O Black Friday comemora-se ao longo do mês de novembro e, apesar de ser uma altura do ano recheada de oportunidades de compra, é necessário também os consumidores terem alguns cuidados para controlar as despesas e evitar dívidas.
De acordo com o mais recente estudo da Intrum, milhões de consumidores em toda a Europa estão a perder a noção dos gastos mensais e das despesas domésticas, uma vez que quase metade (45%) dos consumidores admite ter sido apanhado de surpresa com a acumulação das suas subscrições sem se aperceberem. Em Portugal esta média é de 36%.
À medida que a inflação ultrapassa o crescimento salarial, os consumidores veem-se com menos dinheiro no bolso. Os serviços baseados em assinaturas, que permitem aos consumidores repartir o custo dos bens e serviços, embora convenientes, estão a lançar “mais lenha para o fogo” que provoca o “Subscription creep“, dado que os pagamentos mensais acumulados das compras online tornam mais difícil fazer face às pressões do custo de vida.
O estudo da Intrum ECPR 2023 demostra que os métodos modernos de pagamento de bens e serviços aumentam o desafio de gerir dinheiro numa altura de inflação elevada e de subida das taxas de juro. A Grécia (67%) é o país mais afetado pela “tendência para subscrições”, seguida da Irlanda (62%), da Finlândia (55%) e do Reino Unido (53%). Portugal encontra-se em 16º lugar no Top 20 com uma percentagem de 36%.
Jovens adultos mais expostos à ‘Subscription creep’
O estudo identificou que são predominantemente os consumidores mais jovens – Geração Z e Millennials – que são mais surpreendidos pelos compromissos que assumiram com serviços de subscrição.
A Geração Z também tem maior probabilidade de permanecer no topo da modalidade BNPL (Compra Agora, Pague Depois). Isto corresponde aos dados do estudo ECPR 2023, que revela que a Geração Z é significativamente menos propensa a descrever-se como forte no acompanhamento de onde está a gastar o seu dinheiro – 61% geração Z vs. 59% Milleniuns e 54% Boomers, respetivamente.
A acumulação de compromissos “compre agora, pague depois” aumenta a pressão
Como referido anteriormente, uma explicação da dificuldade que enfrentam os consumidores para se manterem dentro dos seus orçamentos é o efeito ‘Subscription creep’, que resulta de uma acumulação lenta e continua de múltiplas subscrições, podendo deixar as pessoas expostas e sem uma visão dos compromissos com gastos assumidos. Trinta e seis por cento afirmam ficar surpreendidos ao ver os custos que as suas subscrições podem acumular, sem que se apercebam.
O crescimento das soluções de crédito “compre agora, pague depois” (BNPL), que permitem aos consumidores contrair dívidas no ponto de venda, também está a ter um impacto significativo. Seis em cada dez consumidores portugueses (59%) admitem ter dificuldade em acompanhar as compras buy-now/pay-later que fazem durante um mês normal, o que coloca Portugal no topo do ranking, seguido da Grécia (55%) e França (52%), valores muito acima da média europeia (35%).
A Intrum alerta ainda que, após o inquérito realizado, 25% dos consumidores portugueses afirma ter menos visibilidade dos empréstimos de curto prazo (por exemplo, cartões de crédito e empréstimos instantâneos) do que há 12 meses. Valor em linha com a média europeia (23%). Os países que assumem o topo da lista são a Suíça (38%), a República Checa (31%) e a Irlanda (29%).
Para Luís Salvaterra, diretor-geral da Intrum Portugal, «Gerir dinheiro de forma eficaz é muito mais do que compreender a inflação e as taxas de juro. Fazer o acompanhamento dos custos de subscrições recorrentes, adiamentos de pagamentos e todas as dívidas é uma tarefa cada vez mais complexa, mas imprescindível. Milhões de consumidores gastam de mais cada mês ou têm de dar prioridade a certas contas e, muitas vezes, a ficar aquém do seu orçamento e a falhar outros pagamentos.
Embora os planos de pagamento, como o compre-agora-pague-depois, permitam uma experiência de compra simplificada e possam aliviar a pressão a curto prazo, temos de estar conscientes de que um número crescente de consumidores está a utilizar estes métodos para pagar os bens essenciais do dia a dia, para gerir o custo de vida quotidiano. É vital que todos compreendam os termos, as condições e os riscos potenciais associados aos produtos de crédito, especialmente se estiverem a recorrer a eles como resposta aos desafios económicos”.
Dicas para poder desfrutar do Black Friday sem prejudicar as suas finanças pessoais
Estabeleça prioridades, conheça as condições de venda dos produtos e evite gastar acima das suas possibilidades. Estas são algumas das dicas partilhadas pela Intrum, para que o Black Friday não seja uma fonte de preocupações.
Estabelecer prioridades: Faça uma pesquisa de todas as alternativas, produto a produto, especialmente os tecnológicos. Um desconto não é sinónimo de “pechincha” se não precisarmos desse produto no curto prazo. Assim, recomenda-se levar em consideração as reais necessidades antes de optar pela compra de qualquer dispositivo.
Comparar: Alguns dias antes do Black Friday algumas lojas sobem os preços para que os possam voltar a baixar e assim simular uma descida no preço. Convém fazer uma comparação prévia do preço dos produtos, para comprar somente aqueles que realmente interessa.
Os descontos continuam: Dias depois, na Segunda-Feira, há novamente um dia de descontos especiais. Com o Cyber Monday o entusiasmo pelas compras com descontos regressa em força, mas agora na Internet. Por isso, recomendamos que seja cauteloso e mantenha a calma, compare a qualidade e avalie se é o momento ideal para realizar a compra ou, se pelo contrário, será melhor deixar para mais tarde?
Conservar o talão de compra: Conheça as condições para devolução dos produtos de cada loja e saiba como se faz a devolução do valor da compra, em caso de devolução do produto. Esta é a chave antes de comprar qualquer coisa e, desta forma, evitará que o dinheiro acabe num cheque-prenda e apenas possa ser usado na loja. No entanto, esta não é a única razão pela qual deve manter o talão de compra: sem ele é impossível por exemplo, reclamar um valor que não corresponda à promoção do desconto referido no produto, ou obter uma oferta que acompanha a compra.
Analisar o financiamento: Nestas datas são muitos os estabelecimentos que oferecem créditos para realizar as compras e facilitar o consumo do cliente. Mais uma vez, recomenda-se que seja cauteloso, examine as alternativas e evite endividar-se acima das suas possibilidades.
Mesmo assim, se teve que recorrer a algum instrumento de financiamento, como o cartão de crédito, para comprar os produtos que necessita, não se esqueça de incluir essa despesa no orçamento dos próximos meses. Deste modo, pode efetuar o pagamento com maior facilidade.
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