John Shepherd-Barron concebeu algo que parecesse uma máquina semelhante às de venda automática de chocolates, mas que disponibilizasse dinheiro para facilitar os levantamentos das pessoas. Assim nasceu o conceito de multibanco, uma ideia que esse escocês, falecido em 2010, terá tido enquanto tomava banho e rapidamente partilhou com o diretor-geral do Barclays, conta o Expresso.
O potencial da ideia convenceu prontamente o responsável pelo banco, que encarregou-se de materializar o conceito, desenvolvendo o primeiro equipamento do tipo. Hoje, é um marco histórico: a máquina automática precursora dos populares ATMs foi instalada em Enfield, no norte de Londres, em 1967.
Em Portugal, a expressão “multibanco” denomina a rede de caixas automáticas e surgiu há 30 anos através da SIBS – empresa detentora do registo da marca. Ao longo dos anos, essa rede expandiu a gama de serviços, oferecendo desde a compra de bilhetes até à emissão de licenças de caça, apenas para mencionar alguns exemplos.
Em entrevista à agência Lusa, por ocasião dos 30 anos do multibanco, assinalados esta quarta-feira, o presidente do conselho de administração do grupo SIBS, Vítor Bento, destacou a importância desses equipamentos que “já fazem parte da vida dos portugueses”.
“As coisas só se avaliam pelos resultados. Teve de passar algum tempo para fazermos uma análise maior. Olhando para trás e para a atualidade, conseguimos perceber que seria inimaginável as pessoas levantarem dinheiro apenas aos balcões dos bancos onde possuíam conta e ter de estar em longas filas. Parece a pré-história”.
A rede de caixas multibanco foi lançada em 1985 com a instalação de nove equipamentos em Lisboa e no Porto, possibilitando levantamentos, consultas (saldos e movimentos) e alteração de PIN (código), conforme dados fornecidos pela SIBS à agência Lusa.
O primeiro multibanco em Lisboa foi instalado no Banco Nacional Ultramarino (BNU) do Rossio e no Porto no Banco Borges e Irmão (BBI) da rua Bonjardim. Atualmente, existem cerca de 13.000 caixas multibanco e mais de 19 milhões de cartões em circulação, oferecendo mais de 60 funcionalidades, de acordo com a SIBS.
Entre essas funcionalidades, incluem-se serviços que vão desde o pagamento de faturas de água, luz ou gás até ao carregamento de telemóveis, pagamento de portagens, transferência de dinheiro, pagamentos ao Estado, compra de bilhetes para transportes e espetáculos, emissão de licenças de pesca e até doações.
“Os dados mostram bem a facilidade da vida de hoje e a dinâmica de desenvolvimento que a SIBS introduziu. Enquanto nos outros países foi feito banco a banco, em Portugal foi feito de forma cooperativa, o que permitiu alavancar um conjunto de funcionalidades que de outra forma não seria possível”, explica Vítor Bento.
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