A Comissão Europeia aprovou esta sexta-feira um grande projeto europeu comum para a promoção do desenvolvimento da tecnologia do hidrogénio, que envolve Portugal e 14 outros Estados-membros, que poderão disponibilizar até 5,4 mil milhões de euros.
Este inédito projeto importante de interesse europeu comum («IPCEI») na área do hidrogénio, denominado «IPCEI Hy2Tech» foi preparado e notificado conjuntamente por 15 Estados-membros – Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Espanha Estónia, Finlândia, França, Grécia, Itália, Países Baixos, Polónia, Portugal e República Checa –, envolvendo 41 projetos distintos nos quais participarão 35 empresas com atividades num ou mais países do bloco.
A ‘luz verde’ hoje dada pela Comissão, ao abrigo das regras da UE em matéria de auxílios estatais, permite aos Estados-membros envolvidos disponibilizar até 5,4 mil milhões de euros de financiamento público que, segundo Bruxelas, deverão desbloquear 8,8 mil milhões de euros adicionais em investimentos privados.
A Comissão aponta que “serão disponibilizadas mais informações sobre o montante do auxílio a participantes individuais na versão pública da decisão da Comissão, logo que a Comissão tenha chegado a acordo com os Estados-membros e terceiros sobre quaisquer segredos comerciais confidenciais que não devam ser divulgados”, mas adianta já, relativamente a Portugal, a participação da empresa 1s1 Energy em projetos de tecnologias de produção de hidrogénio e tecnologias das pilhas de combustível.
Bruxelas salienta que a aprovação deste projeto “faz parte dos mais amplos esforços da Comissão para apoiar o desenvolvimento de uma indústria europeia do hidrogénio inovadora e sustentável”, particularmente importante agora face aos objetivos de descarbonização e de autonomia energética da UE.
Segundo o executivo comunitário, este IPCEI “abrangerá uma grande parte da cadeia de valor da tecnologia do hidrogénio, incluindo a geração de hidrogénio, as pilhas de combustível, o armazenamento, transporte e distribuição de hidrogénio, e as aplicações dos utilizadores finais, em especial no setor da mobilidade”.
“Espera-se que contribua para o desenvolvimento de avanços tecnológicos importantes, incluindo novos materiais de elétrodos altamente eficientes, células de combustível mais eficientes e tecnologias de transporte inovadoras, entre as quais se destacam, pela primeira vez, as tecnologias de mobilidade do hidrogénio”, prossegue a Comissão, acrescentando ainda a estimativa de que o conjunto destes projetos crie “cerca de 20 mil postos de trabalho diretos”.
UM “ENORME POTENCIAL FUTURO”
«O hidrogénio tem um enorme potencial futuro. É uma componente indispensável para a diversificação das fontes de energia e a transição ecológica. O investimento em tecnologias inovadoras pode, no entanto, ser arriscado para um Estado-membro ou para uma única empresa. É aqui que as regras em matéria de auxílios estatais para os IPCEI têm um papel a desempenhar. O projeto hoje apresentado é um exemplo de uma cooperação europeia verdadeiramente ambiciosa para um objetivo comum fundamental”, comentou a vice-presidente executiva Margrethe Vestager, responsável pela Concorrência.
Por seu lado, o comissário do Mercado Interno, Thierry Breton, destacou que “a promoção do desenvolvimento e da implantação do hidrogénio impulsionará o emprego e o crescimento em toda a Europa”, contribuindo simultaneamente para a agenda ecológica e de resiliência da UE, ao permitir “a transição limpa das indústrias com utilização intensiva de energia” e aumentando a independência em relação aos combustíveis fósseis.
“Com este IPCEI, assistimos a uma evolução da produção de hidrogénio da UE «do laboratório até à indústria» e da nossa indústria que transformará o domínio tecnológico em liderança comercial. É evidente que não estamos apenas a apoiar o hidrogénio através de financiamento. Fizemos também progressos decisivos na criação de parcerias através da Aliança para o Hidrogénio Limpo, e estamos a desenvolver regras à escala da UE para viabilizar o mercado do hidrogénio e criar infraestruturas específicas. Porque sabemos o que está em jogo: a posição da Europa enquanto região líder na transformação industrial do hidrogénio”, completou.