São cada vez mais os alunos que escolhem o mar como tema para estudar no ensino superior, com o número de inscritos nos cursos dessas áreas a registar um aumento de quase 60% em dez anos.
Da biologia marinha à náutica, na hora de escolher um curso superior os estudantes têm uma panóplia de 71 cursos técnicos, licenciaturas, mestrados e doutoramentos em áreas ligadas ao mar e são cada vez mais aqueles que seguem por aí.
No ano letivo 2020/2021, estavam inscritos nesses cursos 2.861 alunos, segundo dados oficiais que revelam um aumento de 57,9% comparativamente a 2011/2012.
O balanço feito à agência Lusa pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior engloba todos os cursos relacionados com o mar, incluindo os cursos ligados à vertente militar, náutica, tecnologias e ciências do mar, biologia, oceanografia e gestão.
A maioria dos universitários que estuda estas áreas está nas 22 licenciaturas ou mestrados integrados (1.407 inscritos em 2020/2021, mais 89,9% do que em 2011/2012), mas além dos cursos da escola náutica e da escola naval, sobram apenas 11, em que no ano letivo passado estavam inscritos 1.159 estudantes.
Na área da biologia marinha, a oferta nas universidades e politécnicos portugueses resume-se a três licenciaturas e Alexandre Lobo da Cunha coordena uma delas: Ciências do Meio Aquático, na Universidade do Porto.
“Apesar do nome, todo o programa é vocacionado essencialmente para a parte da biologia”, explicou o coordenador do curso já com 40 anos de história, referindo que há também um enfoque sobre o ambiente e a produção em meio aquático.
Além daquele curso no Porto, só a Universidade do Algarve e o Instituto Politécnico de Leiria têm licenciaturas especificamente de biologia marinha, mas Alexandre Lobo da Cunha acredita que são suficientes.
“Até porque as licenciaturas de biologia já têm unidades curriculares vocacionadas para aspetos de biologia marinha e da aquacultura, e permitem uma formação complementar nesta área do mar”, afirmou.
Em outras vertentes, há duas licenciaturas em Meteorologia, Oceanografia e Geofísica, apenas uma para Engenheira Naval e Oceânica, Gestão Marinha e Costeira, e Estudos Euro-Atlânticos, e três direcionadas sobretudo para as ciências e tecnologias do mar.
Coordenador de um desses cursos, Ricardo Nunes Salgado vê espaço para diversificar a oferta em Portugal e explicou que foi precisamente a partir dessa visão que nasceu em 2016 a licenciatura em Tecnologias do Ambiente e do Mar, do Instituto Politécnico de Setúbal, hoje com mais de 100 alunos.
“Inicialmente, tínhamos cursos de engenharia do ambiente, mas começámos a ver uma crescente importância atribuída à estratégia do mar e achámos que havia necessidade de atualizar a oferta face às necessidades do mercado”, disse, adiantando que a instituição está também a preparar um novo mestrado, sem avançar detalhes.
É precisamente ao nível dos mestrados que a oferta é mais variada: No total, são 22 cursos do 2.º ciclo em 13 instituições, com opções, por exemplo, em aquacultura, biotecnologia dos recursos marinhos, sistemas marinhos e costeiros e até direito e economia do mar.
Com sete novas ofertas desde 2016, em que algumas vieram substituir mestrados entretanto extintos, é também aqui que se regista o maior aumento percentual do número de alunos, que mais do que duplicou em dez anos, com 694 inscritos em 2020/2021, comparativamente aos 329 de 2011/2012.
No 3.º ciclo, o número total de alunos inscritos também aumentou ligeiramente na última década, de 140 para 207 estudantes no ano letivo passado, num total dos 13 doutoramentos.