O Farense deixou hoje o último lugar da I Liga portuguesa de futebol, ao vencer na receção ao Gil Vicente, por 3-1, num jogo da 13.ª jornada em que jogou a última meia hora em inferioridade numérica.
A formação algarvia, que não vencia há três jogos, adiantou-se com golos do sérvio Stojiljkovic e de Licá, aos 10 e 15 minutos, tendo a formação minhota, que não perdia há dois encontros, reduzido por intermédio do brasileiro Lourency, aos 29.
Licá foi expulso, aos 63, com cartão vermelho direto, mas, mesmo assim, o Farense ampliou a vantagem com um tento do brasileiro Fabrício, aos 84, deixando os lugares de despromoção ao ascender ao 14.º lugar, com 12 pontos, mais um do que o Gil Vicente, 12.º.
COMENTÁRIO: Bom arranque abre caminho para regresso às vitórias do Farense
O Farense somou hoje a terceira vitória no São Luís e abandonou o último lugar da I Liga de futebol, ao bater o Gil Vicente por 3-1, aproveitando o bom arranque e mesmo meia hora com 10.
No encontro da 13.ª jornada, um quarto de hora inicial em grande estilo valeu dois golos, por Stojiljkovic (10 minutos) e Licá (15), mas Lourency reduziu ainda na primeira parte (29) para os gilistas, que não aproveitaram a expulsão de Licá (63) e viram Fabrício Isidoro, com a ‘ajuda’ do guardião Denis, selar o resultado aos 84.
A equipa de Faro, que não vencia há três partidas, saltou do 18.º e último lugar para junto das equipas que seguem no 13.º, com 12 pontos, menos um do que o rival deste domingo, que partilha o 11.º posto com o Nacional.
Com várias ausências por lesão, entre as quais os titulares no eixo defensivo na derrota frente ao Portimonense (2-0), Sérgio Vieira, que tinha dois guarda-redes no banco, fez três mexidas no ‘onze’ do Farense, enquanto Ricardo Soares optou por duas mudanças depois do ‘nulo’ caseiro com o Belenenses SAD.
A equipa algarvia, a querer deixar a lanterna-vermelha, apresentou-se disposta a marcar cedo e foi isso que aconteceu à passagem do minuto 10, novamente na sequência de um lance de bola parada, registo em que os algarvios são das melhores da I Liga.
Amine, um dos regressados ao ‘onze’, assinou um livre encostado à linha lateral do lado esquerdo e o avançado Stojiljkovic, fugindo à marcação de Rúben Fernandes, cabeceou com sucesso para o seu segundo golo na competição.
Logo no minuto seguinte, Licá teve nos pés o segundo golo, evitado por um corte de Joel Pereira, mas o extremo colocou mesmo a sua marca na partida, assinando, de baliza aberta, o 2-0 aos 15 minutos, oferecido por Hugo Seco, depois de roubar a bola a um apático Rodrigão.
Com um arranque de jogo que não podia ter sido melhor e dois golos de vantagem, os algarvios diminuíram o ritmo e a pressão no meio-campo contrário, permitindo uma ligeira reação dos gilistas, embora sem criar oportunidades.
O golo dos forasteiros surgiu numa boa jogada individual de Lourency, aos 29 minutos, progredindo da esquerda para o meio e rematando, de fora da área, sem hipóteses para Defendi, embora os algarvios tenham protestado por eventual falta de Rodrigão sobre Hugo Seco no início da jogada.
Perto do intervalo, os algarvios desperdiçaram uma grande oportunidade, quando Madi Queta – que substituiu o lesionado Hugo Seco – serviu Ryan Gauld e este cruzou rasteiro, surgindo Talocha a ‘tirar o pão da boca’ a Stojiljkovic.
Após o reatamento, o Gil Vicente assumiu o controlo da partida, perante o recuo do Farense, que ainda se tornou mais notório após a expulsão de Licá, aos 63 minutos: o árbitro deu amarelo, mas, alertado pelo VAR, foi ver as imagens e castigou a entrada dura do extremo com vermelho.
Quando a pressão dos forasteiros se intensificava, com alguns sustos para a baliza de Rafael Defendi, mas sem oportunidades concretas – o guarda-redes aplicou-se apenas numa defesa para canto a remate de Baraye (74) -, os algarvios acabaram por descansar com o terceiro tento, aos 84.
Fabrício Isidoro rematou de fora da área e Denis, que podia ter feito bem mais, deixou a bola passar por cima da sua perna esquerda, para gáudio dos locais, que ainda não perderam desde o regresso ao São Luís (três vitórias e um empate).
Declarações dos treinadores
Declarações após o jogo entre Farense e Gil Vicente, da 13.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado hoje no Estádio de São Luís, em Faro, e que terminou com a vitória dos anfitriões, por 3-1:
– Sérgio Vieira (Treinador do Farense): “Muitas vezes, não é possível as duas coisas [jogar bem e vencer]. Mas vencer é aquilo que satisfaz toda a gente. Nem sempre quando se joga bem se ganha, já tivemos esse exemplo esta temporada.
Hoje definimos isso como objetivo: os jogadores entraram em jogo tentando jogar bem, ter posse, explorar os espaços vazios e criar situações de finalização. Conseguimos chegar a uma vantagem confortável de 2-0, mas algumas contrariedades começaram a aparecer, mexendo com os jogadores.
O último lugar na tabela mexe de forma indireta, não direta porque, internamente, o nosso foco é o que conta no final do campeonato. Mas há sempre uma forma indireta de pressionar os adeptos, a gestão do clube, as nossas decisões e os jogadores.
Felizmente, com esta vitória saltámos aqui quatro posições e queremos dar continuidade a isso para aumentarmos os índices de confiança e não deixarmos que esses fatores perturbadores mexam com os jogadores.
[Sem derrotas no Estádio de São Luís] O segredo não é apenas os jogos em casa. Sabemos que há uma energia extra e é um fator especial jogar na nossa casa, onde sentimos a energia dos adeptos e existe toda uma história riquíssima deixada por jogadores que contribuíram para momentos marcantes, o que alimenta a nossa motivação e capacidade de superação.
Quando jogámos no Estádio Algarve sentimos esse vazio emocional, mas já passou. Temos de agarrar-nos à nossa determinação, resiliência e princípios de jogo para levar o clube ao nível que ele merece, que é um nível muito alto no futebol português”.
– Ricardo Soares (Treinador do Gil Vicente): “Não entrámos bem no jogo. Não entrámos com os níveis de intensidade e agressividade que o jogo pedia e disso aproveitou-se o Farense.
Tivemos muita dificuldade nas bolas paradas. Sabíamos que era um dos pontos fortes do Farense, mas não fomos suficientemente fortes e, na primeira vez que houve uma bola parada, o Farense faz golo.
Depois, também cometemos alguns erros de posicionamento em posse de bola, expusemo-nos demasiado e os equilíbrios não estavam devidamente corretos, o que permitiu que o Farense saísse em transições. Isso criou-nos alguma desconfiança e, por outro lado, também deu confiança ao Farense.
Também cometemos alguns erros não forçados e, a este nível, não se podem cometer erros desse tipo. Pagámos caro, reagimos depois, fizemos o 2-1, estávamos bem no jogo e novamente sofremos um golo, repito, num erro não forçado. Mesmo com mais um [jogador], tivemos pouco critério e pouca qualidade. Devíamos ter feito mais e melhor.
Os reforços que eu gostaria de ter eram aqueles que não puderam hoje participar no jogo. Não eram assim tão poucos. Num clube como o Gil Vicente, três ou quatro jogadores é quase meia equipa e isso nota-se, não porque os outros não têm qualidade – claro que têm -, mas porque se perdem algumas rotinas”.
Ficha técnica
Jogo no Estádio de São Luís, em Faro
Farense – Gil Vicente, 3-1
Ao intervalo: 2-1
Marcadores:
1-0, Stojiljkovic, 10 minutos.
2-0, Licá, 15.
2-1, Lourency, 29.
3-1, Fabrício Isidoro, 84.
Equipas:
– Farense: Rafael Defendi, Alex Pinto, Bura, Cássio, Fábio Nunes, Amine, Fabrício Isidoro, Hugo Seco (Madi Queta, 38), Ryan Gauld (Mansilla, 82), Licá e Stojiljkovic (Patrick, 71).
(Suplentes: Hugo Marques, Ricardo Velho, Filipe Melo, Madi Queta, Mansilla, Miguel Bandarra, Patrick e Abner).
Treinador: Sérgio Vieira.
– Gil Vicente: Denis, Joel Pereira, Rodrigão, Rúben Fernandes, Talocha (Bouba, 84), Claude Gonçalves, Vítor Carvalho (Baraye, 64), Lucas Mineiro (Leandrinho, 84), Lourency, Fujimoto (Abbas, 73) e Samuel Lino.
(Suplentes: Brian Araújo, Abbas, Juan Villa, Bouba, Baraye, Leandrinho, Henrique Gomes, Mantuan e Ahmed).
Treinador: Ricardo Soares.
Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Lourency (32), Claude Gonçalves (68), Fábio Nunes (75) e Rúben Fernandes (89). Cartão vermelho direto para Licá (63).
Assistência: Jogo realizado à porta fechada devido à pandemia de covid-19.