O ano de 2025 deverá ser marcado por uma descida da taxa de inflação, mas as famílias vão deparar-se com a subida generalizada dos preços de alguns bens e serviços, como as portagens, rendas, telecomunicações e o pão.
Os preços da eletricidade são uma exceção, já que tanto no mercado regulado, como no mercado liberalizado, as tarifas devem baixar no próximo ano.
As famílias no mercado regulado de eletricidade teriam um aumento tarifário de 2,1% a partir de janeiro, mas, na prática, com taxas e impostos, vão ter reduções de entre 0,82 e 0,88 euros, devido à alteração legislativa que aumenta o valor do consumo de energia sujeito à taxa reduzida de IVA (6%), aprovada no parlamento.
No mercado liberalizado, que representa a grande maioria do consumo total, em Portugal continental, a EDP Comercial e a Galp anunciaram reduções de 6% na componente de eletricidade na fatura, devido à melhoria das condições de mercado (no caso da Galp em vigor desde 01 de dezembro).
Entretanto, fonte oficial da EDP precisou que a fatura dos clientes da EDP Comercial deverá baixar em média 7%, a partir de 01 de janeiro.
Outra das exceções à subida dos preços deverão ser os espetáculos de tauromaquia, devido à descida do IVA de 23% para 6% nos bilhetes.
Eis os principais aumentos de preços que se vão verificar no próximo ano:
Portagens
As portagens das autoestradas deverão aumentar 2,21% em 2025, tendo por base o valor da inflação homóloga sem habitação de outubro determinado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), acrescido dos 0,1% de compensação às concessionárias.
A fórmula que estabelece a forma como é calculado o aumento do preço das portagens em cada ano está prevista no decreto-lei n.º 294/97 e estabelece que a variação a praticar em cada ano tem como referência a taxa de inflação homóloga sem habitação no continente verificada no último mês para o qual haja dados disponíveis antes de 15 de novembro, data-limite para os concessionários comunicarem ao Governo as suas propostas de preços para o ano seguinte. De acordo com os dados divulgados na segunda-feira, pelo INE, aquele referencial de inflação situou-se em 2,11%.
A este valor acresce 0,1%, na sequência do acordo celebrado em 2022 com as concessionárias das autoestradas para as compensar pelo travão que foi então imposto a uma subida de cerca de 10% em 2023.
A Brisa anunciou uma subida de 2,21% sobre 52 das 93 taxas de portagem aplicadas à classe 1 nas autoestradas que lhe estão concessionadas.
Em termos práticos, atravessar as pontes Vasco da Gama e 25 de Abril fica mais caro em cinco cêntimos para os veículos da classe 1 e para os da classe mais alta o agravamento é de até 25 e 15 cêntimos, respetivamente.
O percurso Lisboa/Porto avança 70 cêntimos face ao praticado em 2024 e ir de Lisboa ao Algarve vai custar mais 60 cêntimos.
Ao mesmo tempo, deixa de se pagar portagens em algumas antigas Scut, nomeadamente na A4; A13 e 13-1; A22; A23; A24; A25 e A28.
Transportes
Os transportes públicos de passageiros vão aumentar 2,02% no próximo ano, de acordo com a taxa de atualização tarifária com base nos dados do INE sobre a inflação.
Já os passes Navegante vão manter os preços em 2025 na Área Metropolitana de Lisboa, assim como os bilhetes ocasionais referentes à Carris Metropolitana.
Já o bilhete ocasional da Carris/Metro aumenta em cinco cêntimos.
Na Área Metropolitana do Porto os preços também ficam sem alterações quer no passe Metropolitano, quer no Passe Municipal.
Por outro lado, está previsto um aumento do preço dos bilhetes comprados a bordo, na rede Unir, com as distâncias mais pequenas a avançarem 10 cêntimos, as intermédias 20 cêntimos e as mais longas 30 cêntimos.
O passe Circula.PT (que vem substituir o passe Social+) passa a ter um desconto de 50% na tarifa e o seu âmbito também é alargado em relação ao antecessor, contemplando cidadãos com um grau de incapacidade igual ou superior a 60% comprovado por Atestado Médico de Incapacidade Multiúsos, e um desconto de 25% para os desempregados de longa duração.
O Circula PT passa também a abranger todo o território de Portugal continental, contrariamente ao Social+, que apenas servia as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto.
Gás
As tarifas e preços aprovados pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), que contemplam um aumento de 6,9% para o gás natural para famílias que se encontram em mercado regulado, mantêm-se até 30 de setembro.
Rendas
Após terem tido em 2024 o aumento mais alto dos últimos 30 anos, as rendas podem subir 2,16% em 2025, de acordo com o aviso do coeficiente de atualização de rendas publicado pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE).
Na prática, este aumento equivale a uma subida de 2,16 euros por cada 100 euros de renda, o que significa que uma renda de 750 euros poderá aumentar em 16,20 euros no próximo ano.
Tendo em conta as regras em vigor, para alguns inquilinos a subida poderá ser mais acentuada, já que os senhorios que não atualizaram a renda nestes últimos dois anos, poderão somar os coeficientes de 2023 e de 2024 aos 2,16% de 2025, num total de 11,1%.
Mas pode também suceder que não haja lugar a qualquer aumento, já que a atualização das rendas não é obrigatória e o senhorio pode optar por não a fazer.
Telecomunicações
Os preços das comunicações da Altice Portugal vão aumentar no próximo ano, conforme o contratualmente previsto, exceto no Uzo e Moche. A NOS vai manter os tarifários, tal como a Vodafone Portugal, embora esta operadora admita alterações “pontuais” limitadas a um reduzido número de situações e serviços de clientes empresariais.
No final de novembro, fonte oficial da Altice Portugal, que detém a Meo, adiantou que vai proceder à atualização de preços em 2025, conforme contratualmente previsto e já divulgado, com exceção dos serviços da marca digital Uzo e da marca para o segmento jovem, Moche, que não vão ser atualizados.
Por sua vez, fonte oficial da NOS disse, na altura, que “não vai aumentar os seus preços em 2025”, uma decisão que “é transversal” a todos os serviços e tarifários da empresa.
Em resposta à Lusa, no final de dezembro, a Vodafone Portugal informou que “não terá atualizações de preços em 2025 para a generalidade dos seus clientes”, adiantando que “haverá casos de atualização pontuais, limitados a um número reduzido de produtos e serviços empresariais, em linha com as condições contratuais – nomeadamente a taxa de inflação apurada para 2024”. Estas alterações, refere a operadora, serão comunicadas de forma personalizada aos clientes abrangidos.
Leite
O preço do leite e dos produtos lácteos deverá continuar em alta a partir de janeiro, mantendo a trajetória verificada nos últimos meses de 2024.
Os custos de produção, nomeadamente do gasóleo e da eletricidade têm impulsionado o preço dos laticínios.
Face a este cenário, os produtores defendem previsibilidade e equilíbrio nos três elos do negócio – produção, distribuição e consumidores.
Pão
O pão vai ficar mais caro em 2025, à boleia dos custos de produção e do salário mínimo nacional.
Apesar dos preços, as vendas da panificação e pastelaria registaram, em 2024, um ligeiro aumento em valor, mas em quantidade houve uma quebra.
Os consumidores continuam a apostar “nos clássicos”, como o pão tradicional e os pastéis de nata, mas também olham, cada vez mais, para os produtos inovadores, como pães integrais e para a pastelaria à base de plantas.
Café
Após o aumento do café nos mercados internacionais, é esperado um aumento de 10 a 30 cêntimos em cada chávena de café.
Tabaco e bebidas
Apesar de o imposto sobre estes produtos não ter aumentado, o preço dos selos dos maços de tabaco à venda em 2025, a ser suportado pelas tabaqueiras, sofre um aumento em 4%, o que, segundo alguns fiscalistas, pode provocar uma subida do preço final do tabaco.
Comissões bancárias
Ter uma conta ou recorrer a serviços bancários também vai ficar mais caro em 2025, mas a entrada em vigor dos novos preços ocorre em datas diferentes consoante os bancos. No BCP, por exemplo, o novo preçário chega em 01 de fevereiro e no Novo Banco em 01 de março.
Museus
A Museus e Monumentos de Portugal aumenta o preço das entradas na maioria dos equipamentos por si geridos e que variam entre os dois e os sete euros.
Os maiores aumentos verificam-se em alguns dos equipamentos mais visitados do país, como é o caso da na Torre de Belém, do Museu Nacional dos Coches (inclui entrada no Picadeiro Real), no Museu Nacional de Arqueologia e nos Palácios Nacionais da Ajuda e de Mafra. No Mosteiro dos Jerónimos o preço de entrada aumenta de oito para 15 euros.
Outros museus têm as suas entradas aumentadas de 10 para 15 euros. São os casos do Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa), o Convento de Cristo (Tomar) e o Mosteiro de Alcobaça.
Com o preço inalterado ficam o Museu Nacional do Traje e o Museu Nacional do Teatro e da Dança, ambos em Lisboa, mas há equipamentos culturais em que aumentam para o dobro, como o Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa, e o Museu Nacional da Música, que vai abrir em Mafra em 2025, ou o Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, de cinco para 10 euros.
Para os residentes nacionais continua, contudo, a gratuitidades no acesso a 37 museus, monumentos e palácios, 52 vezes ao ano e a qualquer dia da semana.
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