Remco Evenepoel estreou-se a ganhar com a camisola de campeão mundial de contrarrelógio, consolidando-se como principal pretendente ao triunfo na 50.ª Volta ao Algarve em bicicleta, após uma quarta etapa em que arrasou os outros candidatos à geral.
A vitória do belga da Soudal Quick-Step nunca esteve em causa, já que, penúltimo a sair para a estrada para cumprir os 22 quilómetros do ‘crono’ em Albufeira, marcou os melhores tempos nos dois pontos intermédios, antes de cortar a meta em 27.09 minutos, conseguidos a uma ‘impossível’ média de 48,619 km/h.
“É a minha primeira vitória com a camisola arco-íris. Estava muito motivado, porque havia muitos ‘tipos’ fortes na linha de partida. Parece que tive melhores pernas do que toda a gente, por isso estou super orgulhoso do meu contrarrelógio de hoje. Estou muito feliz”, resumiu, ainda a pedalar na bicicleta estática, após somar o quarto triunfo em etapas da ‘Algarvia’ – três deles em contrarrelógios – e o 52.º da carreira.
Só o jovem norte-americano Magnus Sheffield conseguiu ‘aproximar-se’ do campeão mundial da especialidade, ficando a 16 segundos, com o ‘habitué’ Stefan Küng (Groupama-FDJ), duas vezes campeão europeu (2020 e 2021) e vencedor do ‘crono’ da passada ‘Algarvia’, a ser terceiro, a 29.
No final da quarta etapa, Evenepoel trocou a camisola arco-íris pela amarela e, na véspera do final da 50.ª edição, tem a mais direta concorrência a uma distância dificilmente recuperável (salvo colapso) na subida ao Malhão: o até hoje líder e campeão em título Daniel Martínez (BORA-hansgrohe) está a 47 segundos e é seguido por um duo da Visma-Lease a Bike, o esloveno Jan Tratnik, terceiro a 1.12 minutos, e o belga Wout van Aert, quarto a 1.18.
O inédito contrarrelógio em Albufeira era uma verdadeira gincana, com permanentes ondulações no terreno, alterações de piso, curvas, rotundas, ‘cotovelos’, um percurso verdadeiramente impróprio para não especialistas e até para os especialistas que preferem rolar sem constantes mudanças de ritmo.
Se os primeiros ‘donos’ do melhor tempo provisório não baixaram dos 31 minutos, Edward Theuns (Lidl-Trek) foi o primeiro a ‘vulgarizar’ as marcas dos ciclistas que o precederam, com 29.03. O belga seria, no entanto, prontamente destronado pelo compatriota Julien Vermote (28.56), uma clara indicação de que a Visma-Lease a Bike queria apostar forte no ‘crono’.
Entre os ciclistas que foram chegando, as maiores desilusões foram Rafael Reis (Sabgal-Anicolor), o grande especialista do pelotão nacional, que haveria de ser 59.º no final, a 2.23 minutos do vencedor, e Stefan Bissegger (EF Education-EasyPost), o campeão suíço que foi 20.º, a 1.20.
Arthur Kluckers (Tudor) ainda esteve algum tempo no ‘hot seat’, mas a sua marca foi pulverizada pelo promissor Isaac del Toro (UAE Emirates). O mexicano foi o primeiro a baixar dos 28 minutos (27.46) e ‘aguentou’ até a ‘pedalada’ de Filippo Ganna (INEOS), o campeão mundial de contrarrelógio em 2020 e 2021, que, apesar de ter feito melhor nos pontos intermédios, acabou por não confirmar essa ‘provisória’ superioridade na meta, sendo sexto no final, a 47 segundos de Evenepoel.
Outro INEOS, o norte-americano Magnus Sheffield, foi ameaçando na estrada o ‘reinado’ do último vencedor da Volta a França no Futuro, ao estabelecer as melhores marcas quer aos 7,1, quer aos 16,9 quilómetros, e acabou mesmo por destronar Del Toro, o quarto na etapa.
Nem Stefan Küng (Groupama-FDJ) conseguiu fazer melhor do que o norte-americano de 21 anos, que só perdeu mesmo para o supersónico Evenepoel. “Foi um ‘crono’ bastante impressionante por parte do Remco, penso que posso ficar satisfeito”, assumiu Sheffield, agora líder da juventude, após ter ultrapassado o português António Morgado (UAE Emirates), que é nono, a 1.39 minutos do primeiro e a cinco segundos da camisola branca.
Van Aert teve uma prestação abaixo do esperado – comprovou-se que disse a verdade quando revelou que não tinha tocado na ‘cabra’ no inverno -, sendo apenas 11.º, a um minuto do seu compatriota, mas subiu ao quarto lugar da geral.
“Temos de olhar para a classificação geral e ver o que é possível fazer”, declarou ‘WVA’, não rejeitando um ‘assalto’ ao pódio final da 50.ª Volta ao Algarve, nos 165,8 quilómetros da última etapa, que começa no domingo em Faro e termina no alto do Malhão.
Após o contrarrelógio, ficaram ‘eliminados’ da luta pela geral Tom Pidcock (INEOS), Sepp Kuss (Visma-Lease a Bike) ou Tao Geoghegan Hart (Lidl-Trek), já a cerca de dois minutos de Evenepoel.
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