A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) propôs a classificação da Ermida de Nossa Senhora do Alto, em Faro, como monumento de interesse público e a fixação da respetiva zona especial de proteção, foi anunciado hoje em Diário da República.
Segundo o diretor-geral do Património Cultural, João Carlos dos Santos, o pedido de classificação “tem fundamento em proposta da Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura, de 12 de janeiro de 2022”.
O processo de abertura do procedimento de classificação da Ermida de Nossa Senhora do Alto data de fevereiro de 2013, em despacho assinado pela então diretora-geral do Património Cultural, Isabel Cordeiro, que hoje ocupa o cargo de secretária de Estado da Cultura.
Segundo a DGPC, trata-se de um imóvel “com uma longa diacronia, no qual persistem vestígios evidentes das diversas etapas, que teve origem numa atalaia gótica, da época medieval e do início do domínio cristão no Algarve”.
Posteriormente, foi implantada, ao nível do piso inferior, uma ermida manuelina, cuja importância está na origem de um dos principais eixos urbanos da cidade, a rua de Santo António do Alto, que partia da zona ribeirinha, passava pela mouraria e subia a nascente até terminar na ermida, situada em local elevado nos limites da cidade.
Integrada na arquitetura militar e religiosa, “obedece às ermidas estilo chão, com despojamento interior, nave única com cobertura em abóbada de lunetas, ritmada por arcos torais assentes em pilastras, sendo um vestígio da história da cidade e da região como testemunho de memória e exemplaridade, à escala nacional”, descreve a DGPC.
A ermida remonta, muito provavelmente, à segunda metade do século XV. No século XVI sofreu algumas remodelações e a parte inferior da atalaia passou a ser utilizada como capela-mor e, nos inícios do século XVIII, foi alvo de significativas alterações: construiu-se uma galilé e uma sacristia na parte sul, houve um aumento da nave que propiciou a projeção de um novo frontispício e a capela-mor foi fechada.
Em 2019, foi assinado um protocolo de cooperação entre a Câmara Municipal de Faro, proprietária da ermida, e a Direção Regional de Cultura do Algarve, de modo a dinamizar cultural e turisticamente o imóvel e o Museu Antonino, “um pequeno, mas curioso acervo dedicado a Santo António” que tinha sido instalado no espaço em 1933.
Nesse mesmo ano, foram efetuadas obras de restauro da capela, compreendendo a recuperação de fachadas, do pátio interior e da emblemática torre e miradouro, levadas a cabo por uma equipa de restauro do Museu Municipal de Faro.
A Câmara de Faro salienta, no seu ‘site’, “o espólio artístico que se encontra no seu interior, bem como a espetacular vista sobre a cidade proporcionada pela torre medieval” de que os visitantes podem usufruir.
O documento do procedimento de classificação da Ermida de Nossa Senhora do Alto estará em consulta pública durante 30 dias, estando os seus elementos relevantes disponíveis nas páginas eletrónicas da Direção-Geral do Património Cultural, Direção Regional de Cultura do Algarve e Câmara Municipal de Faro.
As observações dos interessados deverão ser apresentadas junto da Direção Regional de Cultura do Algarve, que se pronunciará num prazo de 15 dias úteis.