O ciclista português Rui Oliveira (UAE Emirates) quer transpor os excecionais resultados na pista para a estrada, tendo confessado, em declarações à Lusa, sentir que está próximo de ‘inaugurar’ o palmarés na vertente na qual está focado.
“Apesar de não ter tido nenhuma vitória, posso considerar que [a época de 2021] foi a melhor, porque estive perto de vencer em algumas grandes corridas e, claro, a forma vai aumentando a cada ano e isso também é positivo”, reconheceu à Lusa o jovem gaiense, que é quinto classificado na 48.ª Volta ao Algarve.
Oliveira teve um 2021 de sonho, ficando muito perto de estrear o palmarés enquanto elite na estrada – foi segundo na 19.ª etapa da Vuelta, num dos seus três ‘top-10’ na prova espanhola, e sagrou-se vice-campeão nacional de estrada, um dos seus vários resultados entre os 10 primeiros na temporada – e subindo ao lugar mais alto do pódio nos Europeus de pista, como campeão continental de scratch.
O ciclista da UAE Emirates mantém, contudo, os pés no chão, desvalorizando os feitos na pista, e insiste em ‘separar’ as duas vertentes, vincando que é a estrada a sua ‘profissão’.
“Tem de se fazer um bocado de distinção, o meu foco está na estrada, pista é um complemento. Tenho o sonho de ir aos Jogos [Olímpicos Paris2024] e é por isso que trabalho na pista e faço as corridas. Ter sido campeão da Europa também foi o culminar de uma época já bastante boa, agora é continuar”, completou.
Para o irmão gémeo de Ivo Oliveira, “uma coisa é pista, outra é estrada”. “Não podemos comparar o estado de forma de uma para a outra, mas é sempre bom sinal quando estamos bem numa, podemos fazer bem na outra. E é isso que vou tentar fazer”, sustentou.
“Vou tentar focar-me, neste início de ano, nas clássicas, estar na ajuda do Matteo [Trentin] e, quem sabe, ter as minhas oportunidades, e ver também se irei ao Giro, é essa uma das prioridades”, revelou.
Com o calendário para a primeira parte da época já definido, o campeão nacional de estrada de sub-23 em 2018 assumiu à agência Lusa considerar que os resultados somados no ano passado elevaram a fasquia para 2022.
“Estando perto de vencer, agora o que falta é a vitória. Sei que estou lá perto, tenho trabalhado bastante para isso, e penso que vai aparecer naturalmente”, rematou.
E, quem sabe, se o tão ansiado triunfo não pode surgir já nesta ‘Algarvia’, com o jovem de 25 anos, (re)conhecido pela sua ponta final rápida e declarado apreciador das clássicas do centro/norte da Europa, a apontar a ‘mira’ à terceira etapa, a ligação de 211,4 quilómetros entre Almodôvar e Faro, que se disputa na sexta-feira, depois de ter sido quinto classificado na etapa inaugural.
Até porque, como expressou numa publicação na sua conta na rede social Instagram, correr em Portugal representa uma motivação extra.
“Gosto bastante. Falar português, ouvir português, correr nas estradas que eu conheço – corro pouco aqui em Portugal -, para mim é das coisas mais especiais que posso fazer em todo o ano”, assumiu.
Não que falar português seja uma raridade, já que na equipa dos Emirados Árabes Unidos tem como companheiros, além do irmão Ivo, o campeão mundial de 2013, Rui Costa, e o recém-chegado João Almeida, o novo ‘ídolo’ do ciclismo nacional.
“É excelente. Juntámo-nos todos pela primeira vez no ‘training camp’ e é sempre especial ter alguém com quem falar português. Estamos a crescer cada vez mais e juntarmo-nos todos numa das melhores equipas do mundo, deixa-me sem palavras”, concluiu.
Rui Oliveira vai partir hoje para a segunda etapa da Volta ao Algarve, uma ligação de 182,4 quilómetros entre Albufeira e o alto da Fóia (Monchique), com o mesmo tempo do líder da geral, o neerlandês Fabio Jakobsen (Quick-Step Alpha Vinyl).