O presidente do Farense, João Rodrigues, sublinhou hoje que a subida à I Liga portuguesa de futebol resultou de a equipa ter feito de cada jogo uma final na fase decisiva do segundo escalão.
“A nossa preocupação, nos últimos três meses, foi só connosco e de em cada jogo fazer dele uma final. Viu-se isso, por exemplo, aqui com o Penafiel [2-1], em que marcámos nos minutos finais, viu-se na vitória difícil na Madeira contra o Nacional [1-0] e viu-se como ganhámos frente ao Benfica B [1-0] já para lá da hora”, disse o dirigente.
O Farense selou hoje, no ‘sofá’, o regresso à I Liga, depois da ‘queda’ em 2020/21, ao beneficiar do desaire caseiro do Estrela da Amadora frente ao Nacional (0-1), na 33.ª jornada da II Liga.
Com a derrota do Estrela, ‘culpa’ de um tento do colombiano Pipe Gómez, aos 81 minutos, os algarvios, que na sexta-feira venceram fora o Benfica B por 1-0, garantiram o segundo lugar, ao ficarem com mais seis pontos (66 contra 60), a uma ronda do fim.
João Rodrigues falou aos jornalistas no Estádio de São Luís enquanto assistia ao jogo Farense-Lusitânia de Lourosa, que os algarvios perderam no desempate por grandes penalidades (5-3), deixando fugir o título da II Divisão Nacional de juniores.
Os cerca de mil espetadores presentes no recinto não puderam assim ‘dobrar’ uma festa que vai agora prolongar-se pela noite dentro, com um cortejo da equipa principal pela cidade a partir das 20:00 e celebrações no mercado municipal, às 22:30.
Já a pensar na próxima época, o presidente do Farense vincou que a I Liga é “uma competição muito diferente” da II Liga e que o clube precisa de “pessoas que tenham experiência, competência e conhecimento de como é que funciona” o escalão principal.
Reconhecendo que José Mota tem esse perfil, sendo, “provavelmente, o treinador no ativo com mais experiência nas ligas profissionais portuguesas”, o líder dos algarvios deixou em aberto a continuidade do técnico, que em fevereiro assinou até final desta temporada.
“Sem dúvida que vamos falar com o José Mota. Por todas as razões. Para já, gosta de um bom petisco, eu também, e de um bom vinho, eu também, tudo boas razões para estarmos à mesa”, brincou, antes de afirmar que, com a subida alcançada, “já é muito mais provável” a possibilidade de falar da renovação com o treinador.
João Rodrigues dedicou a subida a duas pessoas já falecidas: José Rafael, pai do antigo internacional português José Rafael e antigo cobrador de quotas do emblema, “uma pessoa fantástica e uma referência para todos os farenses”, e o seu próprio pai. “Um fanático adepto e o culpado de tudo isto. Se não fosse ele com a sua afeição ao clube, o seu fanatismo positivo pelo clube, eu não estaria cá”, lembrou.
O capitão de equipa, o médio brasileiro Fabrício Isidoro, que alcançou a terceira subida (duas à I Liga e uma à II Liga) em seis temporadas no Farense, referiu aos jornalistas que esta promoção “tem um sabor diferente”.
“Todas têm o mesmo valor, são subidas, mas esta é a mais especial, porque agora temos os adeptos. Quando subimos da II Liga para a I Liga foi o problema do covid-19, o campeonato acabou antes e não pudemos festejar com eles. Agora, esse ano vai ser diferente, vamos festejar junto com eles e na I Liga vão estar aqui também para nos apoiarem”, sustentou.
Exaltando o “sentimento de muita alegria, de muita felicidade” pelo regresso à elite do futebol nacional, onde o Farense “chega agora mais preparado”, o jogador, de 31 anos, elogiou a crença e a união que os jogadores exibiram ao longo da temporada.
“O momento difícil que passámos é normal acontecer a todas as equipas, mas nós, jogadores, nunca deixámos de acreditar e essa reta final foi reflexo disso: uma equipa junta, unida, que conseguiu bater um recorde do clube [sete vitórias seguidas nos campeonatos profissionais]”, concluiu.