O Sporting Clube Farense vai ter de apresentar, em 60 dias, um plano de insolvência para pagar cerca de cinco milhões de euros a credores, segundo decisão da assembleia de credores realizada esta segunda-feira, 16 de Abril, informou o administrador de insolvência.
“O clube vai ter de apresentar um plano de insolvência ao tribunal, no prazo de 60 dias, a partir de hoje. Os credores serão depois notificados e chamados a votar esse plano”, disse António Emílio Pires aos jornalistas, após a assembleia de credores realizada no Juízo de Comércio de Olhão do Tribunal Judicial da Comarca de Faro.
O tribunal tinha decretado, no dia 21 de Fevereiro, a insolvência do Farense, decisão tomada na sequência de uma acção judicial intentada em 2011 por uma ex-funcionária.
O administrador de insolvência explicou que o total de créditos reclamados ronda os cinco milhões de euros e que o plano de pagamento hoje aprovado pelos credores implica “uma forma de pagamento, faseada no tempo, que pode ir a cinco, a dez ou a 15 anos”.
Na assembleia estiveram presentes 14 credores: 12 votaram a favor da apresentação do plano de insolvência sugerida pelo clube, incluindo a ex-funcionária que interpôs o pedido de insolvência, e dois abstiveram-se, informou o administrador de insolvência.
O presidente do Farense, António Correia, em declarações aos jornalistas, nomeou os abstencionistas – o antigo futebolista Carlos Costa e o Ginásio Clube Naval de Faro – e manifestou-se “triste” por “um ex-jogador e uma instituição da cidade de Faro” terem tomado essa decisão.
O Farense conta actualmente com meia dúzia de modalidades
O plano de insolvência, cuja aprovação evita a imediata liquidação do insolvente, deve ser apresentado até 15 de Junho e, depois, os credores serão notificados e chamados para votarem o documento.
“Se for aprovado, o Farense fica obrigado ao cumprimento daquele plano”, afirmou a Agência Lusa António Emílio Pires.
A outra decisão da assembleia de credores desta segunda-feira foi a de que o clube continuará a ser gerido pelos actuais dirigentes, ficando o administrador de insolvência encarregue de fiscalizar “os actos de maior relevo”, como vender ou hipotecar um activo.
O presidente do Farense lembrou ainda que este processo está condicionado aos recursos que o clube apresentou contra a decisão inicial, nos tribunais de Évora e de Olhão, que, sendo deferidos, terminarão com a própria insolvência.
O Farense, fundado em 1910 e que disputou o principal escalão do futebol português em 23 ocasiões, conta actualmente com meia dúzia de modalidades, incluindo futebol, mas apenas nas camadas jovens, estando a gestão do futebol sénior a cargo da SAD.