O Portimonense venceu este sábado um dérbi em casa do Farense (3-1) pela primeira vez na I Liga de futebol, mas não evitou o play-off de manutenção, num jogo da 34.ª última jornada com final ‘inglório’ para os forasteiros.
Quando o Portimonense celebrava o terceiro golo, por Lucas Ventura, no sétimo minuto de descontos, e a possibilidade de se manter na elite, um ‘balde de água fria’ chegava do Estádio do Bessa, no Porto, com o tardio 2-2 dos ‘axadrezados’, celebrado pelos adeptos do Farense, a acentuar a rivalidade entre os dois emblemas ‘vizinhos’.
Antes, Hildeberto Pereira, aos 11 minutos, e Carlinhos, aos 32, tinham assinado os dois primeiros golos do Portimonense, com resposta de Cristian Ponde, aos 55.
O desfecho deixou o emblema de Portimão no 16.º lugar, com 32 pontos, em vaga de acesso ao play-off de manutenção com o terceiro classificado da II Liga – que só será conhecido no domingo –, enquanto o Farense termina o campeonato no 10.º lugar, com 37.
José Mota promoveu o regresso do médio Cláudio Falcão ao ‘onze’ dos anfitriões, a única alteração face à derrota com o Gil Vicente (2-0), enquanto nos forasteiros registaram-se duas novidades (Alemão e Ronie Carrillo) em relação ao empate caseiro (2-2) com o Rio Ave.
A urgência causada pela difícil situação na tabela classificativa motivou o Portimonense, em ‘4-2-3-1’, para uma excelente primeira parte, com domínio quase total, dois golos e duas bolas nos ‘ferros’, perante um Farense em ‘4-3-3, que se mostrou muito relaxado.
O primeiro lance de perigo até foi para os locais, num livre de Mattheus Oliveira, ligeiramente por cima da barra, aos sete minutos, com resposta imediata de Carlinhos, que aos nove acertou na trave com um remate desviado pelas costas do árbitro Artur Soares Dias.
Aos 11 minutos, o central Filipe Relvas lançou a bola em profundidade e Hildeberto Pereira surgiu isolado, a aproveitar alguma passividade da defensiva local, para dominar no peito e atirar com sucesso para o seu segundo golo na prova.
O tento inaugural deu ainda mais moral à formação de Portimão, que nos minutos seguintes ‘apertou’ a pressão sobre o Farense, com Taichi Fukui a ameaçar num ‘tiro’ intercetado, aos 16, e Hildeberto Pereira a rematar ao poste esquerdo da baliza de Miguel Carvalho, aos 26.
À passagem dos 32 minutos, o conjunto visitante expressou novamente a sua superioridade na partida com o 2-0, num remate colocado de fora da área do médio brasileiro Carlinhos, o melhor marcador do Portimonense na I Liga (10 golos).
Descontente com a prestação da sua equipa, José Mota operou duas mudanças ao intervalo, mas o primeiro lance de perigo da segunda metade foi protagonizado pelos forasteiros, que acertaram pela terceira vez nos ‘ferros’, num cabeceamento de Carlinhos (50).
Cinco minutos depois, o Farense chegou ao golo, num lance em que Nakamura defendeu de forma incompleta uma primeira tentativa de Bruno Duarte, permitindo o desvio fácil de cabeça de Cristian Ponde, que se estreou a marcar nesta edição da I Liga.
A partida perdeu ritmo com o passar dos minutos e ganhou mais emoção na ‘reta’ final, com a expulsão (88 minutos) – após Artur Soares Dias ver as imagens – de Filipe Relvas, que travou o isolado Belloumi perto da grande área.
Reduzido a 10 unidades, o Portimonense – que nunca tinha ganhado em Faro nos seis jogos ali efetuados para o escalão principal – ainda teve tempo para marcar o 3-1, num contra-ataque imparável de Lucas Ventura, que arrancou do seu meio-campo.
Mas, com as notícias vindas do Porto, a festa ficou ‘congelada’ e o conjunto orientado por Paulo Sérgio espera agora salvar-se no play-off.
Declarações após o jogo Farense-Portimonense
– José Mota (treinador do Farense): “Queríamos ganhar, dar uma alegria a esta massa associativa fantástica, com seis mil pessoas no São Luís. O povo merecia que tivéssemos outro resultado.
Não entrámos bem no jogo, o adversário entrou mais concentrado, mais motivado e, naturalmente, teve mais jogo, mais posse, mais duelos ganhos. Marcou um golo, depois o segundo e percebemos que a tarefa estava difícil.
Acho que nos deslumbrámos com isto tudo, pensávamos que ia ser um jogo mais fácil do que foi. Não estivemos bem, foi das piores primeiras partes que fizemos, nomeadamente aqui no São Luís.
O adversário não tem responsabilidades nisso, foi aproveitando, fez dois golos e, na segunda parte, tentou gerir o resultado.
Na segunda parte, tivemos uma reação mais convincente. Fizemos um golo, encostámos mais o adversário no seu último reduto defensivo, tentámos e tentámos, mas não conseguimos.
Queríamos bater o recorde, que agora também é nosso, de golos marcados no campeonato. Era o recorde e hoje conseguimos os 46 golos. Só em 34 jornadas, conseguimos 46. E esse feito foi conseguido com 38 jornadas [em 1990/91].
[Continuidade no Farense] Vamos conversar. Gosto muito de Faro, gosto muito dos responsáveis do Farense, gosto muito deste plantel, foram excelentes a todos os níveis. Mas há que preparar o futuro, continuar a debruçar-nos sobre aquilo que é melhor para o Farense. Vou conversar com o presidente no sentido de avaliarmos o que é melhor para o Farense. Uma coisa é certa: esta semana fica resolvido, de certeza absoluta”.
– Paulo Sérgio (treinador do Portimonense): “[O 2-2 no Boavista-Vizela foi o pior momento do jogo] Nem vou entrar por aí. Parece que há um penálti duvidoso, com sete minutos de descontos, um penálti marcado aos 90+9, mas nem vou entrar por aí.
Tudo bem, temos dois jogos para fazer. Essa é a nossa realidade e é nisso que estamos focados. Nem que fossem mais quatro, estamos aqui para a luta, com esta atitude, com este querer, e plenamente convicto de que vamos conseguir o nosso objetivo.
Foi pena não termos conseguido hoje, mas não temos tempo para nos lamentarmos. Temos um dia de folga para recuperar, temos uma semana de trabalho para preparar e tocar para a frente com toda a seriedade, com um único objetivo.
A equipa nos últimos seis jogos fez grandes partidas, mas foi penalizada por erros infantis. Hoje, fez um jogo mais sério, mais adulto. É normal, os meninos estão a crescer, o trabalho acaba por surtir efeito. Ao longo do tempo fomo-nos penalizando a nós próprios, mas estamos aí, frescos e fortes.
Não posso esperar menos [no play-off]. Os sinais são de crescimento. Toda a gente ficou muito triste com o sucedido, tínhamos a coisa feita, e depois há ali um momento de baque. Tratou-se de lhes levantar a cabeça, dar-lhes moral e confiança e não estar a pensar nisso. Temos de pensar é no que vamos fazer”.
Jogo disputado no Estádio de São Luís, em Faro
Farense – Portimonense, 1-3
Ao intervalo: 0-2
Marcadores:
0-1, Hildeberto Pereira, 11 minutos.
0-2, Carlinhos, 32.
1-2, Cristian Ponde, 55.
1-3, Lucas Ventura, 90+7.
Equipas:
– Farense: Miguel Carvalho, Pastor, Gonçalo Silva (Fabrício Isidoro, 70), Igor Rossi, Talys (Talocha, 46), Cláudio Falcão, Rafael Barbosa (Cristian Ponde, 46), Mattheus Oliveira, Belloumi, Marco Matias (Elves Baldé, 59) e Bruno Duarte.
(Suplentes: Kauan, Elves Baldé, Velásquez, Fabrício Isidoro, Cristian Ponde, Talocha, Seruca, Vítor Gonçalves e Rafael Teixeira).
Treinador: José Mota.
– Portimonense: Nakamura, Guga, Alemão, Pedrão, Filipe Relvas, Lucas Ventura, Taichi Fukui (Dener, 90+2), Hildeberto Pereira (Gonçalo Costa, 66), Carlinhos (Igor Formiga, 90+2), Hélio Varela (Luan Campos, 66) e Ronie Carrillo (Midana Cassamá, 82).
(Suplentes: Vinicius Silvestre, Dener, Davis, Gonçalo Costa, Paulo Estrela, Luan Campos, Igor Formiga, Rodrigo Martins e Midana Cassamá).
Treinador: Paulo Sérgio.
Árbitro: Artur Soares Dias (AF Porto).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Pastor (49 e 90+9), Gonçalo Silva (58) e Guga (83). Cartão vermelho direto para Filipe Relvas (88). Cartão vermelho por acumulação de amarelos para Pastor (90+9).
Assistência: 5.888 espetadores.
Leia também: Fez eco em Espanha: “Nesta ilha escondida do Algarve respira-se um ar de exclusividade”