O Aviludo-Louletano-Loulé Concelho confia em Tomas Contte para lutar por etapas e em Jesus del Pino para melhorar o oitavo lugar na Volta a Portugal em bicicleta, com o crónico candidato Vicente García de Mateos a permanecer um enigma.
“Olhando um pouco ao perfil da Volta do ano passado e olhando ao perfil da Volta deste ano, eu acredito muito sinceramente que ele tem capacidade para melhorar o oitavo lugar. Agora, melhorar até onde? Volta a ser uma incógnita, porque nós sabemos que ele não é um especialista, nem de perto nem de longe, nos contrarrelógios – não anda bem –, mas até aí houve um fator que veio a favor dele. […] Os quilómetros contrarrelógio diminuíram e o perfil do contrarrelógio também é totalmente diferente do do ano passado”, detalhou Américo Silva.
Oitavo classificado em 2022, o espanhol Jesus del Pino, de 32 anos, será agora a aposta da formação de Loulé para a 84.ª edição da Volta a Portugal, que arranca na quarta-feira em Viseu, e termina em 20 de agosto em Viana do Castelo, mais concretamente com um contrarrelógio que acaba no alto de Santa Luzia, o ponto mais alto daquela cidade.
“Daí tudo isto serem um bocadinho fatores a favor dele, o que nos faz, logicamente, pensar que esse oitavo lugar é melhorável, mais ainda que ele não teve um bom desempenho na Serra da Estrela, [uma vez] que o ano passado a Serra da Estrela apareceu no início da Volta, e o melhor desempenho dele foi a partir daí. Tendo em conta que a Serra da Estrela aparece quase que a meio da Volta, também lhe é favorável. Todas as etapas de montanha aparecem a partir daí”, lembrou.
Apesar de “apostar muito no Del Pino”, o diretor desportivo do Aviludo-Louletano-Loulé Concelho notou que o seu conjunto conta também com Tomas Contte, que “não é um sprinter possante, que se adapta a qualquer tipo de chegadas”, mas que este ano “poderá ter um papel a dizer, eventualmente, numa determinada chegada ao sprint”.
Não é difícil adivinhar qual, mas Américo Silva confirma que é a terceira a etapa que os algarvios têm assinalada no mapa, por ser a da chegada ao concelho e à cidade onde está sediado o Louletano.
“Não é que seja uma chegada a subir, mas tem uma vantagem para nós, que é antecedida de uma pequena subida. E onde esse tal tipo de sprinter mais possante, eventualmente, poderá ter, mesmo passando essa subida, uma dificuldade acrescida que ele [Contte], à partida, não terá. Logicamente, também temos a chegada a Fafe, e aí teoricamente é uma chegada mais um jeito dele. […] Eu acho que são as duas chegadas que mais se podem adaptar às características dessas”, enumerou.
Na estreia enquanto diretor desportivo dos algarvios na Volta, Silva assume que o Aviludo-Louletano-Loulé até poderá lutar por uma classificação secundária, como a dos pontos, com o seu sprinter argentino, mas, atendendo à dimensão que tem, os dois principais focos serão mesmo a geral de Del Pino e um triunfo de etapa com Contte.
“Nestas coisas, quando não tens uma superestrutura, não podes a dar tiros para muito lado, porque se não, depois, acabas por poder falhar todos”, alegou.
Fora destas ‘contas’ está, para já, Vicente García de Mateos, duas vezes terceiro classificado da Volta a Portugal (2017 e 2018), que nas últimas três edições andou longe da luta pela geral.
“A baixa de rendimento do Vicente tem sido devido a um problema que lhe apareceu há algum tempo, em termos de coluna. Ele já fez um tratamento e este ano denotou-se que teve uma melhoria significativa, em termos de rendimento. Ou seja, ele já passou de andar a chegar fora dos 40 primeiros, a neste momento, nos contrarrelógios, já está a entrar nos 10 primeiros e, em termos de geral, o melhor que tem conseguido é estar com os 20 primeiros. Logicamente que a Volta a Portugal, nomeadamente para ele, por tudo que tem feito em termos de palmarés, é sempre um incentivo acrescido”, reconheceu.
A juntar a isso, de acordo com Silva, o espanhol de 34 anos ainda fez “toda aquela preparação específica que normalmente se faz para a Volta a Portugal e que não se faz para as outras competições, que são os estágios em altitude”.
“Nós acreditamos, e ele também, que o seu rendimento irá melhorar muito na Volta a Portugal. Agora, ao que é que vai corresponder esse rendimento? Muito sinceramente nem eu tenho a noção disso, e ele também não, porque, com esta travessia do deserto, ele perdeu algumas referências e, consequentemente, alguma confiança, como é lógico”, completou, em declarações à Lusa.
Assim, De Mateos não estará entre os favoritos, com Américo Silva a nomear, tal como todos os seus colegas, os ciclistas da Glassdrive-Q8-Anicolor.
“Todos nós temos visto, e muito dificilmente, as coisas irão por outro campo, a grande supremacia da equipa Glassdrive. Se me perguntar se é positivo, eu acho que não, mas a realidade que temos neste momento é essa, inclusivamente com o ‘massacre’ que todas as equipas sofreram no Grande Prémio de Torres Vedras. E, por isso, eu acho que o jogo vai ser jogado por eles. E vai ser comandado, e vai ser decidido por eles próprios”, antecipou.
Em Torres Vedras, o uruguaio Mauricio Moreira, campeão em título da Volta, o russo Artem Nych e o português Frederico Figueiredo ocuparam os três lugares do pódio, e o diretor desportivo dos algarvios até acha que não será “descabido” colocar o australiano James Whelan “no mesmo patamar dos outros três” colegas de equipa.
“Eu poderia dizer que seria um candidato, eventualmente, a um pódio. À Volta a Portugal, acho que é um exagero. Mas quem realmente tem candidatos a ambicionar, eventualmente, ter possibilidade de chegar a um pódio, acho que estão a pensar neste ciclista”, defendeu.
Aviludo-Louletano-Loulé Concelho
Equipa: Carlos Oyarzún (Chi), César Martingil (Por), Daniel Viegas (Por), Jesus del Pino (Esp), Nuno Meireles (Por), Tomas Contte (Arg) e Vicente García de Mateos (Por).
Diretor desportivo: Américo Silva.
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