Vicente Pereira saiu hoje com o estatuto de nadador mais medalhado da 10.ª edição dos Mundiais para pessoas com Síndrome de Down, competição na qual Portugal fez história ao conseguir 32 medalhas, o melhor resultado de sempre.
Em Albufeira, que acolheu o evento pela segunda vez, Portugal fez o ‘pleno’ com os 10 nadadores selecionados a conseguirem subir ao pódio, e a fazerem cair três recordes mundiais.
Vicente Pereira, de 17 anos, sai da competição com seis títulos individuais de campeão do mundo, dois de vice-campeão, cinco medalhas nas estafetas e ainda um recorde do mundo.
O nadador do Sporting contabilizou 13 subidas ao pódio, sendo campeão mundial dos 50, 100 e 200 metros livres, dos 50 e 100 mariposa e dos 100 estilos, e vice-campeão mundial dos 50 costas e 200 estilos, e somando ainda medalhas de ouro nas estafetas de 4×50, 4×100 e 4×200 livres, e de 4×50 estilos, e de bronze na estafeta mista de 4×50 livres.
André Almeida, com seis medalhas nas competições individuais, e João Vaz, com cinco, seguem-se a Vicente Pereira na lista de atletas mais medalhados na competição.
No setor feminino, com apenas duas representantes – Diana Torres e Filipa Reis -, Portugal conseguiu cinco medalhas, duas das quais em provas de estafetas mistas.
Portugal pode orgulhar-se do facto dos seus 10 representantes terem conseguido medalhas, numa competição que juntou mais de 200 nadadores, de 24 países.
Nas piscinas municipais de Albufeira, as famílias, sempre presentes, os representantes das delegações e alunos de algumas escolas da região fizeram sempre a festa, numa competição animada e cheia de música.
Fora da piscina, fica o lamento de pais e treinadores sobre a falta de apoios, e a “injustiça” destes atletas não terem uma categoria própria que lhes permita competir nos Jogos Paralímpicos.
Atualmente, os atletas com Síndrome de Down podem participar nos Jogos Paralímpicos apenas através da deficiência intelectual, mas o facto de apresentarem características fisiológicas e musculares bastante específicas praticamente impede a qualificação.
Em termos de apoios, os atletas com Síndrome de Down não são apoiados por qualquer programa estatal específico, não recebendo, por isso, qualquer bolsa para preparação ou prémios monetários pelas medalhas conquistadas.
Com um orçamento de 600.000 euros, o evento foi uma organização conjunta da Federação Portuguesa de Natação (FPN), da autarquia local e da DSISO, com o apoio da Associação de Natação do Algarve e da Associação Nacional de Desporto para Desenvolvimento Intelectual (ANDDI).