É provável que o seu banco, ou outro, já lhe tenha sugerido a abertura de uma conta-ordenado ou a domiciliação do seu salário, prometendo uma série de vantagens. Mas será que realmente vale a pena? Vamos analisar as vantagens e os cuidados que deve ter.
As contas-ordenado são contas de depósito à ordem especiais, que exigem a domiciliação do salário. Destinam-se a trabalhadores com contrato de trabalho (assalariados) ou reformados/pensionistas. Esta condição é necessária porque é preciso domiciliar um rendimento periódico na conta. Em termos práticos, trata-se de uma conta de depósito à ordem para onde o empregador transfere o seu vencimento.
Uma das maiores vantagens associadas às contas-ordenado, conforme explicado pelo Doutor Finanças e pela DECO PROTeste, é o descoberto autorizado. Se o banco considerar que é elegível, o cliente pode utilizar um “plafond extra” que pode atingir 100% do valor total do ordenado.
Em essência, é como se o banco disponibilizasse o salário, ou parte dele, antecipadamente. Por exemplo, se tem 200 euros na conta e faz um pagamento de 300 euros, o saldo da conta ficará negativo em 100 euros. Numa conta à ordem tradicional, tal pagamento seria recusado.
Normalmente, as contas-ordenado têm associada uma linha de crédito que funciona como um suporte ou garantia de liquidez para despesas inesperadas. No final do mês, quando o ordenado é depositado, o crédito concedido é automaticamente devolvido ao banco, acrescido das respetivas comissões e juros.
Além do descoberto autorizado, as contas-ordenado oferecem outros benefícios, tais como:
- Isenção de algumas comissões: por exemplo, comissões de manutenção de conta ou de transferência bancária, que variam de banco para banco.
- Bonificações em outros serviços: como no spread do crédito habitação, do crédito pessoal ou taxas mais atrativas em contas poupança.
Apesar das vantagens, é crucial utilizar o descoberto autorizado com responsabilidade. Lembre-se que não se trata de uma oferta do banco, mas de um empréstimo. Enquanto o saldo da conta estiver negativo, são contabilizados juros, cuja taxa é semelhante à dos cartões de crédito. Estes juros são cobrados no final de cada mês, juntamente com comissões e impostos.
Além disso, qualquer valor que entre na conta enquanto esta estiver negativa será imediatamente utilizado para pagar o saldo devedor. Sem um controlo adequado, é fácil entrar numa espiral de endividamento. Se utilizar todo o descoberto num mês, o vencimento ou pensão será consumido para cobrir o saldo negativo, deixando a conta a zeros, conforme alerta a DECO PROTeste.
Para evitar problemas financeiros, considere fixar um limite de descoberto autorizado inferior ao seu rendimento mensal, por exemplo, metade ou 30%. Desta forma, evita a tentação de gastar tudo.
Se usada com responsabilidade, uma conta-ordenado pode ser uma ferramenta útil e uma alternativa viável para muitas famílias. No entanto, é essencial ter consciência financeira e gerir o dinheiro de forma inteligente.
Caso ainda não tenha uma conta-ordenado, mas esteja a considerar abrir uma, procure o produto bancário mais adequado às suas necessidades. Compare as condições de diferentes bancos, prestando atenção aos seguintes pontos-chave, conforme enumerados pela DECO PROTeste:
- Taxa de juro pelo uso do descoberto autorizado: quanto menor, melhor. O Banco de Portugal publica trimestralmente o limite máximo que os bancos podem praticar (19% no segundo trimestre de 2024).
- Isenção de custos de manutenção.
- Taxa de juro de remuneração do saldo da conta.
- Vantagens na subscrição de outros produtos.
- Possibilidade de limitar o descoberto autorizado.
Com uma análise cuidadosa e uma gestão responsável, uma conta-ordenado pode ser uma ferramenta valiosa na sua gestão financeira.
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