A curta-metragem “A Solidão dos Lagartos”, da portuguesa Inês Nunes, venceu o prémio de melhor curta-metragem na secção Nest, do Festival Internacional de San Sebastián, destinada a filmes de estudantes de cinema, anunciou esta sexta-feira a organização.
“Num ‘spa’ rodeado de montanhas de sal, os visitantes desfrutam do calor, enquanto os salineiros, a poucos metros de distância, trabalham. As crianças correm longe dos adultos e uma mulher perde-se nas salinas. Ao cair da noite, o espaço transforma-se, impulsionado pelos desejos de quem por ali passa”, pode ler-se na sinopse do filme que já esteve no Festival de Cannes deste ano.
Natural de Tavira e formada em Realização pela Escola Superior de Teatro e Cinema, em 2015, Inês Nunes recebeu uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para fazer o mestrado na Elías Querejeta Zine Eskola, em San Sebastián.
Numa entrevista publicada no ‘site’ da Gulbenkian, em junho, Inês Nunes contava que a ‘curta’ “A Solidão dos Lagartos” começou a ser desenvolvida em 2020: “Foi filmado em 2022. Começa com uma primeira ideia de fazer um filme aqui no Algarve, de onde eu sou, nas salinas. Depois acabei por estar mais presente aqui na região de Castro Marim, em específico no spa Salino Água Mãe, e adaptei a ideia inicial a este espaço”.
“O que me pareceu mais interessante é que, de certa forma, este espaço era uma espécie de microcosmos, um ponto de vista sobre a região algarvia e sobre o que é passar-se um verão aqui, a convivência entre o turismo e o trabalho, entre o lazer, as férias e outro tipo de responsabilidades”, acrescentou a cineasta, que já apresentou filmes no IndieLisboa e no Curtas de Vila do Conde.
Na secção Nest do Festival de San Sebastián, foram também distinguidos os filmes “How to listen the fountains”, de Eva Sajanova, da Eslováquia, com o prémio Mediapro Studio, que apoia a distribuição da obra escolhida, e “Life is not like that and not otherwise”, de Lenia Friedrich, da Alemanha, com o prémio Tabakalera, que consiste numa residência de três semanas a realizar em 2026, num laboratório de audiovisual.
A menção honrosa do prémio Media Pro Studio foi para “The old bull knows, or once knew”, de Milan Kumar, da Índia.
A principal secção competitiva do Festival Internacional de San Sebastián, que termina no sábado, conta com a primeira obra de André Silva Santos, intitulada “Sol Menor”, que fez a sua estreia internacional no País Basco, depois de conquistar o prémio de Melhor Filme Português no Curtas de Vila do Conde deste ano, e a primeira longa-metragem de Paula Tomás Marques, “Duas vezes João Liberada”, que fez a sua estreia mundial no festival de Berlim e já passou desde então por espaços como o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.
Na secção competitiva Zabaltegi-Tabakalera está também a coprodução portuguesa “Una Película de Miedo”, do brasileiro Sergio Oksman,
A 73.ª edição do Festival de San Sebastián teve início no passado dia 19 e conta ainda com as coproduções portuguesas “Uma Quinta Portuguesa” e “San Simón”, na secção Made in Spain.