A programação do Teatro Nacional D. Maria II (TNDM) para 2025, anunciada esta sexta-feira, soma 15 estreias em 25 espetáculos, com nove produções próprias e 16 coproduções, num cartaz que se estende pelo país.
“A missão do teatro é nacional” e não é, “nem nunca foi, só de Lisboa”, disse à agência Lusa o diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, Pedro Penim.
A revisitação de “A Farsa de Inês Pereira”, de Gil Vicente, pelo próprio Penim, abre a programação, no Teatro Variedades, em Lisboa, a 12 de fevereiro, onde ficará durante um mês, enquanto “Quis saber quem sou”, o “concerto teatral” estreado este ano, também concebido por Penim, atravessará Portugal, no âmbito da Rede Eunice.
Este espetáculo vai partir do Teatro das Figuras, em Faro, onde fica nos dias 13 e 14 de fevereiro, para Penafiel, Guimarães, Viseu, Covilhã, Águeda e Vila Real, antes de regressar a Lisboa, desta vez ao Coliseu dos Recreios, de 24 a 26 de abril.
Em circulação pelo país também estará “Auto das Anfitriãs”, de Luís de Camões, na leitura de Pedro Baptista e Inês Vaz, depois da estreia, em março, nos Jardins do Bombarda, em Lisboa. Ao longo do ano, a peça irá a localidades como Vale de Cambra, Fafe, Gouveia, Mirandela, Pombal, Paredes de Coura, Celorico da Beira, Miranda do Corvo, Sines, Lagoa, Beja e Santarém.
Bragança, em março, acolherá “Terminal (O estado do mundo)”, uma criação da estrutura Formiga Atómica, de Miguel Fragata e Inês Barahona, levada este ano ao Festival d’Avignon, em França, depois de estreada no Festival de Almada, em julho.
Estruturas artísticas de Lagos, Ourém e Ponte de Lima protagonizam em 2025 a iniciativa “Boca Aberta”, de teatro para crianças, que decorrerá de março a dezembro, com a criação de dois novos espetáculos: “Cabe mais um?” e “Não se pode! Não se pode!”, com textos de Inês Fonseca Santos e Maria João Cruz, e encenação Catarina Requeijo.
Quanto ao Panos, “projeto onde se lê, faz e apresenta teatro de e para jovens, dos 12 aos 19 anos”, irá decorrer em Coimbra, no Convento São Francisco.
No âmbito dos 500 anos de Camões, o TNDM levará ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, no dia 03 de maio, a leitura integral d'”Os Lusíadas como nunca os ouviu”, pelo ator António Fonseca. A obra será dita “verso a verso, estrofe a estrofe, canto a canto, explicitando as reverberações” que palavras e pensamento “do autor renascentista provocam no aqui e agora”.
Em Lisboa, a programação centrar-se-á no Teatro Variedades, no Parque Mayer, e nos Jardins do Bombarda, o antigo hospital. Como o diretor artístico do TNDM disse esta sexta-feira em entrevista à Lusa, o Variedades acolherá “produções de média/grande escala”, como aconteceria na Sala Garrett, enquanto a Sala Valentim de Barros, nos Jardins do Bombarda, se aproxima do que seria levado a cena na Sala Estúdio, e que “muitas vezes aponta” para “um caminho mais experimental”.
O Variedades, entre fevereiro e outubro, receberá assim a estreia de “Reparations Baby!”, de Marco Mendonça, sobre reparações pelos crimes do colonialismo, peça que também será apesentada em Barcelos e Ílhavo; “As mulheres que celebram as Tesmofórias”, de Odete a partir de Aristófanes (uma estreia no âmbito do projeto Stages – Sustainable Theatre Alliance for a Green Environmental Shift); “O Nariz de Cleópatra, pois claro!”, de Cristina Carvalhal, a partir de texto de Augusto Abelaira; e “Homens Hediondos”, a partir de David Foster Wallace, por Patrícia Portela e Nuno Cardoso, numa produção do Teatro Nacional São João.
A Sala Estúdio Valentim de Barros abrirá em maio com “As Castro”, de Raquel Castro, seguindo-se, em junho, “King Size”, que parte da teoria de performatividade de género de Judith Butler, e “Corre, bebé!”, projeto de Ary Zara e Gaya de Medeiros, vencedor da 7.ª edição da Bolsa Amélia Rey Colaço, uma reflexão sobre conflitos de parentalidade, centrada num casal de pessoas trans.
O palco experimental da programação do TNDM em 2025 acolherá ainda o novo espectáculo do Teatro Praga, “Audição”, com que a companhia celebra os seus 30 anos em julho (no seu lugar de origem); “Luta Armada”, criação do Hotel Europa de André Amálio e Tereza Havlíčková, em setembro; “As Secretárias”, do coletivo feminista norte-americano The Five Lesbian Brothers, com encenação de Maria Inês Marques, e “Itinerário: Geologia de um regresso a casa” (título provisório), de Rogério Nuno Costa, ambos em outubro. Em dezembro será a vez de “Rito de transição”, com texto e direção de Ritó Natálio, também no âmbito do Stages.
A programação do TNDM acolherá ainda espetáculos do Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas e do Alkantara Festival, ações da BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas, e estreará um espetáculo a criar no âmbito do projeto internacional de formação teatral avançada École des Maîtres.
O edifício sede do Teatro Nacional D. Maria II, no Rossio, em Lisboa, com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência, deverá reabrir no primeiro trimestre de 2026.
A programação integral para 2025 pode ser consultada a partir desta sexta-feira no ‘site‘ do Teatro Nacional D. Maria II.
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