No norte de Luzon, nas Filipinas, país descoberto pelo português Fernão de Magalhães no ano de 1521, milhares de pessoas participaram recentemente num ritual pela paz. A cerimónia, conhecida por envolver lama, folhas de bananeira seca e longas caminhadas por campos agrícolas, atrai devotos de várias regiões do país.
Origem durante a Segunda Guerra Mundial
O ritual teve origem em 1944, durante a ocupação japonesa das Filipinas. Segundo a tradição local, uma aldeia foi poupada de uma execução em massa quando uma tempestade repentina impediu a ação dos soldados. O fenómeno foi interpretado como um milagre atribuído a São João Batista, explica a Euronews.
Recriação do momento histórico
Desde então, a população local recria esse momento através de um ritual anual. Os participantes cobrem o corpo com lama, envolvem-se com folhas de bananeira secas e percorrem campos de arroz até chegarem à igreja onde o milagre é lembrado.
Ritual com apelo global
No passado dia 26 de junho, mais de 2.000 devotos reuniram-se ao amanhecer, num gesto coletivo de fé e memória. As orações oferecidas durante o ritual estendem-se atualmente a zonas de conflito, como a Ucrânia e o Médio Oriente, reforçando o simbolismo de um ritual pela paz com alcance global.
Simbolismo e fé
A lama representa humildade e sacrifício, enquanto as folhas de bananeira evocam simplicidade e ligação à natureza. O ritual reforça a importância de manter a tradição e de canalizar a fé em direção à paz e reconciliação.
Ritual envolve várias gerações
A cerimónia conta com a presença de famílias inteiras, incluindo crianças e idosos. A transmissão entre gerações reforça a ligação entre a fé e a memória coletiva da comunidade.
O percurso até à igreja não é aleatório. Passa por campos que testemunharam o episódio histórico, reforçando o enraizamento do ritual no espaço físico e cultural da aldeia.
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Interpretações religiosas
Embora centrado no catolicismo, o ritual tem elementos de religiosidade popular. A imagem de São João Batista é transportada até à igreja, onde são celebradas missas e orações em grupo, explica ainda a Euronews.
Nos últimos anos, o ritual tem atraído atenção de visitantes estrangeiros e da imprensa internacional. Muitos veem na cerimónia um exemplo de resistência cultural e de compromisso com a paz.
Preservação de uma identidade local
Para a população de Luzon, o ritual é também uma forma de preservar a sua identidade e de mostrar o valor das tradições comunitárias em tempos de globalização e mudança.
Algumas autoridades locais apoiam a realização do ritual, garantindo a logística e a segurança dos participantes. Também promovem o evento como parte do património cultural da região.
Ritual pela paz como mensagem universal
Apesar da origem localizada, a mensagem do ritual pela paz encontra eco noutras partes do mundo. A simbologia de caminhar coberto de lama em direção a um local sagrado é vista por muitos como um ato de entrega e súplica.
Tradição com significado atual
A cerimónia mantém-se relevante, especialmente num contexto internacional marcado por conflitos. A combinação de fé, história e simbolismo continua a inspirar quem procura formas de expressar um desejo comum: a paz mundial.