revelaram-se obsoletos e incapazes de responder à procura massiva registada, levando as empresas de logística a procurar nas ferramentas digitais uma solução que lhes permitisse automatizar processos.
Esta automatização veio conferir a estas empresas uma maior flexibilidade e uma visão 360º ao longo de toda a cadeia de valor, que lhes permitiu fazer mais com menos.
Isto significou aumentar a capacidade de receção, gestão e envio de stock e, com isso, acelerar vendas, estando, simultaneamente, expostas a menos erros logísticos que, invariavelmente, se traduzem em custos e prejuízos.
Uma das ferramentas que tornou possível às empresas de logística deixar o modelo de gestão tradicional e adequar-se ao paradigma vigente é o sistema de gestão de armazéns WMS (Warehouse Management Solution).
Essencial para a gestão da cadeia de fornecimento, esta solução permitiu às empresas, entre outras coisas, otimizar o espaço utilizado no armazém (reduzindo os seus custos), facilitar a gestão de stocks, planear e cumprir os timings exatos de entrega de uma encomenda e impulsionar a produtividade das diferentes equipas.
Além de ajudar as empresas a cumprir os timings exatos de entrega de uma encomenda, a utilização de um sistema de gestão de armazéns WMS, permite uma otimização do espaço disponível em armazém, uma redução dos custos de armazenagem, aporta eficiência na distribuição de mercadorias e gestão de entregas, simplifica as operações com listas de picking rápidas, agiliza a criação de diversos formatos de armazenamento (paletes, caixas, etc.) e acompanha o track and trace de cada encomenda, entre outras coisas.
Se a adoção de sistemas de gestão de armazéns WMS pode marcar um “antes” e um “depois” no setor da logística, o futuro pode marcar um aprofundamento da transição digital do setor.
Neste domínio, é importante reter cinco tendências chave. A saber:
- • Automatização das operações e Internet das Coisas (IoT): a gestão de armazéns será aprofundada com um trabalho mais colaborativo entre máquinas e humanos na automatização da gestão de armazéns, na distribuição e na reciclagem de resíduos.
Esta maior delegação de tarefas, por norma, humanas às máquinas, será impulsionada pela Internet das Coisas (IoT) que, entre outras coisas, conectará veículos, infraestruturas e pessoas para melhorar a gestão do tráfego, aumentar a eficiência dos processos remotos e reduzir as emissões poluentes.
- • Business Intelligence: inclusão nas operações de novos softwares desenvolvidos para reduzir o tempo e os recursos dedicados a cada processo, assim como aumentar a segurança, evitar erros e melhorar a rastreabilidade.
- • Análises de Big Data: ao evoluir para processos impulsionados por dados, a logística terá que tirar partido do seu valor para antecipar a procura dos clientes e fazer previsões para otimizar as operações e as margens.
- • Inteligência Artificial e algoritmos preditivos: a utilização de IA e machine learning será cada mais generalizada de modo a melhorar a capacidade de adaptação dos operadores a picos na procura e mudanças sazonais.
- • Cibersegurança: uma maior digitalização dos processos vai obrigar, necessariamente, a um maior investimento em cibersegurança com vista à proteção da integridade, confidencialidade e disponibilidade dos dados através de soluções baseadas em IA, criptografia quântica e blockchain.